Felipão prepara mudança de Paulinho por Fernandinho

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Sempre preocupado em manter os laços da ‘família’, técnico preserva titular, mas vislumbra substituição

No primeiro treino para o jogo de sábado contra o Chile, a disputa entre Fernandinho e Paulinho pela vaga de titular só começou em pé de igualdade pelo fato de ambos terem calçado chuteiras enquanto os demais jogadores, que atuaram o tempo todo contra Camarões, usavam tênis em exercícios leves. Embora os dois tenham participado do treino com bola entre os reservas, o técnico Luiz Felipe Scolari tem todos os motivos para efetivar a entrada de Fernandinho. A julgar pela maneira como o treinador preza os laços de família no ambiente de trabalho, chegou a hora de mudar para manter a saúde de todo o clã.

Ao contrário da relação da seleção com os fãs em Teresópolis, que oscila entre o contato físico e a busca por isolamento, Felipão costuma seguir a mesma orientação ao longo de seus trabalhos. É capaz de dar sucessivas chances para um jogador recuperar a confiança, mas não costuma perder a oportunidade quando a entrada de um reserva, como Fernandinho, oferece o equilíbrio que faltava ao time. Na conquista do penta, Kleberson fez o mesmo papel que agora se oferece a Fernandinho.
Em 2002, a mexida representou uma mudança de conceito depois de a seleção atingir 100% de aproveitamento numa primeira fase em que Juninho Paulista completava o quarteto ofensivo, ao lado de Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho. Nas oitavas de final, com o time vulnerável aos sucessivos ataques da Bélgica, Kleberson entrou no lugar de Juninho para ganhar o jogo e a vaga, ao cruzar para Ronaldo sacramentar a vitória por 2 a 0.
SAÍDA É VISTA COM NATURALIDADE
Dessa vez, a troca de um volante por outro deu nova direção ao meio-campo no intervalo do jogo contra Camarões. Logo no início do segundo tempo, num passe longo da esquerda para a direita, Fernandinho já tinha virado o jogo a seu favor. Por mais que se preocupe em não descartar seus jogadores, haja visto que voltou a escalar Hulk depois de o atacante ter se mostrado inseguro antes do jogo com o México, Felipão está à vontade para sacar Paulinho pelas chances que lhe ofereceu sem a devida contrapartida.
Desde que o jogador perdeu sequência e confiança, ao trocar o Corinthians pelo Tottenham, o técnico bancou sua convocação e o manteve entre os titulares apesar do desempenho decrescente. Como numa estrada em que os mais lentos vão para a pista da direita, o caminho ficou aberto para a ultrapassagem de Fernandinho. Como quem insiste em fechar os espaços acaba provocando colisão, até Paulinho já mostra cuidado para preservar a integridade de todos.
— Vejo minha saída de forma supertranquila com o professor optando pelo Fernandinho. Ele fez excelente jogo, um excelente segundo tempo, e foi abençoado por um gol. Todos têm qualidade e podem entrar de olho fechado para fazer um excelente trabalho — disse Paulinho após o jogo contra Camarões.
Diante dos bons ou maus momentos, a naturalidade é um traço da personalidade de todo o grupo. Às vésperas de um jogo decisivo, a postura dos jogadores durante um dia de trabalho na Granja não é muito diferente da do primeiro treino, há um mês. Emocional ou geograficamente, a temperatura em Teresópolis ainda não subiu ao ponto de tirar a delegação da zona de conforto.

MÃO DUPLA
Entre as cercas recém-instaladas para evitar novas invasões de campo e as portas abertas para homenagear as vítimas das enchentes de 2011, as movimentações na vizinhança não perturbam o sossego que atravessa a permanência da seleção em Teresópolis. O confinamento oferece tempo para tudo ou para fazer nada. A falta de treinos táticos ou secretos se deve a opção da comissão técnica por uma carga de trabalho cada vez mais branda quando toda a energia deve ser acumulada para o próximo desafio.
A diretriz da poupança é acompanhada pela CBF. Embora use a magia do futebol para dar algum alento a quem perdeu tudo nas enchentes, a entidade não ofereceu qualquer ajuda institucional, salvo a cessão do terreno para o pouso de helicópteros. Na relação de mão dupla entre seleção e torcida, a iniciativa de receber os desabrigados antes do treino de ontem também serviu para mexer na autoestima dos jogadores. Ao verem no rosto das crianças, a expressão da confiança que toda a torcida tem neles, os integrantes da família Scolari sentem que ainda podem dar muito mais. Diante do aparente esgotamento de Paulinho, chegou a vez de Fernandinho fazer a sua parte.

Por: O Globo

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