Entenda: quais os riscos de reinfecção mesmo para quem já se vacinou contra a covid-19?

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Atenção ao esquema de doses, à manutenção dos cuidados e à combinação com outras vacinas deve ser mantida (Foto:Thiago Gomes / O Liberal)

Tiramos as dúvidas com a infectologista Tânia Chaves, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e representante da Sociedade Brasileira de Imunizações no Pará

Duas vacinas contra a covid-19 estão sendo utilizadas no Pará, e no Brasil: a Coronavac (vacina inativada, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, produzida pelo Instituto Butantã, em São Paulo); e a vacina Oxford / AstraZeneca (vacina vetorial), desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com o Laboratório anglosueco AstraZeneca, e produzida no Brasil pela Fiocruz, no Rio de Janeiro.

Para explicar a eficácia delas, a redação integrada de O Liberal conversou, na quinta-feira (29), com a infectologista Tânia Chaves, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e representante no Pará da Sociedade Brasileira de Imunizações. Confira:

Como funciona o esquema dessas vacinas?

Para as duas vacinas citadas, o esquema é composto de duas doses. A Coronavac tem duas doses com intervalo de 14 a 28 dias, entre a primeira e a segunda dose. Enquanto a vacina da AstraZeneca, o intervalo é de três meses ou 12 semanas entre a primeira e a segunda dose. Os estudos clínicos foram realizados com pessoas a partir de 18 anos. Futuramente, outras faixas etárias serão contempladas nos estudos.

Qual a eficácia delas?
A eficácia é a capacidade de uma vacina prevenir determinada doença. Quando falamos que a Coronavac tem 50,4% de eficácia geral,

para todas as formas de covid-19 – leves, moderadas e graves – significa que o risco de ter a doença é 50,4% menor em relação a quem não se vacina. No caso da vacina de Fiocruz/Oxford/AstraZeneca, a eficácia geral é de 70%. Esses valores são obtidos em grandes estudos clínicos, os quais seguem rigorosas regras estabelecidas nos meios científicos. Os estudos conduzidos no Brasil com a Coronavac evidenciaram eficácia de 50,38% para proteção contra covid-19. Enquanto os estudos com a vacina da AstraZeneca revelaram eficácia de proteção contra covid19 de 62%. A fonte é a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

vacina2Vacina Coronavac, produzida no Brasil pelo Butantã (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Depois de quanto tempo a pessoa está imune?

Os intervalos entre a primeira e a segunda dose devem ser mantidos, pois foram definidos e aprovados nos estudos clínicos antes da liberação da vacina para a população. Portanto, independentemente do local, do país, do estado, ou da cidade, os intervalos entre a primeira e a segunda dose das vacinas aqui citadas, devem ser mantidos. De maneira geral, após duas semanas (14 dias), o sistema imune já produz os anticorpos protetores contra covid-19. Deve-se destacar que este intervalo de tempo para proteção contra covid-19 depende de uma resposta imune (sistema de defesa) de cada pessoa.

É possível adoecer de covid-19 após a primeira dose?

Testar positivo após a primeira dose da vacina contra covid-19 significa que não houve tempo necessário para formação de anticorpos protetores. Algumas acabaram se descuidando achando que já estavam protegidas. Sem dúvida, a falsa sensação de proteção para doença faz as pessoas relaxarem nas medidas não farmacológicas (uso de máscara, higienização das mãos, distanciamento social, não fazer aglomerações). Consequentemente, adoecem ou adquirem covid-19 antes da segunda dose.

vacina3O imunizante Astrazeneca (Sergio Perez / Reuters)

Depois da primeira ou da segunda dose, quais cuidados são necessários?

Manter as práticas que já são um mantra universal, que são as medidas não farmacológicas, como o uso de máscara, a higienização das mãos, o distanciamento social, não fazer aglomerações. Não pode fazer reuniões neste momento, tampouco receber visitas para esta fase de elevada circulação do vírus SARS-CoV-2. Só uma dose da vacina não protege contra a covid-19. São necessárias duas doses para proteção contra covid-19. Importante destacar que mesmo com as duas doses para as duas vacinas, a prática das medidas não farmacológicas, devem ser mantidas. Não existe nenhuma vacina que seja 100% eficaz.

Qual o alerta para que haja o cuidado correto?

Fundamental, neste momento, que a população seja informada que a pandemia está em curso, que não temos previsão de quando a pandemia acabará, além do fato de o mundo não ter contingente de vacinas o suficiente para todos. Além da prática diária das medidas não farmacológicas aqui citadas (uso de máscara, higienização das mãos, distanciamento social, não fazer aglomerações), que contribuirão fundamentalmente para controlar a transmissão da doença.

Depois do esquema de vacinação completo, ainda é possível ter covid-19?

Importante compreender que, até a presente data desta matéria, não temos um valor numérico que signifique a proteção para covid-19 entre os vacinados, e mesmo entre aqueles que tiveram a doença. Após a vacinação, o sistema imune da pessoa vacinada é estimulado a produzir anticorpos (as células de defesa) que neutralizam o vírus da covid-19. É esperado que todas as vezes que o vacinado entrar em contato com o vírus SARS-CoV-2, os anticorpos produzidos pelo sistema imune o neutralizarão. Não evita a transmissão completamente. Embora haja estudos que demonstrem haver redução nas taxas de transmissão da doença, as vacinas não são esterilizantes. O que significa, até o momento, que as vacinas contra covid-19 diminuem a gravidade dos casos, óbitos e protegem individual e coletivamente. Portanto, as vacinas contra covid-19 diminuem, sobremaneira, a cadeia de transmissão da doença. Ou seja, a vacinação em massa é uma das principais ferramentas para controlar a pandemia e prevenir e/ou diminuir a velocidade de surgimento de variantes do SARS-CoV-2, que podem ser mais transmissíveis e perigosas.
Imunização segue agenda de grupos prioritários (Agência Belém)

A pessoa vacinada pode contrair o vírus e transmitir para outras?

As vacinas vão reduzir a circulação do vírus na população e evitar a evolução para formas graves, complicadas e óbitos. A pessoa vacinada tem risco de contrair a covid-19 e pode transmitir para outras pessoas, já que essas vacinas não são esterilizantes, mas reduzem a transmissão. Portanto, as medidas não farmacológicas reconhecidas (como o uso de máscara, higienização das mãos, distanciamento social, incluindo evitar aglomerações e encontros) devem ser mantidas até que 70% da população mundial seja vacinada.

Se a pessoa receber a primeira dose, pegar covid-19 e, por conta disso, não puder receber a segunda no período previsto, a primeira dose perde a eficácia?

Não, de jeito nenhum. É um princípio em vacinologia de que a primeira dose de uma vacina é válida, pois já estimula o sistema imune a produzir os anticorpos que vão neutralizar o vírus.

Não se recomeça o esquema de vacinação. A segunda dose deverá ser feita quatro semanas após o primeiro sintoma da covid-19, ou quando a pessoa estiver bem clinicamente.

É desconhecida a proteção conferida após a primeira dose da vacina contra covid-19, uma vez não respeitado o limite máximo estabelecido para a realização da segunda dose. Porém, a pessoa deve continuar o esquema de vacinação sem a necessidade de recomeçar a vacinação, a exemplo do que temos de conhecimento acumulado para outras vacinas.

Quem toma outras vacinas, como a vacina contra a gripe, tem que esperar para tomar a vacina contra a covid-19?

Sim. Não pode tomar junto. Neste caso apresentado, a recomendação é que a vacina da covid-19 seja realizada 14 dias após a vacina da gripe.

Depois de quanto tempo da segunda dose a pessoa terá que tomar a vacina contra covid-19 de novo?
Sobre um novo esquema de vacinação para a covid-19, ainda não existe resposta científica consolidada. Nenhuma das vacinas aplicadas no Brasil e no Pará que protegem contra covid-19, prevê novo esquema de vacinação, até presente data. Os estudos para maior esclarecimento sobre a revacinação contra covid-19 estão em discussão, para maior compreensão sobre a necessidade de revacinação para covid-19. Destacamos que estamos diante de uma nova doença e estamos aprendendo com as evidências científicas em tempo real, todos os dia

Por:João Thiago Dias

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