Condutor da tocha conta que é xingado por foto ao lado de onça que foi morta

image_pdfimage_print

(…) Depoimento a MARCEL MERGUIZO PAULO ROBERTO CONDE DE SÃO PAULO

Fui convidado para participar do revezamento da tocha por realizar um trabalho social com crianças deficientes. Sem cobrar nada, já ajudei mais de 500.
Cheguei ao Cigs [Centro de Instrução de Guerra na Selva, onde conduziu a chama] e estava tudo pronto. Esperei para receber a tocha em frente à onça. O animal estava muito tranquilo.
Eles [do Exército] criam as onças desde pequenas e estão sofrendo demais por terem executado uma.
É uma fatalidade para todos. Pena estarem fazendo um sensacionalismo terrível, sem levar em conta todos os lados. Eu mesmo recebi diversos xingamentos. Nas redes sociais, as pessoas colocam “lixo de tocha” ou uma imagem da onça morta com a tocha e minha foto associada.
Fiquei três dias com pessoas me marcando nas fotos, me chamando de idiota, imbecil. Minha imagem rodou o mundo, saiu até mesmo no “The New York Times”.
Sem título
Os animais são muito bem tratados [no Cigs] e estavam extremamente calmos. A comitiva já tinha ido embora e, quando os militares foram devolver as onças às jaulas, uma delas fugiu. O pessoal quer saber se é Simba, se é Juma. Impossível, mas as pessoas querem esfaquear alguém. É uma grande irresponsabilidade.
Não ia ficar respondendo todo mundo que me insultou em rede social porque não quero ter um infarto. Não vou fazer isso. Até explicar para todos que trabalho com botos e pessoas deficientes…
Hoje [quinta, 23], estou um pouco melhor. Mas fiquei mal. Chorei pra c… Justamente com medo de ninguém mais patrocinar a bototerapia por uma fatalidade. Julgamento rápido, sabe?
Eu tenho licença do Ibama para atuar na área de reintrodução e soltura de animais. Sou reconhecido pelo trabalho que faço com botos.
As pessoas concentraram a raiva toda nisso. Como minha figura estava associada [à onça], tomei paulada demais. Estou muito assustado.
O disparo contra a onça aconteceu quando não havia mais ninguém lá. Não vou tacar pedras no Exército. Eles amam aqueles animais e os exibem em todos os lugares.
A intenção era fazer um chamado de atenção para a sociedade olhar mais para os animais silvestres. Mas os pessoal destila muito sangue. É da cultura da Amazônia mostrar as onças.
Elas são pegas na natureza porque há tráfico. Não há como devolvê-las para a natureza e é muito caro mantê-las. Se forem avacalhar o Exército, não haverá nem onde colocar as onças.
É sensacionalismo colocar os militares como maiores culpados, isso não é verdade.
O militares estavam fazendo a parte deles e, infelizmente, a onça resolveu fugir. Nesta hora, é preciso cumprir o protocolo.
Se ela tenta atacar alguém, tenta-se tranquilizá-la com dardo, mas como o dardo demora para fazer efeito, infelizmente é preciso salvar a vida da pessoa.
Todo mundo está com ódio da corrupção generalizada e desconta em coisas assim.

Naquele mesmo dia, mais tarde, um [barco] flutuante fez a tocha passar lá com os botos, para chamar a atenção. Esses animais estão sendo mortos. E as pessoas criticam, não entendo.
Uma vez por mês atendo crianças deficientes. Levo-as no flutuante para que façam fisioterapia com os golfinhos.
Que [esses eventos] sirvam para ajudar esses animais.
O problema das onças no Amazonas é muito extenso. O pessoal mata as onças, é complicado, não podemos enfraquecer o Exército por uma fatalidade. Acontece. Eles estão arrasados.

Sem título

Por UOL

Publicado por Jornal Folha do Progresso, Fone para contato 93 981177649 (Tim) WhatsApp:-93- 984046835 (Claro)   E-mail:folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br

%d blogueiros gostam disto: