Ex-governador do Pará, Aurélio do Carmo morre aos 98 anos

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Ex-governador do Pará, Aurélio do Carmo, que foi cassado em 1964, morre aos 98 anos

Protagonista de fatos importantes na política do Pará – o principal deles, o de ter sido apeado do cargo de governador, em 1964, com a chegada dos militares ao poder – Aurélio Correia do Carmo, que também foi delegado de polícia, advogado, promotor de justiça e desembargador do Tribunal de Justiça do Estado, faleceu na manhã desta sexta-feira, aos 98 anos de idade. De acordo com familiares, a causa teria sido complicações decorrentes de uma pneumonia.

O governador Helder Barbalho decretou luto oficial de três dias no estado. Ele também se utilizou das redes sociais para lamentar o falecimento de Aurélio. “Nosso Estado perde hoje mais uma liderança política. Dentro de sua grande trajetória, Aurélio do Carmo foi desembargador do TJE/PA e governador do Pará, com mandato interrompido pelo Golpe Militar de 1964.
Tive o privilégio de conhecê-lo desde a minha infância e a ocasião de homenageá-lo em vida com o nome da rua no Conjunto Jader Barbalho, que inaugurei quando fui prefeito de Ananindeua. Que Deus conforte o coração dos familiares e amigos. Meus sinceros sentimentos”, escreveu Helder.

O senador Jader Barbalho também se manifestou em declarações do jornal “Diário do Pará”: “em tempos tão difíceis é com grande tristeza que recebo a informação do falecimento do amigo Aurélio do Carmo. Eu o conheci por intermédio do meu pai e eles eram muito amigos.  Aurélio do Carmo faz parte da história do Pará, como nosso ex-governador, além de tantos outros cargos que exerceu, inclusive desembargador do Tribunal de Justiça do Pará, cargo que eu tive o privilégio de sua nomeação. Como magistrado, Aurélio se aposentou com o aplauso de todos por sua competência e probidade”.

Helder e Aurélio: nome de rua em Ananindeua
Helder e Aurélio: nome de rua em Ananindeua
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Ao completar 97 anos, Aurélio com amigos, entre esses o desembargador aposentado Alberto Maia. Foto O Liberal

Barbalho completou: “Aurélio do Carmo, apesar de todas as adversidades e perseguições políticas e pessoais, foi um homem sem ódios e sempre, invariavelmente, elegante.  Minha solidariedade à sua viúva d. Mariete, seus filhos e familiares. Que Deus o receba”.

Trajetória política

.Aurélio foi governador entre os anos de 1961 e 1964. Também foi advogado e desembargador do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), nos anos de 1972 até 1985. Ele nasceu em Be­lém no dia 31 de janeiro de 1922, filho de Aurélio Ximenes Costa do Carmo e Josefina Correa do Carmo. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito da Universidade do Pará em dezembro de 1944. Paralelamente a seus estudos, trabalhou como escriturário no Tribunal de Justiça do Estado.

Após a queda do Estado Novo, em outubro de 1945 filiou-se ao Partido Social Democrá­tico (PSD). Entre 1945 e 1956 desempenhou as funções de promotor público da comarca de Castanhal, depois da capital; assistente judiciário cível; chefe da assistência judiciária; secretário do Ministério Público; delegado de polícia de Belém e corregedor do Departamento de Segurança Pública.

Derrotou Klautau e Assunção

No governo consti­tucional do ex-interventor Joaquim de Maga­lhães Barata, iniciado em 1956, foi chefe de polícia do Pará, tornando-se elemento de con­fiança do governador. Com a morte de Maga­lhães Barata em 1959, o vice-governador Luís Geolás de Moura Carvalho assumiu o governo e apoiou o lançamento de sua candida­tura ao Executivo estadual no pleito de outu­bro de 1960.

Concorrendo com Aldebaro Klautau e Ale­xandre Zacarias de Assunção, foi eleito por maioria absoluta e tomou posse em 31 de janeiro de 1961. Destacando os problemas de fornecimento de energia elétrica e de abaste­cimento de água como os principais a serem resolvidos em sua administração, criou as Cen­trais Elétricas do Pará (Celpa) e o Banco do Estado do Pará.

Foi o primeiro governador a apoiar o mo­vimento político-militar de 31 de março de 1964, que derrubou o presidente João Goulart.  Em junho do mesmo ano, porém, tendo sido chamado a depor perante uma comissão de investigação sumária, recusou-se a compare­cer, alegando não ser réu de crime algum.

No dia 9 de abril, o general-presidente Humberto Cas­telo Branco, com base no Ato Institucional nº. 1 (9/4/1964), cassou seu mandato e sus­pendeu seus direitos políticos por dez anos, aplicando a mesma pena ao vice-governador Newton Burlamaqui de Miranda, a Luís Geolás de Moura Carvalho, prefeito de Belém, e a seu vice-prefeito, Isaac Soares, além de seis outros membros do PSD e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), assim como do presidente da seção paraense do Comando Ge­ral dos Trabalhadores (CGT).

Na mesma data foram cassados os mandatos de três parlamen­tares, sem a suspensão de seus direitos políti­cos.  A conseqüência da onda de punições foi a ida do coronel Jarbas Passarinho para o go­verno do estado, eleito indiretamente pela Assembléia Legislativa.

Afastado da política, Aurélio do Carmo exerceu a advocacia, tendo sido nomeado desembargador do Tribunal de Justiça do Estado em janeiro de 1972. Ocupou este último cargo até atingir a aposentadoria compulsória em 25 de outubro de 1985. Depois de aposentado, continuou exercendo a advocacia em seu escritório particular. Aurélio do Carmo foi ainda professor de direito penal na Faculdade de Direito do Estado do Pará; secretário de Estado de Interior e Justiça e procurador da Fazenda Nacional.

Prefeito de Belém, coronel Moura Carvalho, Pierre Beltrand (Ubiratan de Aguiar), governador Aurélio do Carmo, no dia da inauguração do Rubens Foto – em Belém do Pará, outubro de 1963. (Arquivo Baleeiro)
Prefeito de Belém, coronel Moura Carvalho, Pierre Beltrand (Ubiratan de Aguiar), governador Aurélio do Carmo, no dia da inauguração do Rubens Foto – em Belém do Pará, outubro de 1963. (Arquivo Baleeiro)

Fonte:Ver o Fato Por Carlos Mendes
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