Campanha reforça necessidade de criação de parque estadual para proteger árvores gigantes da Amazônia
Angelim Vermelho: maior árvore da Amazônia localizada na divida do Amapá e do Pará — Foto: Rafael Aleixo/Setec
Área com a 4ª maior árvore do mundo está ameaçada por garimpeiros e grileiros. Foi a 9ª unidade de conservação mais desmatada em maio.
Durante o movimento “Um Dia no Parque”, a maior ação de mobilização pelas áreas protegidas do país, realizada no último domingo (21), mais de 20 organizações lançaram uma campanha que pede pela criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes. A unidade deve ser criada na Floresta Estadual do Paru (Flota), na região oeste Pará, que abriga árvores gigantes com mais de 70 metros de altura.
É na Flota do Paru que está a maior árvores da América Latina e a quarta maior do mundo, um angelim-vermelho (Dinizia excelsa) com 88,5 metros de altura, o equivalente ao dobro do tamanho do Cristo Redentor, que tem 38 metros, com idade estimada entre 400 e 600 anos. Próximas a ela, outras árvores gigantes com quase 80 metros de altura formam um santuário de biodiversidade revelado durante expedições científicas.
Mesmo sendo uma das áreas mais ricas em biodiversidade do Brasil e apesar do difícil acesso, a Flota Paru enfrenta desafios como desmatamento e garimpo, o que põe sob ameaça as árvores gigantes.
Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), apontam que a Floresta Estadual do Paru foi a 9ª unidade de conservação da Amazônia Legal mais desmatada em maio de 2024. No acumulado de janeiro a maio deste ano, o Pará ficou em terceiro lugar no ranking de desmatamento. Além disso, o número de garimpeiros na área protegida aumentou 628 em 2009 para mais de 2 mil em 2023.
Compromissos e ações
Em setembro de 2023, o governador do Pará, Helder Barbalho, anunciou durante o Global Citizen Festival em Nova York o compromisso de expandir as áreas protegidas do Estado em 1 milhão de hectares até a COP-30. Uma das ações previstas é a transformação de parte da Flota do Paru, elevando seu status de conservação para um parque, o Parque Estadual das Árvores Gigantes.
Campanha #ProtejaAsÁrvoresGigantes
Diante dessa oportunidade única e também como forma de colaborar para a diminuição às ameaças enfrentadas pelas árvores gigantes, entidades do terceiro setor e setor privado voltaram a se unir na campanha #ProtejaAsÁrvoresGigantes, que desde 2022 vem chamando a atenção para a região. O objetivo é apoiar a criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes, garantindo a proteção do angelim-vermelho e de todo o ecossistema ao seu redor.
“A criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes é uma ação fundamental e necessária para proteger uma das áreas mais valiosas da Amazônia. Com a implementação de medidas adequadas, elaboração de plano de manejo, desenvolvimento de programas de turismo e atuação rigorosa do poder público contra os crimes ambientais na região, será possível garantir a preservação do angelim-vermelho, de outras árvores gigantes e do futuro da biodiversidade da amazônia”, afirmou Alexandre Mansur, diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos, organização que coordena a campanha.
Diversas iniciativas já apoiam a campanha, incluindo: Amigos do Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal, Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), Caiman Pantanal, Engajamundo, FSC® – Forest Stewardship Council® (Conselho de Manejo Florestal, em português), Fundação Ecológica Cristalino (FEC), GreenBond, Imazon, Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), Instituto Neo Mondo, Justice and Conservation Observatory (OJC), Onçafari, Operação Primatas, Rede Pró-Unidades de Conservação (Rede Pró UC), Saúde e Alegria, Seja Legal com a Amazônia, World Heritage Watch e o Canal Zoomundo.
Por que transformar parte da área para um Parque?
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação do Brasil possui 12 categorias de proteção, divididas entre Uso Sustentável e Proteção Integral. As Florestas Estaduais estão no primeiro grupo, permitindo o uso de recursos naturais e a retirada de madeira sob regras de manejo.
“A categoria parque, que faz parte das Unidades de Conservação de Proteção Integral, permite o uso indireto dos recursos, sendo o turismo de natureza uma das principais atividades econômicas. Elevar parte da Floresta Estadual do Paru à categoria parque dará maior proteção à região e ao angelim-vermelho, além de benefícios econômicos para as comunidades locais. Por isso, #EuApoioACriaçãoDoParqueEstadualDasArvoresGigantes”, explicou Angela Kuczach, diretora executiva da Rede Pró UC e idealizadora do Um Dia No Parque.
Para Angela, o lançamento da campanha em apoio à criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes junto com o Um Dia No Parque 2024 é um posicionamento claro em defesa da conservação da biodiversidade tendo o turismo como um mecanismo forte de desenvolvimento econômico e social, que dá oportunidade a todos: visitantes de conhecerem esse patrimônio mundial, que são as árvores gigantes, comunidades locais de terem emprego e renda gerados a partir da criação e implementação de um Parque, e a sociedade brasileira, que passa a conhecer e se orgulhar desse tesouro.
Fonte: g1 e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 24/07/2024/14:18:47
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