Energia elétrica sobe 3% em julho, mas queda nos alimentos alivia inflação

Consumidor em supermercado na Zona Sul do Rio — Foto: Alexandre Cassiano

Conta de luz tem maior alta para o período desde 2018, aponta IBGE. Café registra primeira queda em 18 meses

A inflação oficial do país avançou 0,26% em julho, abaixo da projeção do mercado financeiro, que estimava alta próxima de 0,35%, segundo o Valor Data. Em junho, o índice havia subido 0,24%. Apesar do patamar mensal baixo para o indicador, a energia elétrica residencial ainda exerce pressão: de janeiro a julho, tem alta média de 10,18% para o consumidor. É a maior variação para este período desde 2018, quando chegou a 13,78%.

No ano, a inflação acumula avanço de 3,26% e, nos últimos 12 meses, de 5,23%. Os dados fazem parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e foram divulgados pelo IBGE nesta terça-feira.

Por que a inflação deu uma trégua?

Apesar da energia mais cara, outros itens têm ajudado a segurar a inflação. A principal influência vem dos alimentos, que aprofundaram a queda em julho. Os custos do grupo Alimentação e bebidas caíram 0,27% no mês, após retração de 0,18% em junho.

— A contribuição dos alimentos ajuda a minimizar o impacto de outras altas na composição do índice. Como o grupo Alimentação tem peso aproximado de 21,84%, ele contribui para essa contenção da taxa (geral) — explica Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.

Não fosse a alta da energia elétrica em julho, a inflação ficaria em 0,15% no mês, calculou o IBGE. Dos nove grupos investigados pelo instituto, três tiveram queda no mesmo período.

O aumento dos preços também está menos espalhado entre os produtos pesquisados, o que contribui para a inflação mais baixa. Dos 377 subitens pesquisados pelo IBGE, apenas metade (50%) registrou alta em julho. É o menor nível de difusão em um ano. Em outras palavras, significa que a alta de preços foi registrada em menos produtos.

Café tem primeira queda após 18 meses de alta

A alimentação no domicílio tem pesado menos no bolso do brasileiro. O subgrupo, que mede os preços dos produtos comprados nos mercados, teve queda 0,69%. Batata-inglesa, cebola e arroz, foram alguns dos itens que mais caíram de preço e puxaram para baixo o resultado.

O café, que vinha sendo um “vilão” dos preços este ano, registrou a sua primeira queda após 18 meses de alta, com retração de 1,01% no mês. E não estão descartadas novas quedas. Segundo Gonçalves, do IBGE, a oferta de café vem se regulando no campo e esse efeito já começa a chegar ao consumidor.

Trumponomics: inflação, instabilidade e impactos globais

Questionado sobre o tarifaço sobre exportações brasileiras, imposto pelos Estados Unidos e que entrou em vigor apenas em agosto, ele explica que a barreira comercial de Donald Trump ainda não impactou os preços. Será preciso, portanto, aguardar os desdobramentos para entender os efeitos sobre itens que seguem taxados, como café, carnes e frutas:

— Se isso (o café) ficar no mercado interno, a tendência é que tenha uma oferta maior. Frutas, que estragam mais facilmente, se ficarem no mercado interno, a tendência é que o preço caia.

Serviços ainda pressionam

Acompanhados de perto pelo Banco Central porque costumam indicar a trajetória dos preços, os custos de alguns serviços seguiram pressionados em julho.

Os destaques foram a alimentação fora do domicílio, com alta de 0,87%, e das passagens aéreas, com salto de 19,92%, puxado pelo aumento da demanda no período de férias. O conserto de automóvel renovou a alta de 1,03% no mês e, em 12 meses, já subiu 10,45%.

No grupo Transportes, ao qual as passagens aéreas pertencem, a alta acelerou para 0,35% em julho, ante 0,27% em junho. A alta foi limitada pela queda de 0,64% nos preços dos combustíveis, que registraram o quarto mês consecutivo de recuo. Em junho, houve redução no preço da gasolina nas refinarias.

Reajustes e bandeira vermelha na conta de luz

No caso da energia elétrica, o que tem pressionado o custo é a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 1, em vigor desde junho, que acrescenta R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos na conta de luz. Além disso, houve reajustes aplicados por concessionárias. Os preços subiram

Em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, reajustes aplicados por distribuidoras de energia contribuíram para pressionar o índice em julho. No Rio de Janeiro, por outro lado, uma concessionária reduziu as tarifas. Esses fatores levaram o grupo Habitação a registrar alta de 0,91% no mês.

Além da conta de luz mais pesada, foram praticados reajustes na taxa de água e esgoto – alta média de 0,13% no mês – em capitais como Salvador, Brasília e Rio Branco.

Ainda pelo lado das altas, o grupo de Despesas pessoais avançou 0,76% puxado pelo reajuste de 12% aplicado sobre os jogos de azar. Aqui fazem parte apenas as loterias como as da Caixa Econômica Federal, ficando de fora as famosas “bets”. A última subida de preço tinha sido em maio de 2023, com alta de 11%.

Em Saúde e Cuidados Pessoais (0,45%), o aumento de preço foi puxado pelos itens de higiene e pelos planos de saúde, esses últimos impactados pelos reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Já entre as quedas, o setor de Vestuário recuou 0,54%, puxado pela baixa nos preços de roupas femininas e masculinas. Artigos para residência, Educação e Comunicação ficaram praticamente estáveis, com variações próximas de zero.

Perspectivas

Embora a inflação acumulada em 12 meses esteja acima do teto de 4,5% – considerando que a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo -, economistas vêm reduzindo as estimativas de inflação.

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A redução das expectativas de inflação está ligada à perda de fôlego da atividade econômica, em meio a uma taxa básica de juros, a Selic, de 15% ao ano. Segundo o Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, economistas projetam alta de 5,05% para o IPCA em 2025. Há um mês, a estimativa era de 5,17%.

Fonte: Carolina Nalin — Rio de Janeiro/Jornal Folha do Progresso   e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 12/08/2025/13:55:40

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