Avenida que corta floresta em Belém muda rotina de famílias: ‘chorei de tristeza quando vi derrubarem o açaí’

Avenida Liberdade segue em obras e passou por vistorias — Foto: Edivaldo Sodré/Agência Pará

A pouco mais de um mês para a COP30, avenida segue em obras e na mira de ação judicial. Moradores do entorno estão preocupados e reclamam da diminuição de frutos e peixes.

As máquinas trabalham no meio da floresta e abrem espaço para a Avenida Liberdade, em Belém. A via terá 13 quilômetros de extensão e promete, segundo o governo estadual, ajudar a desafogar o trânsito nos acessos à capital paraense. O projeto, no entanto, gera polêmica, é alvo de ação judicial e preocupa ambientalistas, além de moradores tradicionais da área de proteção ambiental, que tiveram suas rotinas alteradas com as obras.

“Quando eles começaram a passar a máquina, eu chorei de tanta dor, tanta tristeza, que eu via eles derrubando, sem pena o açaí, porque aqui é o nosso ganha pão”, afirma Ana Alice dos Santos, Agroextrativista.

Famílias ribeirinhas que dependem da pesca e do extrativismo afirmam que o rio da região tem recebido rejeitos e sofre com o assoreamento. A água, antes usada no dia a dia, agora aparece barrenta.

O pescador Ivanildo da Silva diz sofrer com prejuízos que obra tem causado para quem depende da pesca como fonte de renda. “O peixe sumiu. O camarão, a gente pega bem pouquinho. A água está poluída”, diz.

Com a derrubada das plantações, a agroextrativista Andreia da Costa explica como ela e a família estão fazendo para coletar açaí. “Os meus filhos estão trabalhando com os outros moradores. Meu marido está trabalhando com o que restou, muito pouco para vender”, lamenta.

Prometido para outubro e agora, para ser finalizado até o fim de 2025, o projeto foi anunciado em 2020, mas só ganhou ritmo após a confirmação de Belém como sede da COP30.

O traçado passa por uma unidade de conservação e atravessa áreas ocupadas por pelo menos 250 famílias de povos tradicionais que vivem na região. A avenida liga duas importantes vias da Grande Belém: a Alça Viária e a Avenida Perimetral, próxima à Universidade Federal do Pará (UFPA).

Derrubada de 72 hectares de floresta

Segundo a Defensoria Pública do Estado do Pará, a obra pode ter avançado sem ouvir de forma adequada as comunidades da região e, por isso, uma ação civil pública questiona a forma como a obra foi conduzida.

Cerca de 72 hectares de floresta devem ser suprimidos com a obra e, segundo o governo, as famílias impactadas serão indenizadas. A ação judicial pede uma reparação por danos socioambientais.

“Temos algumas pendências com relação à documentação para fazer esse pagamento, mas acredito que essas mudanças podem ser superadas. E com relação aos impactos indiretos às comunidades indiretamente afetadas, a gente pode reforçar o cadastramento para que haja estudos com relação a que tipo de compensação vai ser feita”, diz o procurador do Estado, João Palacius.

Já a Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) diz que a obra da Avenida Liberdade possui “licença ambiental concedida após rigoroso processo de licenciamento, com acompanhamento técnico contínuo para controle de impactos. A iniciativa foi debatida em audiências públicas com ampla participação da população e de representantes de comunidades tradicionais da região”.

Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Seinfra), as obras da Avenida Liberdade alcançaram 65% de execução e “a previsão é de que os serviços sejam concluídos no final deste semestre”.

“Nunca foi intuito nosso parar essa questão do progresso, como eles falam. Mas que seja feito de uma forma digna para todo “, afirma a estudante Emanuela Cardoso.

 

Fonte: G1 Pará e TV Liberal — Belém e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 27/09/2025/09:05:42

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