Facções criminosas assumem controle do garimpo ilegal em terra indígena de MT
Foto: Reprodução | Facção transforma Terra Indígena Sararé em território sob domínio criminoso.
O novo relatório Cartografias da Violência na Amazônia, divulgado nessa quarta-feira (19.11), revela uma mudança profunda na dinâmica criminosa da região e coloca o estado de Mato Grosso no centro de um dos movimentos mais preocupantes registrados nos últimos anos: facções criminosas passaram a controlar diretamente o garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé, estabelecendo regras próprias, disciplinando trabalhadores e dominando a logística da extração mineral.
Segundo o estudo, o Comando Vermelho deixou de atuar apenas como fornecedor de armas ou “proteção” aos garimpeiros e passou a comandar a atividade como gestor de fato. A facção controla a circulação de máquinas, combustível, trabalhadores e insumos, além de impor normas de atuação e aplicar punições internas. Para operar nos garimpos, grupos e trabalhadores devem pagar mensalidades em ouro, que variam de 10 a 100 gramas por mês, conforme o tipo de extração utilizado.
A Terra Indígena Sararé, atualmente o principal foco de garimpo ilegal em Mato Grosso, apresenta estruturas industriais de extração, com escavadeiras de grande porte, acampamentos extensos e balsas utilizadas para operar em áreas remotas. O relatório aponta que esse nível de organização só é possível com apoio logístico robusto, oferecido pelas facções como forma de expandir seus lucros e o controle territorial.
Entre 2023 e 2024, a área destruída pelo garimpo na Terra Indígena Sararé aumentou 93%, enquanto outras terras indígenas da Amazônia apresentaram redução. Esse avanço acelerado é acompanhado pelo fortalecimento da presença criminosa, que encontrou na extração de ouro uma fonte constante de renda e um meio de ampliar sua influência em áreas de difícil fiscalização.
As operações de desintrusão realizadas entre agosto e outubro deste ano reforçam a escala econômica da atividade: apenas nesse período, ações coordenadas pelo Ministério dos Povos Indígenas, Ibama, Funai, Polícia Federal, Abin e Força Nacional destruíram ou apreenderam bens avaliados em R$ 237,5 milhões, incluindo máquinas pesadas, combustível, estruturas de apoio e equipamentos de alto valor.
O relatório descreve a situação como uma simbiose inédita entre o crime organizado e os crimes ambientais, em que rotas de tráfico, desmatamento e mineração ilegal se sobrepõem, criando um modelo de governança criminosa altamente lucrativo e de difícil enfrentamento. A presença das facções altera não apenas a dinâmica econômica do garimpo, mas também a configuração territorial e social da região, ampliando os riscos para povos indígenas, trabalhadores submetidos às regras impostas pela facção e comunidades vizinhas.
A Terra Indígena Sararé é apontada como uma das áreas mais afetadas do país pela mineração ilegal e pela presença direta de organizações criminosas, o que reforça a necessidade de ações contínuas de fiscalização e de políticas públicas de proteção territorial. Para os pesquisadores, enquanto a economia ilegal permanecer sob domínio das facções, operações pontuais não serão suficientes para desmontar a estrutura instalada.
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Fonte: e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 21/11/2025/07:37:30
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