Comercialização de carne na Amazônia ganha reforço

image_pdfimage_print

A Abiec tem 29 entidades associadas que respondem por 95% das exportações de carne e por 73% do abate sob inspeção federal

A carne brasileira, principalmente a produzida na Amazônia, tem desde ontem, um importante reforço para aumentar sua aceitação no mercado internacional. O Ministério Público Federal (MPF) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadora de Carnes (Abiec) assinaram um acordo de cooperação técnica pela pecuária sustentável, com o objetivo de evitar a compra de carne bovina de áreas desmatadas da Amazônia ou de empresas e produtores que tenham invadido terras públicas ou que façam uso do trabalho escravo.

Segundo o procurador da República no Pará, Daniel Cézar Azevedo Avelino, coordenador do Grupo de Trabalho Amazônia Legal, a iniciativa, que teve início em 2009 no Estadop, já apresenta resultados positivos.”Em 2009, a extensão da área desmatada por ano na Amazônia era de 12 mil quilômetros quadrados. Em 2013, foi reduzida para pouco mais de 5 mil quilômetros quadrados. E o Pará foi quem mais contribuiu com essa redução, mais de 40%. A gente saiu neste período de 4 mil e poucos quilômetros quadrados para 1,8 mil. No último ano, inclusive, a redução passou de 50%. É um resultado significativo. Então, o Pará tem ajudado a Amazônia a reduzir o desmatamento a níveis históricos e isso precisa ser imputado ao produtor rural que vem fazendo a sua parte e que merece receber o reconhecimento e a valorização por parte do mercado”, destacou.

Para o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, a possibilidade de novos negócios pode ser ampliada com essa iniciativa. As exportações do setor, em 2013, foram de US$ 6,6 bilhões. A expectativa, disse, é fechar 2014 nos US$ 8 bilhões. “Tivemos, no passado, problemas com grandes empresas, que deixaram de comprar nossos produtos por conta desses impasses na produção. Empresas do exterior já haviam sinalizado que deixariam de adquirir os produtos brasileiros [provenientes de áreas desmatadas]. Este acordo é um marco para a entidade (MPF), para o setor e para o País”, assinalou Camardelli.

A Abiec tem 29 entidades associadas que respondem por 95% das exportações de carne e por 73% do abate sob inspeção federal. “Tivemos [nas discussões para formatação do acordo] oportunidade de desenvolver o conceito e a visão comercial de que é possível fazer tudo sem ultrapassar os limites, tanto do governo como do setor empresarial. E vamos estimular o setor a se agregar visando à participação de todos na cadeia, facilitando [cada vez mais] a regularização dos produtores”, acrescentou.

Segundo Camardelli, a Abiec se compromete a criar centros de atendimento e informações para ajudar produtores a se regularizar e aderir aos pontos previstos no acordo. Para tanto, montará escritórios em municípios estratégicos onde sejam identificadas dificuldades para se inserirem nesse processo. “Isso será feito com a contribuição dos sindicatos e de ONGs [organizações não governamentais]”, disse ele, reforçando em seguida a importância do Pará nesse processo de reformulação e a abertura de diálogo com os produtores do Estado que reivindicam um acordo diferenciado.

“Parabéns ao Pará, porque o Estado foi o primeiro a passar por este processo de reorientação. Hoje a gente verifica uma evolução crescente e positiva em cima da condição do marketing do Estado. O Pará foi onde teve o primeiro Município Verde, que passou a ser modelo. Em cima disso tudo, qualquer tipo de diferenciação ou de estudo sobre processo, vai ser possível, a partir da instalação desse nosso poupa-tempo, onde nós vamos avaliar as condições e as características de cada possível fornecedor de matéria-prima que esteja em situação irregular, em qualquer área do governo. Então, o nosso poupa-tempo lá no Pará vai criar exatamente essa condição de discutir de perto quais são as necessidades de cada um. E não tenha dúvida, o Pará passa a ser hoje um Estado, por esse link com a sustentabilidade, um grande fomentador de um diferencial para o futuro”, disse.

O posicionamento do presidente da Abiec é em resposta a carta encaminhada a Procuradoria Geral da República, pela Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), que questionou o foco direcionado do acordo aos produtores da Amazônia, que ignorou a realidade histórica e as circunstâncias em que foram implantadas as políticas públicas voltadas ao desenvolvimento regional.

“O processo de ocupação da Amazônia, proposto pelo Governo Federal, nos anos 60/70, incentivou os projetos agropecuários, estabelecendo a exigência de desmatamento de pelo menos 50% da área pretendida para a concessão dos títulos de terra. Esse impacto foi bem mais sensível no Pará, onde se fixou a expressiva maioria dos que atenderam aos apelos institucionais para a ocupação racional do setentrião brasileiro e se tornou o responsável por grande parte dos 24% das áreas antropizadas em nosso território. Na prática, quase todas as propriedades rurais paraenses estão enquadradas nessa legislação que impunha exatamente essa condição de desmatamento, como premissa para a política de desenvolvimento. Então, é necessário que fique bem claro que qualquer tipo de norma que pretenda regulamentar ou fiscalizar a produção e comercialização de produtos agropecuários oriundos da Região Amazônica, terá que explicitar que as barreiras que vierem a ser criadas estarão cingidas apenas às áreas irregulares por desmatar ilegalmente ou fora dos preceitos legais, em todo o território nacional”, diz o documento.

Sobre essa reivindicação, o procurador Daniel Avelino também reiterou a necessidade de se abrir um canal de diálogo. “O comunicado da Faepa só chegou ao conhecimento do Ministério Público Federal ontem (quarta-feira). A gente pode analisar com detalhes esse documento, discutir mais uma vez com a Faepa, que já é signatária de vários acordos com o Ministério Público Federal e com o governo do Estado, e aperfeiçoar todas questões sem problema nenhum. A Faepa é um parceiro muito importante no Estado como um todo e tem ajudado muito nesse processo.”

Fonte: ORMNews.

Publicado por Folha do Progresso fone para contato  Tel. 3528-1839 Cel. TIM: 93-81171217 e-mail para contato:folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br

%d blogueiros gostam disto: