Argentinos querem continuar no Brasil

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Agradecidos pela hospitalidade, eles apostam agora em um emprego no país
RIO — Na madrugada desta quarta-feira, a Apoteose já estava praticamente vazia com a saída dos argentinos após a final da Copa do Mundo. Situação um pouco diferente do Terreirão do Samba, onde pouco mais de 150 barracas e 250 pessoas ainda permaneciam arrumando as malas, ou ainda despreocupados, pensavam em como continuar no Brasil.

Para driblar o frio, os vizinhos sul-americanos se agrupavam em torno de fogueiras, onde praticavam “altinhas”, malabares e performances circenses. Durante a noite desta terça-feira, de acordo com agentes que fazem a segurança do Terreirão, pelo menos dois mil argentinos deixaram o local. A Riotur informou que eles têm até às 11h da manhã desta quarta-feira para liberar totalmente o espaço.

Por volta das 2h, um grupo de amigos argentinos de Córdoba — segunda cidade mais populosa da Argentina — jogava futebol no local enquanto esperavam uma rodada de churrasco ficar pronta na grelha improvisada no meio de tijolos. À vontade no local, eles dizem que tentarão ficar no Brasil após o Mundial, apostando em uma futura oportunidade de emprego.

— Eu e meu irmão iremos ficar no Brasil. Não queremos ir embora. Um conhecido está abrindo um bar em Florianópolis e queremos ir para lá. Sou garçom, falo inglês e acho que vai abrir muito emprego aqui com a movimentação do Mundial, e também com os preparativos para as Olimpíadas — aposta Gustavo Carceres, de 43 anos.

Irmão de Gustavo, Julian Carceres, de 39 anos, diz não estar preocupado com o fechamento do Terreirão.

— Já andamos bastante vendo apartamentos para alugar. Nossa melhor opção até o momento é uma pensão que encontramos na Lapa. Eles irão cobrar R$ 23 por pessoa para dormirmos lá. Até acharmos um local para alugar, ou irmos para Florianópolis, ficaremos lá.

Para outros argentinos, principalmente àqueles que visitam pela primeira vez o Brasil, as semanas seguintes ao mundial foram reservadas para conhecer os destinos turísticos da cidade. É o caso de Alejandro Lelieia, que pretende conhecer o Cristo e o Maracanã nesta quarta-feira.

— Foi tudo muito rápido. Com a Argentina na final, ficamos focados apenas no futebol, e não conhecemos os locais que todos falaram que não podíamos deixar de ir. Quero ir nesta quarta-feira ao Cristo, que é uma das sete maravilhas do Mundo, e tentar conhecer o interior do Maracanã. Tem muitos locais que eu gostaria de conhecer, e vou aproveitar esta semana para fazer isso, mas preciso ver apenas onde vou dormir — disse Alejandro.

malabares

Segundo Matias Menandro, que fazia malabares com bambolês, discos, fitas e argolas no Terreirão, é possível ficar um pouco mais na cidade por meio da arte de rua.

— Se eu puder, fico até as Olimpíadas. Vim de carona de Buenos Aires até aqui com o equivalente a R$ 300 reais no bolso. Tenho feito a minha arte pelas ruas de Copacabana e Ipanema e já tenho um dinheiro para ficar por pelo menos mais 10 dias. Meus colegas perguntam se o pessoal tem contribuído com a minha arte, e eu digo que os cariocas não querem que a gente vá embora, pois até agora não fiquei sem almoçar e jantar um dia — brinca ele, completando:

— Tomara que outros argentinos de carro fiquem, pois, se o meu dinheiro acabar depois que todos forem embora, não vou ter carona para voltar. Mas tudo bem, quem tem uma barraca, tem uma casa — diz Menandro.

A brincadeira com tom de rivalidade ainda divertia alguns argentinos, enquanto estressavam outros no Terreirão. Isso porque muitos carros que passavam pelo local davam uma “paradinha” para alfinetar os “hermanos”.

— Vice-campeão. Go home maricón! — gritou um dos motoristas que passava pela Rua Salvador de Sá.

— Assim como os brasileiros suportaram bem nossas brincadeiras quando sofreram uma goleada da Alemanha, temos que aturar também a perda do título. Fizemos um plebiscito de brincadeira aqui anteontem quando conversávamos sobre provocações, e decidimos revidar apenas mostrando o número sete com as mãos. Uma imagem vale mais que mil palavras — disse Mariah Bilhara, que terminava de arrumar as últimas roupas em seu motorhome para cair na estrada.

SAÍDA É TRANQUILA PARA ARGENTINOS QUE DEIXAM O RIO

Os últimos argentinos a deixar o Rio, após o fechamento da Apoteose e do Terreirão, não devem encontrar maiores problemas nas principais saídas da cidade. Nos acessos à Ponte Rio-Niterói, tais como a Avenida Presidente Vargas, Praça da Bandeira e o Túnel Rebouças, o fluxo registrado até o momento foi bom. Os motoristas encontram pistas livres na travessia, com tempo estimado em 13 minutos.

Também são boas as condições na BR-101, onde o fluxo estava apenas intenso no trecho de Manilha, devido à quantidade de veículos. Segundo a concessionária que administra a via, haverá obras de manutenção do pavimento na região de São Gonçalo. As obras demandam a restrição parcial do tráfego e serão realizadas das 10h às 14h, na altura do quilômetro 319, em Neves, na pista sentido Niterói. Nas outras Vias Expressas, como a Avenida Brasil e a Linha Vermelha, a previsão é para que a movimentação seja tranquila, como nos dias anteriores.

Na Rodovia Presidente Dutra, não há problemas em toda a extensão do trecho Rio, em direção à São Paulo. Porém, na chegada à capital paulista, o tráfego está interrompido, devido a obras na pista, na altura de Guarulhos. O desvio está sendo feito pela marginal.

Fonte: Globo.

Publicado por Folha do Progresso fone para contato  Cel. TIM: 93-81171217 e-mail para contato:folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br

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