Mercado de trabalho — Foto: Pixabay
Um levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) apontou que a maioria dos jovens de 18 a 24 anos não tem controle das finanças e costuma ceder a impulsos nas compras.
O primeiro salário como jovem aprendiz do Lucas Luciano da Silva, de 21 anos, foi a realização de um sonho… mas, também, motivo de dor de cabeça.
“Eu descobri que o meu nome estava no Serasa com 18 anos, quando eu estava entrando no mercado de trabalho. Eu era jovem aprendiz na época e eu comecei a comprar um monte de coisa com cartão porque eles me deram um limite bom. Eu falei ‘eu vou conseguir pagar’, comprei bastante parcelado e aí, nos meses seguintes, eu não consegui pagar. E aí eu vi lá que meu nome estava negativado e que isso impactava no score do meu CPF.”
Lucas conta que, um dos principais motivos do endividamento, foi a quantidade de cartão de crédito.
“Mesmo com o meu nome no Serasa, eu ainda cheguei a fazer outros cartões. Dos 18 aos 21, eu devo ter feito uns 6 cartões e em todos eu tive problema de pagamento. Quando você percebe, já está uma fatura muito maior do que seu salário e não tem muito o que fazer.”
Mas o Lucas não está sozinho. Um estudo do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que metade dos entrevistados que fazem parte da Geração Z, de 18 a 24 anos, não tem controle das finanças. Neste grupo, metade admitiu que costuma ceder a impulsos quando querem comprar algo e que perde a noção de quanto pode gastar com atividades de lazer.
A Geração Z tem tendência de se presentear quando acha que merece uma recompensa. É o que explica o professor de neurociência aplicada a negócios e comportamento humano, Alexandre Rodrigues, que afirma que a gen Z cresceu exposta ao ambiente das redes sociais, o que isso reforça o impulso de comprar como forma de prazer.
“54% desses jovens gostam de se presentear, enquanto outras gerações demonstram um comportamento um pouco mais cauteloso. Eles preferem não planejar, não ter inclusive consciência dos seus recursos, a deixar de se mimar ou se presentear. Esses impulsos são frequentemente intensificados até pelo próprio ambiente das redes sociais, onde as comparações constantes com seus pares funcionam como gatilhos emocionais impulsionando gastos não planejados.”
O levantamento do SPC mostra ainda que quatro a cada 10 jovens já tiveram o nome negativado por perda de emprego ou falta de planejamento. O público de 18 a 24 anos também representa quase metade das pessoas que tenta negociar dívidas, segundo o Serasa – entre janeiro e julho de 2025, 1 milhão e meio de jovens da geração Z negociou débitos com a empresa.
Mas como uma geração que cresceu com tanto acesso à tecnologia e informação está tão endividada? O especialista em educação financeira da Serasa, Thiago Ramos, explica que o problema começa ainda na infância, em casa.
“Não é um assunto tratado de pais para filhos ou, quando é, não com a profundidade necessária. Isso leva, muitas vezes, ao jovem ter o primeiro contato com o sistema financeiro quando ele vai abrir a conta para receber o primeiro salário. E junto com a abertura de contas, vem o cheque especial, o famoso limite, um cartão de crédito. O consumidor encara o cartão e o limite como uma extensão do salário dele. Então ele fala, para eu gastar aqui no mês, eu tenho o meu salário mais o limite da conta mais o cartão. E não é assim, porque a conta chega. Então é aí que entra a educação financeira.”
É, justamente, o caso do estudante Lucas Luciano. Ele conta que diferentes gerações da família dele lidam com inadimplência.
“Quando eu olho para minha mãe, meus irmãos, meus avós, todos eles, sem exceção, tiveram ou têm problema com o dinheiro, com cartão de crédito, com empréstimo. Eu pensei que eu não iria repetir, mas agora que eu estou tendo mais responsabilidade morando sozinho, tenho mais contas para pagar e preciso tomar algumas decisões mais difíceis, eu me vejo repetindo os mesmos erros.”
As principais formas de endividamento entre os jovens da gen Z se endividem, segundo o Serasa, são os cartões de créditos e cheque especial nos bancos – cerca de 28% dos inadimplentes deste público. Em sequência vem as instituições financeiras que também oferecem crédito, seguida do setor de serviços.
A jornalista Anna Julia Paixão, de 23 anos, conta que já teve o nome negativado, justamente, por causa de parcelas no cartão de crédito. Ela afirma que, até hoje, tem dificuldade em controlar as finanças.
“Muitas pessoas vêm de lares onde não existe educação financeira, que foi o meu caso. Eu nunca tive nenhuma aula de controle financeiro na escola, nunca aprendi nada sobre juros, sobre imposto, sobre investimento. E eu acho que se eu tivesse tido essa noção desde adolescência principalmente, que foi quando eu comecei a ganhar mesada e ter que controlar o meu próprio dinheiro, eu acho que hoje em dia o meu relacionamento com o dinheiro seria bem diferente.”
Na opinião da mestre em educação financeira Cíntia Senna, o principal erro dos jovens que estão começando a ganhar dinheiro é usar cartões de crédito.
“O que você quer com esse dinheiro, determine qual é, quanto custa esse item e comece a separar daquilo que você ganha para esta finalidade, ou seja, primeiro aprender a ter o dinheiro para depois sair consumindo. Se nesses primeiros momentos eu já tenho como hábito usar o crédito, a tendência é só piorar, porque quanto mais renda, mais crédito e mais fácil de eu me endividar e me tornar inadimplente.”
Especialistas também alertam que é fundamental fazer uma planilha mensal com todos os gastos – a ideia é colocar, na ponta do lápis, o quanto foi gasto e como o dinheiro foi usado, para se ter uma real noção das despesas. Outra dica é separar – todo mês – uma parte da renda para gastos emergenciais.
Fonte: Rayssa Cerdeira e Júlia Vianna* — Rio de Janeiro e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 23/08/2025/08:11:05
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