Delação de ex-diretor da Odebrecht atinge cúpula do PMDB

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Marcelo Camargo/Agência Brasil – 24/5/16 O senador Romero Jucá e o presidente do Senado, Renan Calheiros eram os negociadores na Casa (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil – 24/5/16)

Ex-executivo da Odebrecht cita em depoimento ao MP nomes de Jucá, Renan, Moreira Franco e Eliseu Padilha, que teriam recebido recursos da empresa. Denunciados negam acusações

Brasília – A delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho ao Ministério Público trouxe citações à cúpula do PMDB e a nomes importantes do governo de Michel Temer, do Senado e da Câmara. O próprio Temer foi citado pelo ex-executivo, um dos primeiros da empresa a prestar depoimento. Além do presidente, o ex-executivo citou os ministros Moreira Franco, da Secretária do Programa de Parcerias e Investimentos, de Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil, do presidente do Senado, Renan Calheiros, e do senador Romero Jucá, ex-ministro do Planejamento.

Segundo reportagem do Jornal Nacional (JN), da TV Globo, de ontem, Melo Filho detalhou como a Odebrecht negociava e repassava propina para as cúpulas do PMDB no Senado e na Câmara. Na primeira Casa, o principal interlocutor era Romero Jucá, atual líder do governo no Senado. Jucá era o principal responsável pela arrecadação e consequente redistribuição de recursos para o PMDB. De acordo com o delator, as maiores demandas ocorriam em períodos eleitorais, e o repasse, sempre negociado com o então presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, era feito via doações legais ou por meio de caixa 2.

Claudio Melo Filho, conforme o conteúdo da delação obtido pelo JN, afirmou ter participado de pagamentos ao PMDB que superam os R$ 22 milhões. Em contrapartida, a Odebrecht exigia benefícios no Congresso que passavam por medidas de regimes tributários, parcelamento de dívidas e acordos da indústria petroquímica. Na Câmara, o delator afirmou que os interlocutores eram principalmente Eliseu Padilha, Moreira Franco em menor escala e, eventualmente, o próprio Michel Temer, então presidente do PMDB e vice-presidente nos governos de Dilma Roussef (entre 2011 e 2016).

Segundo o executivo, Temer solicitou financiamento direto a Marcelo Odebrecht em um jantar, que ele acredita ter ocorrido em maio de 2014, no Palácio do Jaburu, que contou com a participação de Eliseu Padilha. Na ocasião, o então vice-presidente e presidente do PMDB pediu diretamente o pagamento de R$ 10 milhões. Deste montante, 60% teriam sido destinados a Paulo Skaf, então candidato ao governo de São Paulo, e 40% para Eliseu Padilha. Parte deste dinheiro teria sido entregue no escritório de José Yunes, hoje assessor especial da Presidência da República. Por isso, embora não esteja claro na delação, supõe-se que o pagamento tenha sido feito em dinheiro vivo.

Planalto nega O presidente Michel Temer divulgou uma nota para rechaçar as supostas informações da delação do ex-executivo da Odebrecht.  “O presidente Michel Temer repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho”, diz a nota. “As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente” completa. O que já foi admitido anteriormente é que o presidente conversou com Marcelo Odebrecht e solicitou auxílio para campanha. O auxilio foi dado de forma legal e as contas foram devidamente prestadas ao TSE”, completou. Já Eliseu Padilha lembrou não ter sido candidato a cargos eleitorais em 2014 e disse que nunca tratou de arrecadação para deputados com ninguém. Ainda foi enfático ao afirmar que “a acusação é uma mentira!” e disse ter certeza de que isso será comprovado.

No Senado, segundo Melo Filho, há um núcleo de atuação do PMDB. O grupo é formado pelo líder do governo no Congresso, Romero Jucá (RR), pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e pelo líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). “Normalmente, me dirigia a ele (Jucá), que me orientava sobre quais passos adotar e quais parlamentares seriam acionados. Romero Jucá agia em nome próprio e do grupo político que representava, formado por Renan Calheiros, Eunício Oliveira e membros do PMDB. Jucá era o líder do governo no Senado e, embora não falasse pelo governo, falava com o governo. Os assuntos que começavam com ele avançavam ou se encerravam diretamente com ele”, afirma o delator.

O senador Romero Jucá afirmou, via assessoria, que desconhece a delação de Claudio Melo Filho mas nega que recebesse recursos para o PMDB. O senador disse ainda que está à disposição da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos. Por meio da assessoria de imprensa, Renan Calheiros afirmou que “jamais credenciou, autorizou ou consentiu que terceiros falassem em seu nome em qualquer circunstância. Reitera ainda que é chance de se encontrar irregularidades em suas contas pessoais ou eleitorais e zero”. Em nota, Eunício Oliveira disse que todos os recursos de campanha foram recebidos e declarados de acordo com a lei e aprovados pela Justiça Eleitoral.

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