AJ Vilela é denunciado pela segunda vez à Justiça por desmatamento, grilagem e trabalho escravo

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(Foto: Ação judicial do MPF) -Alojamento onde ficavam os trabalhadores em condição análoga à escravidão, em fazenda grilada por AJ Vilela.

O pecuarista de São Paulo comandava um esquema de grilagem e desmatamento na Amazônia junto com as irmãs e o cunhado. Ele foi preso em julho, durante a operação Rios Voadores
AJ Vilela é denunciado pela segunda vez à Justiça por desmatamento, grilagem e trabalho escravo
O Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA) denunciou pela segunda vez à Justiça o pecuarista Antônio José Junqueira Vilela Filho e outras dez pessoas que faziam parte do esquema criminoso de grilagem de terras, desmatamento ilegal, falsidade ideológica, frustração de direitos trabalhistas e trabalho escravo na Amazônia. A quadrilha já responde a outro processo, iniciado em agosto, por crimes de trabalho escravo praticado contra onze trabalhadores. Agora, Aj Vilela e seus associados foram denunciados pelos crimes na fazenda Triângulo/Curuá, em Altamira.

O cunhado e as duas irmãs de AJ Vilela, Ricardo Viacava, Ana Luiza Vilela Viacava e Ana Paula Junqueira Vilela eram sócios da fazenda e receberam grandes somas de dinheiro em negociações da terra grilada e com a venda de gado criado em áreas desmatadas ilegalmente. A fazenda Triângulo/Curuá havia sido embargada por desmatamento ilegal pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em 2013 e AJ Vilela dividiu a área criando uma segunda fazenda, chamada de Jatobá/Bela Vista. Essa segunda fazenda teve uma parte vendida por R$ 5 milhões e outra, dentro do perímetro embargado, colocada em nome de um laranja, Douglas Dalberto Naves, denunciado pelo MPF.

Depois de vendida, de acordo com informações da Receita Federal e do Ibama, o local foi novamente palco de desmatamentos ilegais. “Após a fiscalização da Ibama, AJ Vilela fez a cuidadosa divisão da Fazenda Triângulo/Curuá em duas partes, com o objetivo de separar a área fiscalizada da que não foi, vendendo esta última a um terceiro e transferindo a área fiscalizada a um laranja”, diz a denúncia oferecida pelo MPF. A fiscalização do Ibama voltou à fazenda em 2015 e encontrou queimadas, desmatamento ilegal e um acampamento com trabalhadores em condição análoga a escravidão.

O acampamento era feito à base de lona plástica com cobertura de palha e áreas destinadas a dormitório sem portas, resultando na ausência de proteção contra intempéries climáticas ou ataques de animais peçonhentos e selvagens. “Foi constatado ainda ausência de banheiro no local e inexistência de água potável para consumo dos empregados, que bebiam água de um poço. O alojamento não possuía condições sanitárias mínimas. Nenhum dos trabalhadores identificados estava com sua carteira de trabalho assinada”, diz a denúncia do MPF.

Antônio José Junqueira Vilela Filho, Ricardo Viacava, Ana Luiza Vilela Viacava e Ana Paula Junqueira Vilela Carneiro são acusados de comandar e movimentar o dinheiro do esquema de grilagem e venda de gado de área embargada. Rodrigo Siqueira Pereto atuava como gerente das fazendas griladas e Olívio Bertoldo Bachmann era o responsável por contratar os trabalhadores encontrados em condição análoga a da escravidão.

Narciso Lidio Pereira Mascarenhas, que comprou a área grilada da família Vilela, foi denunciado por crimes ambientais e invasão de terras públicas. Fábio Barbosa de Oliveira Lima é acusado de falsidade ideológica no esquema. Douglas Dalberto Naves e Mariano Barros de Morais funcionavam como laranjas da família Vilela e Edson Mariano da Silva era responsável por elaborar os Cadastros Ambientais Rurais fraudulentos das terras griladas.

Os denunciados são acusados por crimes de falsidade ideológica, frustração de direito trabalhista, redução à condição análoga a de escravo, crimes contra o meio ambiente e invasão de terras públicas federais. AJ Vilela, o pecuarista que dirigia o esquema responde a duas denúncias criminais resultantes da operação, teve R$ 420 milhões bloqueados e foi multado em mais de R$ 200 milhões pelo Ibama. Ele ainda teve uma segunda ordem de prisão decretada porque, durante as escutas da operação, foram encontradas provas do envolvimento dele na tentativa de homicídio de uma trabalhadora rural no interior de São Paulo, levando o Ministério Público paulista a denunciá-lo.

Íntegra da denúncia

Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação

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