Conselheira tutelar faz relato sobre jovem que morreu ao entrar em jaula de leoa em zoo na Paraíba; ele tinha esquizofrenia
Foto: Reprodução | Verônica Oliveira acompanhou Gerson de Melo Machado até ele completar a maioridade. A conselheira relata uma história de vulnerabilidade e problemas psiquiátricos. Caso aconteceu em João Pessoa.
Gerson de Melo Machado, de 19 anos, que morreu no domingo (30) depois de invadir o espaço de uma leoa no zoológico do Parque Arruda Câmara, conhecido como Bica, em João Pessoa, tinha esquizofrenia diagnosticada tardiamente e não recebeu acolhimento adequado após completar a maioridade, segundo a conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhava o caso dele desde os 10 anos.
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Ela divulgou um relato em suas redes sociais, detalhando a vida do rapaz marcada por abandono, violações e sofrimento.
“Gerson, meu menino sem juízo… Quantas vezes, na sala do Conselho Tutelar, você dizia que ia pegar um avião para ir a um safári na África cuidar de leões. Você ainda tentou. E eu agradeci a Deus quando o aeroporto me avisou que você tinha cortado a cerca e entrado no trem de pouso de um avião da Gol. Graças a Deus, observaram pelas câmeras que havia um adolescente ali antes que uma tragédia acontecesse.
Foram oito anos acompanhando você, lutando, brigando para garantir seus direitos. Quando entrou na minha sala pela primeira vez, tinha apenas 10 anos. Eu e a conselheira Patrícia Falcão recebemos você das mãos da PRF, encontrado sozinho na BR. Desde então, toda a Rede de Proteção me procurava sempre que algo acontecia com você.
Eu nunca consegui ver você como as redes sociais te pintavam. Eu conheci a criança que foi destituída do poder familiar da mãe, impedido de ser adotado como os outros quatro irmãos. Você só queria voltar a ser filho da sua mãe, que é esquizofrênica e não tinha condições de cuidado. Sua avó, também com transtornos mentais. Mas a sociedade, sem conhecer sua história, preferiu te jogar na jaula dos leões.”
Verônica afirma que a ausência de albergues na cidade contribuiu para a vulnerabilidade do rapaz. “Um albergue é o grande sonho do movimento [antimanicomial]. Já existem albergues assim em outros lugares do Brasil, onde se trabalha a autonomia e o acolhimento. Lá eles têm mais autonomia, têm um acompanhamento mais de perto. Não foi o caso de Gerson. Depois que ele fez 18 anos, ele foi entregue à própria sorte. Saiu do acolhimento institucional e entrou no sistema prisional”, disse.
A conselheira explicou que, em João Pessoa, não há estrutura para acolher jovens com transtornos mentais após os 18 anos. “Essas crianças e adolescentes vivem dentro do acolhimento institucional. Quando fazem 18 anos, ou, em casos excepcionais, aos 21, eles precisam sair”, afirmou.
O laudo confirmando esquizofrenia só foi emitido depois que Gerson entrou no sistema socioeducativo. “A gente já sabia que era esquizofrenia, porque ele ouvia vozes. Só quando ele entrou no sistema socioeducativo que o laudo apareceu, mas aí já era tarde demais”, completou.
Verônica Oliveira lembrou que Gerson tinha um fascínio por leões e desejava visitar um safári na África.
A conselheira descreveu Gerson de Melo como alguém apaixonado por animais. “Ele tinha um fascínio pelos animais. Certa vez, eu falei: ‘Gerson, olha, eu vou precisar acolher você. Você vem às 2 horas’. E ele obedecia. Quando Gerson chegou aqui, trouxe um cachorro: ‘só vou se eu levar o cachorro’, ele disse”.
Verônica Oliveira contou que, quando recebeu Gerson, ele tinha sido resgatado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), pois estava sozinho nas margens na BR-230, após ter fugido de outra unidade do Conselho Tutelar. Ele e os quatro irmãos foram retirados da mãe pela Justiça, porque ela sofre de esquizofrenia grave. A avó também possui transtornos psiquiátricos.
“A mãe justamente perdeu o poder familiar dos cinco filhos, porque ela tem uma esquizofrenia bem grave. As duas avós também tinham problemas mentais. Gerson não tinha família extensa que pudesse cuidar dele”.
Os quatro irmãos foram adotados, mas Gerson não, pois, na época, já apresentava sinais de problemas psiquiátricos.
“Então, Gerson quando chegou aqui, para ele chegar aqui, ele disse à Polícia Rodoviária Federal que tinha fugido de casa, que queria voltar para casa da mãe, que estava com medo e que a mãe morava em Mangabeira”.
A conselheira tutelar afirmou que Gerson não tinha noção do perigo e que, muitas vezes, era usado por outras pessoas para cometer pequenos delitos. O jovem tinha diversas passagens pela polícia, a última foi há uma semana, quando ele atirou uma pedra em uma viatura da Polícia Militar.
“Ele foi usado, muitas vezes, para alguns atos, porque ele não tinha noção do perigo. Então, ele achava que nada ia acontecer com ele”.
Fonte: G1 e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 02/12/2025/08:10:13
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