Família de Campos deseja que corpos sejam liberados juntos

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Filho mais velho do candidato, João Henrique, falou em manutenção do legado do pai na política

Os familiares do candidato à Presidência da República Eduardo Campos, que morreu na quarta-feira (13) em acidente aéreo, condicionaram a liberação do corpo com a dos demais mortos no jatinho particular, informou o colunista do Globo, Merval Pereira. Em conversa com o primeiro vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, a viúva do pesebista, Renata, disse que aceitaria a liberação dos restos mortais sem maiores análises para o enterro de Campos, mas que não quer que isto aconteça sem que o mesmo ocorra com os outros seis que morreram no voo.

Amaral ainda revelou ao colunista que o governador Geraldo Alckmin disse ser provável a liberação do corpo nesta sexta-feira, o que confirmaria o enterro no sábado, conforme a previsão da família do presidenciável.

Enquanto esperam a definição, familiares recebem as visitas de amigos e políticos em casa.Os visitantes salientam que a esposa de Campos, Renata, e os cinco filhos do casal, ainda que abalados com a tragédia, estão serenos.

FILHO DE CAMPOS FALA EM MANUTENÇÃO DO LEGADO DO PAI NA POLÍTICA

Um dos primos de Eduardo Campos, Joaquim Pinheiro, disse que os filhos do ex-governador estão reagindo com “firmeza” e que o filho homem mais velho, João Henrique Campos, 20 anos, apesar do luto, falou da manutenção do legado de Campos na política.

– João disse que perdeu um pai e um líder, mas que tem de dar um jeito de que a bandeira dele não caia, para que os ideais dele sejam o futuro do país – relatou Joaquim.

O primo de Campos disse que o clima ainda é de “perplexidade” com a perda e que a família está tentando entender o que aconteceu e ajudar uns aos outros “para procurar não perder o chão”. Joaquim esteve com Campos pela última vez no sábado, no Crato (CE), na festa de aniversário de 90 anos de sua mãe, tia-avó do candidato. Segundo o parente, Campos teria dançado boa parte da noite com a filha Maria Eduarda e a esposa Renata.

O procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Agnaldo Fenelon, afirmou que Campos foi um exemplo de gestor público para o estado e que o seu legado deve ser seguido. Segundo Fenelon, os familiares estão muito sentidos e conversando pouco com as visitas.

– O luto é interminável para a família e para Pernambuco. Eduardo Campos era um exemplo de gestor público. Fica agora o seu legado para ser seguido, com um estado que está crescendo a cada dia. A família é muito forte, mas é um momento de silêncio e sentimento. A dor nos olhos e nos abraços que eles dão é muito grande – pontuou.

Motorista da família Arraes desde 1971, Everaldo Procópio, que atualmente era assessor de Eduardo Campos, também lamentou a perda.

– Vivi minha vida toda com eles, deixei tudo para viver com eles – comentou.

Do lado de fora da casa, um eleitor de Eduardo homenageou o candidato com uma gravação da música “Madeira que cupim não rói”, de Capiba. A canção, uma espécie de hino da esquerda pernambucana, encabeçada pelo PSB, era a predileta do escritor Ariano Suassuna, amigo íntimo da família, que faleceu no mês passado. O escritor, que se engajou nas campanhas de Miguel Arraes e Eduardo, sempre puxava essa música nas concentrações de eventos políticos.

– Vim aqui fazer essa homenagem ao guerreiro batalhador. Eduardo, sei que você está me ouvindo, Pernambuco toda está chorando. Que sua família continue o seu trabalho -declarou Pedro Roberto Salada.

A expectativa dos familiares é que os restos mortais de Campos cheguem a Recife amanhã para que possa ter início o velório, com missa em praça em pública, na Praça da República, em frente ao Palácio do governo. O pedido de uma missa aberta foi feito pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, e acatado por Renata Campos.

‘EU GANHEI UM IRMÃO E AGORA O PERDI’

Mais cedo, o prefeito de Recife, Geraldo Julio, e do presidente do PSB pernambucano, Sileno Guedes visitaram a família. Muito emocionado, o prefeito da capital, que esteve com a família de Campos até as 2h da noite anterior, comentou o clima de perda.

— A dor é muito grande. Eduardo não é só um líder político, é o maior líder político que já conheci. Ele é uma figura humana maravilhosa. Eduardo, grande pai, marido, irmão, amigo, uma pessoa realmente iluminada, muito diferenciada. Uma tragédia muito impactante, e com apenas 49 anos — disse Geraldo Julio.

A eleição do prefeito em 2012 foi uma façanha eleitoral comandada por Eduardo Campos. O então governador de Pernambuco decidiu apostar em seu secretário do Desenvolvimento, que nunca havia concorrido a uma eleição. Com o apoio de Campos, Geraldo Julio foi eleito no primeiro turno. O prefeito trouxe uma mensagem de agradecimento da família de Campos.

— Ele já fez tanta coisa, já ensinou tanto a tanta gente a cuidar do seu povo, a se dedicar inteiramente ao interesse coletivo. A família está muito abalada, esse é o momento de a gente cuidar muito, estar muito com a família. Trago inclusive uma mensagem da família, eles agradecem toda a solidariedade que tem sido demonstrada por todo o povo brasileiro, pelos pernambucanos. A gente pede que as pessoas possam se unir nesse momento por Eduardo, é uma coisa muito importante nesse momento, a fé de todos, o pensamento por ele e pela família. Essa é uma mensagem que a gente traz da família para todos os brasileiros — afirmou o prefeito, que finalizou, com voz embargada:

— Eu ganhei um irmão e agora o perdi.

Sileno Guedes, presidente do PSB de Pernambuco, afirmou tratar-se de um momento “muito duro” e inesperado para a família e os amigos de Eduardo Campos, especialmente para a viúva, Renata Campos, e para a mãe do ex-governador, a ministra do TCU Ana Arraes, que ficou até tarde da noite ao lado dos netos, e depois se recolheu em sua residência em Recife. O dirigente disse que a noite de quarta-feira, a primeira após o acidente, foi longa: “uma noite inacreditável”, classificou.

— Nós, amigos, admiradores, liderados, estamos sofrendo muito com essa perda, de um amigo, de um líder, de um mestre, de uma pessoa que era muito viva, que tinha uma disposição muito grande de fazer as coisas, que se alegrava em realizar e executar, principalmente para aqueles que mais necessitavam. Ele tinha um prazer enorme de ver uma obra pública funcionando bem para as pessoas que mais precisavam — ressaltou Sileno.

Fonte: ORMNews.

Publicado por Folha do Progresso fone para contato  Tel. 3528-1839 Cel. TIM: 93-81171217 e-mail para contato:folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br

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