Governo acaba com secretaria dedicada a mudanças climáticas e gera temor entre cientistas

‘As pessoas ficavam fazendo turismo internacional às custas do governo’, alega novo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles
No Acordo de Paris, do qual o Brasil é signatário, o país prometeu reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 em relação ao que era emitido em 2005 Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo/24-08-2018

BRASÍLIA – O novo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, resolveu acabar com a Secretaria de Mudanças do Clima e Florestas e transferir a agenda climática para uma assessoria especial ligada a ele, com estrutura menor. Segundo Salles, a secretaria tinha virado um ajuntamento de pessoas que “ficavam fazendo turismo internacional às custas do governo. Ele cita que quase 50 servidores do ministério haviam viajado para a Polônia no mês passado para participar da Conferência da ONU sobre Clima, a COP-24, encontro anual dos países-membros.

Ricardo Salles, novo ministro do Meio Ambiente Foto: Adriano Machado / REUTERS/10-12-2018
Ricardo Salles, novo ministro do Meio Ambiente Foto: Adriano Machado / REUTERS/10-12-2018

— Essa secretaria tinha virado cargo honorífico. As pessoas ficavam fazendo turismo internacional às custas do governo. Sabe quantas pessoas foram para a Polônia? 48 — reclamou ele.

Salles nega que a medida representará um rebaixamento da agenda climática. Segundo o novo ministro, ela está sendo tomada para dar “efetividade administrativa”. Ele ainda não definiu quem assumirá a pauta, nem quantas pessoas cuidarão de clima no ministério, mas decidiu que será um trabalho feito em conjunto com a Secretaria de Assuntos Internacionais da Pasta.
Medo de perda de relevância da área

Para o ambientalista Carlos Rittl, do Observatório do Clima, é inegável que há um esvaziamento deste e de outros temas ambientais na nova gestão. Ele classifica como um erro que as mudanças climáticas sejam tratadas apenas como um tema internacional, pois há um rol de compromissos que o Brasil firmou junto à ONU e que têm que ser cumpridos nacionalmente.

No Acordo de Paris, do qual o Brasil é signatário, o país prometeu reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 em relação ao que era emitido em 2005. Dentro desse compromisso, está o de acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.

— Não tem como interpretar (o fim da Secretaria de Mudanças do Clima e Florestas) como algo que vai trazer eficiência e dar mais relevância ao tema. Quem vai ficar responsável pelo Plano Nacional de Adaptação, por exemplo? — questiona Rittl.

O ambientalista aponta que, além dos compromissos, o Brasil havia apresentado um plano na área de recuperação de florestas para receber US$ 500 milhões do fundo verde criado no âmbito dos 194 governos-parte da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC). Essa proposta será analisada este ano pelo painel da ONU. O fim da Secretaria de Mudanças do Clima e Florestas causa preocupação também nesse sentido.

— Não me parece que ele vai conseguir convencer que o tema está sendo tratado com a devida importância — avalia Rittl.

Fonte:O Globo/Catarina Alencastro
Envie vídeos, fotos e sugestões de pauta para a redação do JFP (JORNAL FOLHA DO PROGRESSO) Telefones: WhatsApp (93) 98404 6835- (93) 98117 7649.

“Informação publicada é informação pública. Porém, para chegar até você, um grupo de pessoas trabalhou para isso. Seja ético. Copiou? Informe a fonte.”
Publicado por Jornal Folha do Progresso, Fone para contato 93 981177649 (Tim) WhatsApp:-93- 984046835 (Claro)
Site: WWW.folhadoprogresso.com.br   E-mail:folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br e/ou e-mail: adeciopiran_12345@hotmail.com