Em contatos com governo brasileiro, EUA expressam preocupação com viagem de Bolsonaro à Rússia

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Para os americanos, é hora de isolar Putin; visita do presidente brasileiro a Moscou está prevista para meados de fevereiro (Foto:Reprodução Internet)

BRASÍLIA — Se dependesse da Casa Branca, o presidente Jair Bolsonaro não faria a visita a Moscou programada para meados deste mês de fevereiro. Essa preocupação foi transmitida por representantes do governo americano a autoridades brasileiras. A avaliação é que o momento não é adequado para uma aproximação entre Bolsonaro e o presidente da Rússia, Vladimir Putin. (A informação e do O Globo)

 Soldados ucranianos na linha de frente dos combates com separatistas russos no Leste da Ucrânia: momento de tensão Foto: ANATOLII STEPANOV / AFP

Soldados ucranianos na linha de frente dos combates com separatistas russos no Leste da Ucrânia: momento de tensão Foto: ANATOLII STEPANOV / AFP

O enfrentamento entre a Rússia e a Otan, a aliança militar liderada por Washington, por causa da mobilização de forças russas na fronteira com a Ucrânia se tornou um dos principais pontos da agenda bilateral entre EUA e Brasil. O tema ganhou essa importância porque o Brasil assumiu, em janeiro, um mandato de dois anos como membro rotativo do Conselho de Segurança da ONU, onde são discutidos temas relativos à segurança internacional. Para Washington, o melhor agora seria isolar Vladimir Putin.

Segundo fontes do governo, a preocupação dos americanos foi expressa em conversas entre integrantes dos dois governos, mas não foi tratada claramente nos dois contatos telefônicos que ocorreram em janeiro entre o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, e o chanceler Carlos França. Blinken, porém, já pediu uma “resposta forte” do Brasil se houver uma invasão russa à Ucrânia.

Uma fonte afirmou que aos EUA interessa que a viagem não seja interpretada como uma mensagem de que o Brasil esteja tomando partido de um lado na crise. A fonte afirmou que “de fato não será essa a mensagem, pois desejamos o entendimento diplomático entre Rússia e Ucrânia, dois países com os quais temos ótimas relações”.
Veteranos do batalhão Azov da Guarda Nacional Ucraniana realizam exercícios militares para civis em meio à

Civis participam de treinamento com réplicas de madeira de fuzis Foto: GLEB GARANICH / REUTERS
Civis participam de treinamento com réplicas de madeira de fuzis Foto: GLEB GARANICH / REUTERS

A ida de Bolsonaro à Rússia, e em seguida à Hungria, continua mantida. O Planalto informou que as datas não estão fechadas, mas existe a expectativa de Bolsonaro embarcar para Moscou por volta do dia 12.
Mourão defende viagem

Nesta segunda-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão defendeu a viagem, dizendo que o Brasil faz parte do Brics, que inclui a Rússia, e que não acredita que os russos invadirão a Ucrânia. Segundo ele, Moscou exerce seu “direito de espernear” contra o avanço da Otan para países próximos a suas fronteiras. Para Mourão, a manobra militar russa é “uma forma de pressão” de Putin. Mourão disse que a viagem não significa um apoio à Rússia no conflito.

— Nós estamos afastados desse conflito, mas há algumas pressões de alguns outros países aqui que estão mais envolvidos. Mas, vamos lembrar, o Brasil faz parte de um grupo com a Rússia, que são os Brics. Além de nós termos uma parceria com a Rússia, é um país importante para que a gente tenha negócios. Nós não podemos abrir mão disso aí — disse o vice-presidente.

Nesta segunda-feira, os representantes de Washington e Moscou tiveram um forte embate no Conselho de Segurança, em sessão convocada pelos EUA. Na reunião, o embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, defendeu o diálogo para reduzir as tensões.

— Apelamos a todas as partes para que exerçam a máxima contenção e se envolvam construtivamente em conversações destinadas a resolver as suas diferenças. Há espaço para restaurar a confiança e encontrar uma solução diplomática duradoura para esta crise. Precisamos de vontade política e compromisso genuíno de todos os lados — disse.

A Rússia tentou até o último instante manter o encontro do Conselho a portas fechadas, mas acabou derrotada em votação na qual o Brasil também apoiou um debate aberto.

— As ameaças de agressão na fronteira com a Ucrânia são um ato de provocação — acusou a embaixadora americana, Linda Thomas-Greenfield. — A provocação vem da Rússia, não dos demais membros deste Conselho.

Putin e mísseis no México

O embaixador russo, Vassily Nebenzia, disse que os EUA “não têm provas” de que Moscou planeje invadir a Ucrânia, chamando a reunião de “diplomacia de megafone”.

— Nossos colegas ocidentais vêm falando da necessidade de reduzir as tensões. Contudo, incitam as tensões e a retórica. As discussões sobre a ameaça de guerra são, por si só, provocações. Vocês estão quase pedindo isso — afirmou.

Ele repetiu a posição sobre a crise expressa por Putin. Em dezembro, em sua entrevista tradicional de fim de ano, o presidente russo voltou a fazer uma comparação entre a expansão da Otan e o hipotético posicionamento de mísseis russos no Canadá e no México.

— São vocês que vieram até nossas fronteiras e agora dizem que a Ucrânia se tornará um membro da Otan. Ou, mesmo que não se junte à Otan, que bases e sistemas de ataque serão instalados em seu território por meio de acordos bilaterais —disse Putin.

Uma ação concreta do Conselho de Segurança sobre a crise é impraticável, já que tanto a Rússia quanto os EUA têm poder de veto. Longe dos olhares do público, o chanceler russo, Sergei Lavrov, voltará a conversar nesta terça-feira por telefone com Antony Blinken. Ontem, Moscou entregou a Washington sua resposta por escrito a propostas também escritas feitas pelos EUA e a Otan na semana passada, que por sua vez respondiam a uma lista de oito “demandas de segurança” divulgadas por Putin em dezembro. (Colaboraram Daniel Gullino e Filipe Barini)

Jornal Folha do Progresso em 02/02/2022/06:12:17

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