Cineastas mirins: jovens transformam suas histórias em filmes e estreiam em sessão a céu aberto no interior do Pará
Garotas de São Félix do Xingu assinam seu primeiro filme: roteiro, filmagem e atuação como exercício de cidadania — Foto: Cultura na Praça
Adolescentes de São Félix do Xingu estreiam neste sábado, 23, seu primeiro filme. “Bà Kan Pry – A trilha” traz título na língua Kayapó, e será exibido em praça público para a própria comunidade
Entre câmeras, roteiros e ideias compartilhadas, jovens do interior Pará descobriram que também é possível aprender fora da escola — dessa vez, trocando a sala de aula por um set de filmagem. Adolescentes entre 13 e 19 anos participaram das oficinas de audiovisual do projeto Cultura da Praça e decidiram contar a própria história. O resultado dessa experiência ganha as telas neste sábado (23), em São Félix do Xingu, na exibição gratuita do curta-metragem “Bà Kan Pry – A trilha”.
O nome da obra está em Kayapó, uma das principais línguas originárias da Amazônia. Isabella Medeiros, uma das crianças da equipe que criou o filme, conta que essa foi uma escolha poética e identitária que se deu no encontro da turma da oficina.
“A gente teve essa ideia porque no nosso grupo tinha uma garota muito especial: a Irê, que é indígena. Então pensamos: ‘Que tal ela falar em Kayapó, a língua nativa dela?’. A gente se reuniu e tentou dar um jeito de incluí-la no filme. Tem uma cena superlegal dela falando, com legenda embaixo. Achei lindo e importante. Foi uma troca muito especial.”
Isabella conta que a ideia do roteiro surgiu da amizade entre as meninas e de um desejo em comum: prender a atenção do público com uma narrativa envolvente. O curta, que mistura suspense, ancestralidade e afeto, retrata o desafio de três amigas perdidas na floresta após um misterioso convite para uma trilha.
“Queríamos que fosse um filme que deixasse as pessoas obcecadas, bem concentradas. Vai ter suspense, vai ter traição, mas também tem muita união. Acho que o público vai se surpreender”, diz Isabella, animada com a estreia.
Para a jovem Rivika Pacheco, que também participa do curta, a vivência com o audiovisual foi transformadora. “No começo eu estava nervosa, era tudo novo. Mas depois fui me acostumando e aproveitando cada momento. Aprendi que cinema não é só ligar a câmera e gravar — tem roteiro, figurino, som, luz. E o mais legal foi trabalhar em equipe. Isso me ensinou muito.”
Ela conta que as oficinas foram práticas e dinâmicas, com momentos divertidos e também emocionantes.
“Cada aula me deixava mais preparada. Foi uma das melhores experiências da minha vida. Se qualquer pessoa tiver a chance de participar, eu digo: vá! É muito lindo de se ver e ainda melhor fazer parte disso.”
O contato com a sétima arte também foi transformara para Isabella. “Eu me apaixonei tanto por cinema. Agora sonho em ser diretora de filme e atriz quando crescer”.
Faltam cinemas no Norte
Essa experiência ganha ainda mais relevância quando se olha para a realidade da região Norte do Brasil, onde o acesso à cultura é algo desafiador. Segundo o IBGE, mais de 80% dos municípios da região não possuem salas de cinema, o que obriga jovens e famílias a percorrerem longas distâncias para acessar esses espaços. É esse cenário de desigualdade cultural que o Cultura na Praça se dedica a mudar, levando oficinas, formação audiovisual e exibição de filmes diretamente para cidades e comunidades afastadas dos grandes centros.
Criado em 2017, o projeto já formou mais de 200 jovens em oficinas de cinema no Pará e Maranhão, valorizando a voz, a identidade e a criatividade de quem raramente encontra representação cultural em telas e palcos.
“Esses filmes são como espelhos: devolvem às comunidades uma imagem que muitas vezes não encontram em lugar nenhum e mostram o quanto os jovens querem contar suas histórias com profundidade e afeto”, diz Cris Azzi, coordenador do projeto.
Após a sessão em São Félix do Xingu, o Cultura na Praça segue para os municípios de Igarapé do Meio e Bacabeira, no Maranhão. Os curtas produzidos seguem disponíveis na plataforma do projeto.
Ao final de cada sessão, os participantes recebem o Troféu Tatajuba, como forma de reconhecimento simbólico pelo envolvimento no processo criativo — e pela potência de transformar arte em ferramenta de expressão, cidadania e futuro.
“Temos a impressão de que estamos só começando. O brilho nos olhos dessa juventude é o que nos move”, diz Cris Azzi.
Serviço:
Cultura na Praça – São Félix do Xingu, dia 23 de agosto, na Praça Central da cidade, a partir das 19h. Entrada gratuita. A programação conta com acessibilidade com Libras, legendas e audiodescrição.
Fonte: G1 Pará — Belém e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 22/08/2025/14:55:29
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