Brasil paga um dos piores salários para professores no mundo

(Foto: Reprodução) – Estudos da UNESCO e da OCDE apontam desvalorização estrutural no magistério; especialistas alertam para impactos no futuro da educação brasileira

A profissão docente enfrenta uma crise estrutural no Brasil. Segundo dados do Instituto de Estatística da UNESCO, professores brasileiros ganham, em média, 40% menos do que outros profissionais com o mesmo nível de formação — uma das maiores desigualdades salariais entre educadores no mundo.

O cenário é agravado pela sobrecarga de trabalho, abandono institucional e exposição constante ao risco, conforme aponta o relatório “Global Report on Teachers” (2024), da UNESCO. Estima-se que serão necessários 44 milhões de novos professores no mundo até o final da década para garantir o direito à educação básica.

Outro estudo da UNESCO, intitulado “Teacher Data: Challenges and Solutions Forward”, revela que em 60% dos países analisados, os professores recebem salários inferiores aos de profissionais com qualificação similar. A situação brasileira, no entanto, se destaca negativamente. “A desvalorização docente compromete o direito à educação e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU”, destaca o relatório.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também alerta para a disparidade. No relatório “Education at a Glance” (2024), a entidade afirma que o Brasil paga aos professores menos da metade da média internacional. Enquanto um docente brasileiro recebe cerca de US$ 23 mil por ano, na Suíça o valor ultrapassa os US$ 92 mil, na Alemanha chega a US$ 85 mil e nos Estados Unidos, US$ 49 mil.

A precariedade, no entanto, não se resume ao salário. Segundo dados do Crime Index, da plataforma Numbeo, professores em países como Brasil, Nigéria, Bulgária e Eslováquia enfrentam problemas como criminalidade, instabilidade social e falta de infraestrutura escolar. Em contrapartida, em nações como Noruega, os docentes atuam em contextos seguros e estáveis.

Especialistas apontam que a ausência de reconhecimento profissional tem provocado um aumento em licenças por esgotamento mental e greves por melhores condições. “A crise da educação não é um acidente, é um projeto”, já alertava o antropólogo Darcy Ribeiro nos anos 1990 — frase que, para muitos educadores, permanece atual.

Em 2012, o escritor uruguaio Eduardo Galeano também se manifestou sobre as injustiças sociais que envolvem a educação: “O mundo está dividido entre os indignos e os indignados. Ninguém pode ser neutro”.

Para o filósofo Noam Chomsky, o abandono da educação pública é parte de um plano mais amplo do neoliberalismo. Em “O lucro ou as pessoas? Neoliberalismo e ordem global”, Chomsky denuncia como a lógica de mercado enfraquece o papel do Estado e transforma direitos sociais em mercadorias. “A educação básica, nesse processo, torna-se refém da lógica gerencial e do abandono”, resume.

Estudiosos da Escola de Frankfurt também destacaram o impacto dessa lógica sobre a cultura e o pensamento. Walter Benjamin defendeu uma leitura histórica “a contrapelo”, partindo das dores e silêncios ignorados pelas narrativas oficiais. Já Herbert Marcuse alertava que “o conformismo é uma forma de domínio”, e que a precarização serve para enfraquecer o pensamento crítico.

Com salários rebaixados, escolas em situação de risco e falta de políticas públicas eficazes, o Brasil sinaliza ao mundo a baixa prioridade atribuída à educação. E neste sentido, talvez o salário de um educador diga mais sobre um país do que seus símbolos nacionais.

 

 

Fonte: Vinícius Soares – Agência Pará e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 29/04/2025/15:23:34

O formato de distribuição de notícias do Jornal Folha do Progresso pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, ou pelo canal uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Não é preciso ser assinante para receber o serviço. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Jornal Folha do Progresso, clique nos links abaixo siga nossas redes sociais:

Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida. Sugestão de pauta enviar no e-mail:folhadoprogresso.jornal@gmail.com.

Envie vídeos, fotos e sugestões de pauta para a redação do JFP (JORNAL FOLHA DO PROGRESSO) Telefones: WhatsApp (93) 98404 6835– (93) 98117 7649.
“Informação publicada é informação pública. Porém, para chegar até você, um grupo de pessoas trabalhou para isso. Seja ético. Copiou? Informe a fonte.”
Publicado por Jornal Folha do Progresso, Fone para contato 93 981177649 (Tim) WhatsApp:-93- 984046835 (Claro) -Site: www.folhadoprogresso.com.br   e-mail:folhadoprogresso.jornal@gmail.com/ou e-mail: adeciopiran.blog@gmail.com