‘Achei pilhas de corpos’, diz secretário sobre rebelião com 60 mortes no AM

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Por Adneison SeverianoDo G1 AM-Após o término da rebelião violenta no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) em Manaus, o cenário do maior massacre registrado no sistema prisional do Amazonas causou perplexidade em quem entrou no presídio. O secretário Pedro Florêncio, titular da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Amazonas (Seap), encontrou pilhas de corpos depois da rebelião que durou 17h. Mais de 60 detentos foram mortos e fugas foram registradas.

Segundo a Seap-AM, a estrutura do Compaj não sofreu depredações, com exceção de celas incendiadas. A unidade fica situada no km 8 da BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (RR).

Entretanto, o que chamou atenção de quem entrou no presídio foi sangue espalhado pelos corredores do presídio e a quantidade de corpos no local. Alguns detentos foram decapitados e outros queimados.

“O presídio em si estava normal. O que causou espanto foram os corpos amontoados em pilhas. Tive uma sensação de frustração, perplexidade e de ver até que ponto chega o ser humano, [para] matar o outro. Todos são criminosos, todos são condenados e são iguais. Eles têm as diferenças na rua, são de facções diferentes e resolvem tirar essas diferenças dentro das unidades prisionais”, revelou o secretário.

Rebelião
O motim iniciou por volta das 15h de domingo (1º) e durou mais de 17 horas. A rebelião foi considerada pelo secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, como “o maior massacre do sistema prisional” do Estado.

Até 10h desta segunda-feira (2) o número de mortos era de 60 pessoas. Os mortos são integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e presos por estupro. O número de mortos ainda pode aumentar. Um levantamento final de vítimas será divulgado após revista nas áreas externas e internas do presídio. Também houve fugas de detentos, mas o número não foi divulgado oficialmente.

O complexo penitenciário abriga 1.224 presos e fica no km 8 da BR 174, que liga Manaus a Boa Vista. A unidade prisional, que tem capacidade de abrigar 454 presos, está superlotada.

Motivos da rebelião
O secretário Sérgio Fontes afirmou que integrantes da facção Família do Norte (FDN) comandaram a rebelião, que “não havia sido planejada previamente”. “Esse foi mais um capítulo da guerra silenciosa e impiedosa do narcotráfico”, disse.

Fontes afirmou ainda que há indícios de que a rebelião teve relação com o motim no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), também ocorrido no domingo. No total, 87 presos fugiram do Ipat. Cerca de 40 detentos das duas unidades prisionais foram recapturados, segundo o secretário.

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Divulgação/Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas

Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em ManausDivulgação/Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas
Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em ManausDivulgação/Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas

O governo do Amazonas vai alugar um contêiner frigorífico para guardar os corpos dos presos assassinados durante a rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, porque o Instituto Médico Legal (IML) da capital amazonense não tem capacidade para receber todos os mortos. Segundo o secretário de Segurança Pública do estado, Sérgio Fontes, pelo menos 60 detentos foram mortos no motim que começou na tarde desse domingo (1º) e chegou ao fim esta manhã, após mais de 17 horas.
Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Divulgação/Governo do Amazonas)

Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus

O contêiner permitirá que os corpos sejam guardados em condições apropriadas até a conclusão dos exames que identificarão as vítimas e as causas das mortes.

“Vamos alugar um contêiner frigorífico e nos empenharmos para que as necrópsias possam ser feitas o mais rápido possível a fim de produzir provas para o inquérito policial que já foi instaurado”, disse Fontes durante entrevista em que confirmou que alguns dos mortos foram decapitados ou esquartejados.

Assim que a rebelião chegou ao fim e os primeiros corpos começaram a ser retirados do Compaj, parentes de presos foram ao IML em busca de informações. Os portões do instituto foram fechados para limitar o acesso a funcionários e policiais e um grande número de pessoas aguarda na rua.

O total de mortes informado pelo secretário de Segurança Pública contraria as informações preliminares da Polícia Militar (PM), que chegou a divulgar à imprensa local que pelo menos 80 presos foram mortos. Apesar da divergência entre os números, a rebelião no Compaj já é o segundo episódio mais sangrento da história do sistema prisional brasileiro, atrás apenas do Massacre do Carandiru, em 1992, em que 111 detentos foram mortos pela polícia.

Gurra de facções

Ainda de acordo com Fontes, o banho de sangue deste início de ano é resultado da rivalidade entre duas organizações criminosas que disputam o controle de atividades ilícitas na Região Amazônica: a Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Aliada ao Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, a FDN domina o tráfico de drogas e o interior das unidades prisionais do Amazonas. Desde o segundo semestre de 2015, líderes da facção criminosa amazonense vêm sendo apontados como os principais suspeitos pela morte de integrantes do PCC, grupo que surgiu em São Paulo, mas já está presente em quase todas as unidades da federação.

Por EBC /Edição: Luana Lourenço

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