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Foto Reprodução| No Dia de Gênero da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), o evento “Mulheres: vozes que guiam o futuro” reuniu na manhã desta quarta-feira (19), lideranças nacionais e internacionais para reafirmar o papel decisivo das mulheres na ação climática global. Em um auditório lotado na Blue Zone, a primeira-dama Janja Lula da Silva, enviada especial para mulheres na COP30, abriu o encontro com um chamado contundente: “Não existe política climática efetiva sem a presença, o conhecimento e a liderança das mulheres.”
A fala marcou o tom do evento, que apresentou resultados concretos de iniciativas lideradas por mulheres no Brasil e no mundo, abordou desafios estruturais e destacou caminhos para consolidar a perspectiva de gênero no centro das decisões climáticas.
Janja dividiu com o público a experiência de ter percorrido os seis biomas brasileiros — Amazônia, Caatinga, Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa — em uma série de escutas com mulheres de territórios tradicionais e comunidades vulneráveis. Agricultoras familiares, quilombolas, indígenas, ribeirinhas, pesquisadoras e gestoras relataram os impactos cotidianos da crise climática e apresentaram soluções já em curso em suas comunidades.
“Mesmo convivendo com perdas, com escassez e desigualdades, essas mulheres seguem criando soluções para proteger a vida e garantir direitos”, destacou. Para a primeira-dama, o Brasil demonstra ao mundo que gênero não pode ser um “anexo das decisões”, mas precisa estruturar toda a ação climática de forma transversal, interseccional e integrada.
“Balanço ético global”
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reforçou a importância do trabalho liderado por Janja e conectou as escutas nos biomas ao Balanço Ético Global — uma iniciativa inédita liderada pelo presidente Lula e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
Segundo Marina, essa abordagem ética busca responder questões fundamentais: “É ético comprometer-se com algo e não cumprir? Por que, mesmo com evidências científicas alarmantes, não fazemos o necessário para enfrentar a emergência climática?”
A ministra detalhou que o balanço envolveu consultas em todos os continentes, mobilizando mulheres, jovens, empresários, trabalhadores, líderes religiosos e povos indígenas. Os resultados, entregues à ONU, apontam que grande parte das soluções técnicas já existe — falta direcionar recursos financeiros, tecnológicos e humanos para combater simultaneamente pobreza, desigualdades, perda de biodiversidade e a crise climática.
Ao elogiar o trabalho das mulheres nos biomas, Marina destacou que essas experiências configuram um “balanço ético autogestionado”, que agora fará parte da plataforma global.
“A contribuição das mulheres é essencial para um novo padrão civilizatório”, afirmou. “As mulheres sabem compartilhar autoria, realização e reconhecimento. O mundo precisa desse conhecimento compartilhado.”
Mais mulheres nas decisões
A enviada especial da COP30 para a América Latina e ex-secretária-executiva da UNFCCC, Patrícia Espinosa, reforçou a urgência de colocar as mulheres no centro das decisões. Ela lembrou que, apesar de décadas de resoluções sobre gênero no regime climático internacional, mulheres ainda são sub-representadas. “Em 2019, apenas 35% das pessoas nas delegações eram mulheres. Isso não é aceitável”, disse ela.
Patrícia ressaltou que as negociações climáticas refletem as desigualdades do mundo real — desigualdades que hoje vêm sofrendo retrocessos significativos. Ela apontou a necessidade de apoio a projetos liderados por mulheres e de fortalecer iniciativas comunitárias financiadas por mecanismos como o Adaptation Fund.
“Estamos avançando, mas é preciso acelerar. O exemplo brasileiro, com a liderança de Janja e o fortalecimento institucional do tema, é inspirador”, concluiu.
“Gap de Belém”
A embaixadora Vanessa Dolce, alta representante para temas de gênero do Itamaraty, destacou que esta COP marca a transição do discurso para a implementação — o que o presidente Lula vem chamando de “COP da verdade”.
Ela defendeu que o plano de ação de gênero da UNFCCC, conhecido como Gender Action Plan, passe a ser chamado de “Gap de Belém”, simbolizando o avanço que o Brasil busca consolidar nesta conferência.
Vanessa também ressaltou que gênero não pode ficar isolado como um item de nicho nas negociações: “Enquanto o gênero ficar restrito a uma sala, a ação climática não será transformadora”, opinou.
A diplomata defendeu o aprofundamento de dados desagregados para medir desigualdades de maneira mais precisa e destacou um déficit importante: a falta de reconhecimento da contribuição de meninas e mulheres afrodescendentes no regime climático — um ponto que o Brasil está trabalhando para incluir.
Ela lembrou ainda duas declarações inéditas lançadas pelo governo:
•Declaração dos Líderes sobre Racismo Ambiental
•Declaração sobre Fome, Pobreza e Ação Climática
Ambas colocam desigualdades no centro da agenda climática — algo essencial, afirmou a diplomata.
Mulheres africanas restauram florestas
A ativista camaronense Cecile Ndjebet, referência global em silvicultura social, reforçou que os desafios enfrentados por mulheres brasileiras são semelhantes aos vividos pelas africanas: falta de acesso à terra, poucos recursos, restrições legais e ausência de confiança institucional.
Ela ressaltou que, apesar disso, as mulheres lideram os esforços de restauração e proteção florestal: “Em dois anos, mulheres restauraram 2 mil hectares de florestas e manguezais e produziram 1 milhão de mudas. Elas fazem, mas não recebem os recursos.”
Cecile fez um apelo direto aos países e financiadores internacionais para garantir acesso direto aos recursos climáticos para mulheres rurais e comunidades tradicionais, sem intermediários.
Um encontro que aponta para o futuro
O evento “Mulheres: vozes que guiam o futuro” consolidou-se como um dos momentos mais marcantes da COP30. Em meio a negociações complexas, as falas reforçaram que a saída para a crise climática passa necessariamente pela liderança feminina — nos territórios, na diplomacia, na ciência e na política.
O Brasil, anfitrião da conferência, apresentou ao mundo uma agenda que une justiça climática, igualdade de gênero e combate às desigualdades sociais e raciais. A mensagem final, ecoada por todas as lideranças presentes, foi clara: sem as mulheres, não haverá futuro possível para o planeta.
Fonte: Portal Debate e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 19/11/2025/14:29:06
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