Forças Armadas definem democracia ou ditadura, diz Bolsonaro

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 (Foto:Marcello Casal Jr / Agência Brasil) – Sob pressão política diante do atraso na distribuição de vacinas contra a covid-19, o presidente Jair Bolsonaro, nesta segunda-feira, 18, mandou recados a seus críticos e afirmou que as Forças Armadas são as responsáveis por decidir se há democracia ou ditadura em um país.

Depois da derrota sofrida para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que deu a largada na vacinação, e dos problemas para fazer o imunizante chegar aos Estados, Bolsonaro elogiou as Forças Armadas que, na sua avaliação, foram “sucateadas” na esteira de uma estratégia para adotar o socialismo no Brasil.

“Quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não a apoiam”, afirmou o presidente, em conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada. Candidato a novo mandato, em 2022, Bolsonaro sugeriu, ainda, que a situação pode mudar, dependendo do resultado da disputa.As declarações repercutiram mal.

O tom ideológico do presidente ocorre no momento em que aumentam protestos contra o governo, como panelaços, sua popularidade cai nas redes sociais e há pressão para o impeachment.

“No Brasil, temos liberdade ainda. Se nós não reconhecermos o valor desses homens e mulheres que estão lá, tudo pode mudar. (…) Como estariam as Forças Armadas com o Haddad no meu lugar?”, perguntou o chefe do Executivo, em referência ao ex-prefeito Fernando Haddad (PT), seu rival na campanha de 2018.

Não é a primeira vez que Bolsonaro diz que a democracia depende da vontade dos militares, mas, nos últimos tempos, subiu o tom dessa narrativa. A ameaça vai na contramão da Constituição. Pela Carta de 1988, as Forças Armadas estão subordinadas ao poder civil e não têm autonomia para decidir os rumos políticos do País.
“O pessoal parece que não enxerga o que o povo passa, para onde querem levar o Brasil. Para o socialismo.

Por que sucatearam as Forças Armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo”, disse o presidente, que é capitão reformado do Exército, no diálogo com eleitores.Bolsonaro abriu nova polêmica justamente quando se discute a instalação de uma Comissão Representativa do Congresso, neste mês de recesso parlamentar, para votar a convocação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e projetos relacionados à pandemia do coronavírus.”O presidente flerta, mais uma vez, com o acirramento na relação com as instituições, o que é muito grave.

É uma frase recorrente, muito próxima de desrespeitar a Constituição. Agora volta, no meio da pandemia, num sinal de desespero em relação à completa falta de gestão do seu governo e do seu Ministério da Saúde”, disse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-SP), ao Estadão.A instalação de uma comissão do Congresso para se debruçar sobre a crise é uma nova queda de braço, a duas semanas das eleições que vão renovar o comando da Câmara e do Senado.

A principal disputa, hoje, é travada na Câmara entre os deputados Arthur Lira (Progressistas-AL), apoiado por Bolsonaro, e Baleia Rossi (MDB-SP), que tem o aval de Maia.Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o Congresso e o Supremo Tribunal Federal precisam estar atentos a Bolsonaro.

“Só um cego não percebe o caminho que o presidente está traçando na sua trajetória”, destacou. Seu colega José Serra (PSDB-SP) também se levantou contra o recado de Bolsonaro. “Trata-se de uma visão autoritária em estado puro. Quem quer a democracia é o povo. E às Forças Armadas cabe servir à democracia. Como, aliás, elas têm feito nos últimos anos”, observou o tucano.O ex-ministro da Defesa Raul Jungmann foi na mesma linha.

“Quem zela pela democracia, em primeiro lugar, é o povo, no uso dos seus direitos políticos. Em segundo, seus representantes e as instituições democráticas. Dentre estas, os poderes da República e as nossas Forças Armadas estão comprometidas com a democracia e a sua defesa”, disse ele.’Mentes autoritárias’ afligem o Brasil, afirma FachinRelator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin disse ao Estadão nesta segunda-feira, 18, que duas pragas afligem atualmente o Brasil: a pandemia de covid-19 e “as mentes autoritárias e suas variações antidemocráticas”. O ministro ainda defendeu o STF após a tentativa do presidente Jair Bolsonaro de responsabilizar a Corte pela crise sanitária.

“Não se impute ao STF a inapetência de gestão. Informação e conhecimento científico são os remédios contra a perversa desinformação estimulada por mentes autoritárias, não raro visível em autoridades portadoras de mau exemplo pelo comportamento incompatível com as altas funções que exercem”, afirmou Fachin.”Isso, democracia e liberdade, só existe quando as suas respectivas Forças Armadas assim o querem.

“”Nós não queremos negociar nada. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder.””Nós queremos fazer cumprir o artigo 142 da Constituição. E, havendo necessidade, qualquer dos poderes pode, né? Pedir às Forças Armadas que intervenham para restabelecer a ordem no Brasil.””Nós, militares das Forças Armadas, porque eu também sou militar, somos os verdadeiros responsáveis pela democracia nesse país.””Quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas.”

Por:Emilly Behnke,Matheus de Souza e Rafael Moraes Moura – AE

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