Câncer de próstata é o mais recorrente no Pará em 2020

O câncer de próstata pode ser descoberto precocemente. Mortes podem ser evitadas. (Foto:Divulgação)

Este ano, 104 casos já foram confirmados no estado. Doença matou 374 pessoas em 2019.

O vendedor de coco Reinaldo Vasconcelos tem 47 anos de idade e nunca fez exame de próstata. Ele sabe que essa prevenção é importante, mas o trabalho cansativo o impede de fazer essa consulta. “Eu sei que tem que fazer. A gente trabalha o dia todo, o tempo vai passando e a gente acaba adiando”, contou ele, que reside no bairro de Águas Lindas, em Ananindeua.

Entre os tipos de óbitos por câncer, o de estômago tem sido o mais letal nos homens com residência no Pará. Só em 2019, causou a morte de 416 pessoas do sexo masculino, seguido pelo de próstata, responsável por 374 óbitos. A informações foram divulgadas pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Mas, em número de casos, segundo o DataSUS, em 2020 o câncer de próstata é o mais recorrente: 104 confirmados entre 1º de janeiro e 30 de setembro deste ano, seguido por 85 novos pacientes de câncer de estômago no mesmo período.

A tendência foi a mesma em 2019, finalizado com 378 casos de câncer de próstata e 200 de estômago. A Sespa destaca que a campanha “Novembro Azul” marca o mês de conscientização sobre a prevenção e a promoção dos cuidados integrais com a saúde do homem, visando reverter estatísticas que apontam a indiferença masculina em relação à prevenção de doenças e, ao mesmo tempo, a mortalidade por agravos que poderiam ser evitados.

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 O vendedor de coco Reinaldo Vasconcelos tem 47 anos de idade e nunca fez exame de próstata (Akira Onuma/O Liberal)
O vendedor Reinaldo disse que reveza na venda de coco com outra pessoa. Na prática, trabalha um dia e folga o outro. Mas, quando trabalha, começa às 6 da manhã e vai até 9 da noite. Ele acorda às 4h30 da madrugada. E, de ônibus, vai até seu local de trabalho, na travessa Perebebuí, perto do Bosque Rodrigues Alves, no bairro do Marco. Ele vende cocos há 20 anos. “Nunca fiz (esse exame). Ainda não me interessei. Na folga, fico descansando”, contou.

Em sua fase inicial, câncer de próstata não causa sintomas, diz urologista

O médico urologista Maurício Massulo, titular da Sociedade Brasileira de Urologia, diz que os exames de próstata não são competitivos. Eles se complementam. “O exame físico, que é o toque retal, complementa o exame de laboratório, que se chama PSA. Um exemplo: o paciente tem um PSA no valor limítrofe da normalidade. Mas, se eu faço o toque, e tem um caroço, um nódulo, a conduta é uma. Se ele não tem caroço, mesmo com o PSA limítrofe, a conduta é outra”, afirmou.

Segundo ele, o homem que não quer fazer toque retal não passa nem na porta do consultório do urologista. “A gente acha que os homens só estão querendo fugir de exame físico. Mas acontece uma realidade: muitos pacientes, devido a essas campanhas de conscientização, chegam e falam: ‘olha, dr., eu passava com outro colega seu, e ele dizia que não era necessário fazer o toque. Eu vim aqui para o senhor fazer’. Acontece isso muito. Acontece de ele saber que é importante fazer o toque e chega pedindo para fazer o toque. Isso acontece com muita frequência”, acrescentou.

Maurício Massulo falou da importância de se fazer o exame da próstata – o toque, o PSA. “O câncer de próstata, em sua fase inicial, não causa sintoma nada de sintoma. E é justamente nessa fase que a gente consegue fazer o tratamento curativo. A pessoa ficar curada. Como vou dar o diagnóstico em uma doença que não causa sintoma? Só se eu estiver investigando por essa doença. Em Urologia, a gente não faz um preventivo de câncer de próstata.

A gente não consegue prevenir o câncer. A gente faz uma detecção precoce. Um rastreamento. Na fase inicial, o câncer não causa nenhum tipo de sintoma”, afirmou. Ele explicou que, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, todos os homens com 50 anos de idade devem fazer o exame. Quem tem histórico na família, a partir de 45 anos (toque e PSA). “Se der alguma coisa alterada, a gente vai fazer a biópsia, que é quem dá o diagnóstico”, afirmou.

Campanha

Orientada a partir da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, do Ministério da Saúde, a campanha deste ano, realizada pela Sespa, aborda, em webconferências, as consequências da pandemia de covid-19 na população masculina, aponta alternativas para a manutenção da saúde física e mental e resguarda as medidas preventivas recomendadas pelos órgãos de saúde. Nesse contexto, a mobilização também recomenda aos municípios que reforcem as ações em favor da diminuição de doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes, e outras mais graves, aqui incluídas as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), a exemplo do HIV/Aids, sífilis e hepatites, e os cânceres de próstata e de estômago – os mais recorrentes entre os homens.

Pelas estatísticas do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), que reúne dados inseridos por todos os municípios brasileiros, entre 1º de janeiro e 30 de agosto deste ano foram registradas 72.232 internações masculinas no Pará – pessoas maiores de 20 anos. As principais causas foram externas (17.353), como esfaqueamentos, traumatismos e envenenamentos; seguidas por doenças infecciosas e parasitárias (15.247); doenças do aparelho digestivo (8.459); doenças do aparelho respiratório (7.675) e do aparelho circulatório (6.582).

Em 2020, a Coordenação Estadual de Saúde do Homem decidiu abordar a saúde masculina dentro do contexto da pandemia, na qual houve maior número de mortes entre os homens.

“É uma realidade com a qual ainda estamos aprendendo a lidar, uma vez que o Sars-CoV-2 produz efeitos que ainda não são totalmente conhecidos.

Por tudo isso, a edição de 2020 do Novembro Azul precisa ser diferenciada, pois trabalharemos para levar informações de como o homem deve se alimentar para ter um organismo mais resistente ao vírus, o que pode fazer para manter sua saúde mental e poder tocar sua vida. Nossa agenda está dividida em lives semanais, com informações que serão divulgadas pelas redes sociais e nos serviços de saúde em espaços com grande concentração masculina”, diz o coordenador de Saúde do Homem da Sespa, Diego Cutrim.

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