Comércio entre Pará e Oriente Médio pode ser afetado por tensão EUA x Irã

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Soja é o principal produto paraense exportado ao Irã (Foto:REUTERS / Stringer)

No ano passado, o Estado exportou U$ 11,7 milhões para o Irã apenas de soja e milho, diz a Fiepa

O conflito entre Estados Unidos, Irã e Iraque, que ficou ainda mais intenso após o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani em um bombardeio americano a Bagdá, no dia 3 deste mês, deve atrapalhar as relações comerciais do Pará com o Oriente Médio, além de provocar o aumento do preço da gasolina em todo o país. É o que afirmam especialistas em relações internacionais e, no caso específico da gasolina, o Sindicombustíveis do Pará, entidade representativa do comércio varejista de derivados de petróleo e gás natural.

A balança comercial do Pará, de acordo com o Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), registra que a soja foi o principal produto exportado pelo Estado para o Irã, em 2018 e 2019, representando U$ 7,4 milhões em negócios no último ano. Milho em grão foi o segundo item mais comprado, resultando na arrecadação U$ 4,3 milhões. Ao todo, foram U$ 11,7 milhões arrecadados pelo Pará em comércio com o Irã, o que coloca o Estado na posição de número 13 na relação dos Estados brasileiros com o país do Oriente Médio.

A coordenadora do CIN, Cassandra Lobato, afirma que as relações comerciais com o Irã, no caso do Pará, são pontuais, o que faz dele um parceiro sem tanta relevância quanto os países da Ásia e União Europeia. “Apesar de afirmarmos que é importante o comércio com todos os países, para diversificar nossas relações e produção, o Oriente Médio é responsável por apenas 3,59% de toda a nossa balança comercial em 2019. A Ásia, por exemplo, é responsável por 68% e a União Europeia, 16%. Isso ocorre porque as duas regiões são compradoras do nosso principal produto, o minério, o que não é o caso do Oriente Médio. Países como Irã compram produtos da agropecuária”, diferencia. No ano passado, os Emirados Árabes ficaram em sexto lugar no ranking dos países compradores de carne bovina, segundo levantamento da Aliança Paraense pela Carne.

LUCRO

O doutor em Relações Internacionais e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Mário Tito, afirma que a guerra suposta, ainda que não declarada entre EUA e Irã, afetará o lucro em exportações do Pará para o Oriente Médio. “Estamos em um tempo de hiperglobalização, o que significa que não existe mais nenhuma relação comercial que não esteja conectada mundialmente, portanto a diferença entre mercado externo e mercado também foi dissolvida. Logo, o Pará será sim afetado, só não sabemos ainda qual será a proporção”, assegura o professor.

De acordo com ele, uma guerra estabelece um cenário de constante tensão, o que deve fazer com que o transporte e a compra de determinados produtos na região do conflito seja comprometida. “Apesar de estarmos na era das tecnologias da informação, é sempre no plano físico que ocorre o comércio. Isso significa que se o preço do petróleo subir o frete para o transporte também ficará mais caro, o que comprometerá toda a cadeia”, explica.

Relações internacionais

Para Félix Ibarra Prieto, doutor em Relações Internacionais e professor da Universidade da Amazônia (Unama), o aumento do preço dos combustíveis é também a consequência mais importante do conflito para o Pará. “Um terço da produção de petróleo do mundo vem dessa região, mais especificamente do Estreito de Ormuz, que tem o Irã na costa norte e os Emirados Árabes na costa sul. Ainda que as relações entre EUA e Irã sempre tenham sido conflituosas, agora elas podem atingir ainda mais os outros países. O preço dos combustíveis deve aumentar, portanto, pois há inclusive a ameaça de que campos de petróleo sejam atacados”, afirma.

O advogado do Sindicombustíveis/PA, Pietro Maneschy Gasparetto, diz que a nova política de preços dos combustíveis adotada pela Petrobras prevê que o preço do combustível irá variar livremente conforme a oscilação do preço do barril do petróleo no mercado internacional, bem como do dólar. “Desta forma, como o conflito possivelmente impactará no preço do petróleo no mercado internacional, é provável que exista sim reflexo no preço dos combustíveis no Brasil como um todo”, corrobora.

“É impossível, no entanto, supor qual será a variação. A variação depende do preço do combustível puro na refinaria, bem como do preço cobrado pelas distribuidoras para aquisição pelos postos. O preço divulgado pela Petrobras diz respeito ao preço do combustível puro, sem a inclusão dos tributos e do impacto da mistura dos biocombustíveis. Sobre este valor também incidem diversos outros custos, como as margens de lucro das distribuidoras, frete e impostos. O preço final, ao consumidor, dependerá também do valor cobrado pelas distribuidoras”, completa o advogado.

Por:Abílio Dantas

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