Garambone vê “ódio seletivo” a Neymar e lembra Maradona, Ronaldo e R10

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Para jornalista, ídolo argentino, Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho são mais compreendidos e menos contestados por comportamentos “indesejados e não esperados”

Segue a polêmica em torno das vaias da torcida do PSG e da imprensa sobre Neymar com o desenrolar dos acontecimentos após a goleada por 8 a 0 sobre o Dijon, na última quarta, pelo Campeonato Francês. O craque brasileiro marcou quatro gols, deu duas assistências, fez chover, mas não deixou Cavani bater o pênalti em que poderia passar Ibra e se tornar o maior artilheiro da história do clube. E ainda saiu sem saudar a torcida, que o vaiou por isso. Para o apresentador Carlos Cereto, a carga sobre o camisa 10 ocorre também pelo acúmulo de episódios, que lhe dão uma imagem antipática, de alguém mimado, egoísta, talvez até por não se posicionar como deveria em determinadas questões. Cereto acha que o jogador também não faz questão de quebrar essa impressão. O jornalista Sidney Garambone vê excesso de intolerância e defendeu o brasileiro.

– Não vou falar os nomes, mas numa rede social, as pessoas escreveram as seguintes coisas sobre o Neymar: “Ô criatura arrogante e insuportável “, “Trata-se de um ser humano da pior espécie”, “Um b… esse moleque”. Aí eu fico assim: puxa, a gente vai… a nossa bílis, o nosso ódio, a nossa gastrite ser direcionada a um jogador de futebol porque ele tem atitudes que a gente não gosta? Olha o que o Maradona fez em termos de comportamento indesejável e não esperado, e ele continua sendo idolatrado lá na Argentina. E hoje a gente veio conversando sobre isso. Por que a gente tem essa impaciência e, vamos lá, perseguição ao Neymar, e o Ronaldo Fenômeno, por exemplo, sempre teve a nossa compreensão? E o Ronaldinho Gaúcho sempre foi também: “Ah, o Ronaldinho Gaúcho, e tal, mágico da bola, e tal.” Então a gente está, pegando a palavra da moda, meio que sendo seletivo com o nosso ódio – disse, no “Redação SporTV”.

Ainda segundo Garambone, há um excesso de fiscalização com o comportamento do jogador e, no caso de Neymar, um certo incômodo do torcedor com o seu “não comprometimento” em ser o que se espera dele.

– Eu fico preocupado com o excesso de fiscalização. Hoje em dia a gente vive um pouco a tirania do comportamento, é muito fiscal do comportamento alheio, quando a gente tem que ser fiscal do discurso alheio, que eventualmente seja homofóbico, racista. Nisso a gente tem que estar todo mundo atento. Mas ao comportamento eu tenho minhas dúvidas. O Neymar, em última instância, faz o que tem vontade. Nesse caso dos 7 a 0 (antes do oitavo gol), ele é o cobrador oficial do Paris Saint-Germain. E uma coisa a gente tem que lembrar. No Barcelona, ele jamais chegou para o Messi e falou assim: “Pô, Messi, quem tem que bater o pênalti sou eu.” Porque ele reconhecia: “Esse cara é a referência, é o maior, é o camisa 10. No PSG, sou eu.” Eu acho que a gente é muito exigente, se incomoda mesmo, Essa coisa meio “blasé” dele. Ele vai nas redes sociais, se dá muito bem, faz brincadeiras, tem os parceiros. Isso parece que incomoda. Esse “não comprometimento” do Neymar com o que as pessoas esperam que ele seja. Há um exagero nesse ponto.

Jornalista vê “ódio seletivo” a Neymar e lembra complacência com Maradona, Ronaldo e R10

Apesar de defender Neymar das críticas pesadas, Garambone acha que o jogador aumentou a confusão ao não ir ao fim do jogo para saudar a torcida. O camisa 10, segundo o jornalista, teve chance de diminuir a polêmica.

– O que eu falei no começo do programa é: ele bateu o pênalti porque é o cobrador oficial. Agora, ele aduba a confusão ao não ir no final do jogo saudar a torcida junto com o time. Nisso eu acho que ele falha. Porque aí, a não ser que ele queira… “Eu quero estar no centro do conflito, que as pessoas não tenham uma relação só de amor, tem que ser amor e ódio. porque isso também me faz mais famoso.” Porque se ele sai como se nada tivesse acontecido, ele diminui a polêmica, hoje em dia a gente não estaria falando tanto disso. Mas ele alimentou a polêmica.

O correspondente Tim Vickery também viu como pesadas as críticas a Neymar, não se incomoda e acha “bem-vinda” a suposta arrogância do jogador, e admite ser a geração atual mais mimada. O jornalista considera que os jogadores de futebol acabam sendo alvos de inveja e raiva e “culpados” pelas distorções de distribuição de renda da sociedade como um todo.

– No jogo ele foi muito generoso quando botou o companheiro na cara do gol (Mbappé). Eu acho um pouco de arrogância muito bem-vindo. Sem um pouco de arrogância ele não seria o Neymar. Às vezes é o preço que você paga pelo jogador extraordinário que ele é. O contexto disso tudo é: por um lado, parece que na sociedade o jogador de futebol vira culpado pelo dinheiro que ele ganha. Culpado por uma distribuição de renda que é maluca. Mas não é culpa dele. Pela quantidade de dinheiro que eles ganham, recebem muita inveja, raiva. Por outro lado, isso não se aplica mais ao Neymar, mas à geração dele. Eles são mais mimados hoje em dia. Tem um cara na Inglaterra que é envolvido com música punk… Ele lembra que na nossa época se falava: “Não confie em ninguém com mais de 30 anos.” Hoje em dia ele fala o seguinte: “Não confie em ninguém com menos de 30 anos. Porque eles são mimados demais. É a maneira com que a sociedade andou.”

Fonte: SportTV.
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