Empresa Italiana leva mais de mil quilos de ouro de extração ilegal em terras indígenas paraenses

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Garimpo a todo vapor: empresa italiana fatura ouro de extração ilegal em terras indígenas paraenses – (foto:Reprodução)

O ouro extraído ilegalmente nos garimpos da Terra Indígena Kayapó, no sul do Pará, foi comprado pela Chimet SPA Recuperadora e Beneficiadora de Metais, sigla em italiano para Química Metalúrgica Toscana, companhia que teve receita de cerca de R$ 18 bilhões em 2020.

Empresa italiana fatura todo o ouro proveniente do garimpo ilegal em terras indígenas paraenses. São mais de 18 bilhões de reais lavados do solo brasileiro para o exterior em jatinhos particulares. (A informação é do Portal greenMe)

O negócio era viabilizado por meio da empresa CHM do Brasil Metais, que tem sede em Goiânia, e sua parceira diretamente na Itália, compradora estrangeira de metal em áreas proibidas da Amazônia, a empresa Chimet SPA Recuperadora e Beneficiadora de Metais, conhecida mundialmente em recuperação e refino de metais preciosos.
Investigação.

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*Operação da PF é deflagrada para reprimir crimes ambientais que impactam Alter do Chão, no Pará

O esquema começou a ser investigado em outubro do ano passado com a Operação Terra Desolata. A escolha do nome da operação refere-se à expressão italiana que significa “Terra Devastada“.

Para descobrir e chegar até a refinadora italiana, a Polícia Federal investigou uma complexa organização criminosa de garimpo ilegal, formada por dezenas de empresas, cooperativas e funcionários fantasmas que atuam no sul do Pará (e com conexões em outros estados do país).
Um dos principais elos da quadrilha é a atuação de uma família de italianos que atua há décadas no comércio de ouro.
Pai e filho, Mauro Dogi e Giacomo Dogi chegaram a adiantar dezenas de milhões a agentes do garimpo, para receber depois a mercadoria retirada ilegalmente da Terra Indígena Kayapó.

Só para garimpeiros do Sul do Pará, a empresa desembolsou R$ 246,5 milhões, valor que corresponde a cerca de mil quilos de ouro.

A organização criminosa explora ouro ilegal na TI Kayapó, uma das mais prejudicadas pela prática do garimpo.
Três meses depois da operação, todos os detidos foram soltos por meio de habeas corpus.
A Operação Terra Desolata bloqueou R$ 469 milhões das contas dos investigados.

Brasil: área de alto risco de fraude

Área de alto risco devido à facilidade de se fraudar a origem do ouro, bem como à fragilidade da fiscalização por parte da Associação Nacional de Mineração (ANM) e demais órgãos.

Atualmente, a fiscalização se resume em notas fiscais que declaram a origem do minério (em papel) preenchidas pelo vendedor, que facilmente podem mentir sobre o local de onde foi extraído o metal.

Duplas brasileiras

Entre os investigados, temos alguns destaques: a atuação dos irmãos Arlan Monteiro de Almeida e Hailton Monteiro de Almeida que estão entre os que tiveram a prisão preventiva decretada.
Conhecidos como os “irmãos leiterinhos“, ambos têm como atividade econômica principal a extração ilegal de ouro em terras indígenas.
A negociação para compra de ouro incluía uma série de empresas e pessoas, e outros dois intermediários também tiveram contribuição direta para o crime: os irmãos

Walterly Guedes Pereira dos Santos e Vergelina Pereira dos Santos.

Em mais de dois anos, a dupla brasileira recebeu diretamente da empresa CHM do Brasil, em 102 operações, mais de R$ 14,5 milhões como antecipação para entrega de mercadoria futura de joias, pedras e metais preciosos.

Foram feitos 142 saques em contas bancárias, durante 20 meses, com movimentação de mais de R$ 16,175 milhões.

Vôos particulares

O inquérito da PF aponta que a exportação do ouro ilegal acontecia em vôos privados, sem o devido conhecimento das autoridades competentes e sem passar pelo Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex).

Nas redes sociais, Hailton Almeida não economizou na exposição, exibiu fotos com veículos de luxo, aeronaves, máquinas do tipo escavadeiras hidráulicas e até mesmo barras de ouro.

Ouro ilegal oriundo de terras indígenas

O inquérito da PF aponta ainda que a Chimet adquire o produto da brasileira CHM, em uma relação de parceria estabelecida há décadas  por intermédio de Mauro Dogi e seu filho Giacomo, que moram no Brasil.

Eles são descritos pelos investigadores como os principais destinatários do ouro ilegal oriundo das terras indígenas da região.
A CHM compra o metal da Cooperouri (Cooperativa de Garimpeiros e Mineradores de Ourilândia e Região) que, segundo a PF, extrai o ouro do território indígena.
Para dar aparência de legalidade, algumas operações ocorriam por meio da Cooperouri, que tem permissão de lavra garimpeira (PLG). Esta, porém, fazia compra de ouro de garimpeiros não cooperados e explorava áreas fora de sua concessão.
A estimativa é de que, só da terra indígena Kayapó, onde fica a base operacional da família dos irmãos leiterinhos, foram extraídos nada menos que 18 quilos de ouro por mês. Equivale a um faturamento mensal de aproximadamente R$ 5,4 milhões com a atividade ilegal.
A ação que contou com cerca de 200 policiais cumpriu 62 mandados de busca e apreensão, além de 12 mandados de prisão preventiva em dez unidades da federação: Pará, Amazonas, Goiás, Roraima, São Paulo, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Distrito Federal.

A Justiça Federal determinou o bloqueio e indisponibilidade de valores que chegam a R$ 500 milhões em contas dos investigados. Cinco aeronaves foram apreendidas. A atividade econômica de 12 empresas foi suspensa e houve bloqueio de imóveis de 47 pessoas físicas e jurídicas.

Jornal Folha do Progresso em 16/02/2022/12:37:11

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