Governo do Pará assina projeto de lei da Educação Escolar Indígena

Foto:Reprodução | Iniciativa histórica assegura ensino bilíngue e valorização dos saberes tradicionais; proposta segue para análise da Alepa

O Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), assinou o Projeto de Lei que institui a Política Estadual de Educação Escolar Indígena, consolidando um marco inédito na valorização da diversidade cultural e linguística dos povos originários no estado. Construída com ampla participação social, a proposta agora será encaminhada à Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) para apreciação e votação.

O documento é resultado de um processo de escuta ativa e diálogo com as comunidades indígenas, com consultas livres, prévias e informadas realizadas nas oito etnorregiões do Pará. A construção coletiva envolveu professores, lideranças, organizações representativas e representantes do poder público.

Ensino diferenciado e respeito à identidade cultural

Com foco na interculturalidade e na garantia de direitos, o projeto assegura uma educação escolar indígena diferenciada, bilíngue (em língua materna indígena e português) e fundamentada na valorização dos saberes tradicionais. A medida atende ao que prevê a Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) e normativas específicas da área.

Durante a cerimônia de assinatura, o governador Helder Barbalho destacou a importância do projeto para a transformação da educação indígena no Estado.

“Com esta lei, o Estado se desafia a um processo absolutamente fantástico de melhoramento da qualidade da educação indígena no território paraense e, mais do que isso, aponta a mais importante e robusta lei com amplitude de transformação da qualidade da educação. Com isso, podemos garantir a preservação da cultura indigenista no Estado do Pará, com uma educação que permita que os povos preservem a sua cultura e tenham acesso à educação de qualidade”, afirmou o governador.

Participação indígena e valorização dos saberes tradicionais

A secretária de Estado dos Povos Indígenas, Puyr Tembé, primeira mulher indígena a ocupar o cargo, enfatizou que a política é fruto da luta histórica dos povos indígenas.

“Este é um momento de muita emoção e responsabilidade. Celebramos um avanço que é resultado da persistência e da resistência de nossos povos. A educação escolar indígena passa a reconhecer e valorizar nossas línguas, nossas culturas e nossos saberes ancestrais. É a afirmação de que nossas crianças e jovens têm direito a aprender a partir de sua própria história, fortalecendo a identidade e o protagonismo indígena em cada comunidade”, disse.

O projeto de lei também prevê ações estruturantes, como:

Implementação do ensino bilíngue (língua materna e português);
Realização de concursos públicos específicos para professores indígenas;
Fortalecimento do Sistema Modular de Ensino Indígena (Somei);
Criação do Conselho Estadual da Educação Escolar Indígena;
Inclusão dos saberes tradicionais como parte do currículo escolar.

Construção interinstitucional e escuta ativa

A procuradora-geral do Estado, Ana Carolina Gluck Paul, reforçou o caráter participativo da proposta. “Ela reflete a necessidade de uma educação multicultural inclusiva para os povos indígenas. Teve uma preocupação especial em garantir a consulta prévia, livre e informada, com todos os povos indígenas, nas oito etno-regiões do nosso Estado. É uma legislação dos indígenas para os indígenas, que reúne várias mãos, várias mentes e vários corações”, afirmou.

O coordenador executivo da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), Ronaldo Amanayé, destacou que a política abrange toda a diversidade indígena do estado.

“A educação escolar indígena é para todos os povos indígenas do Estado do Pará. Nós temos mais de 30 línguas faladas, são mais de 70 povos indígenas no estado, representando mais de 25% do território paraense. A educação faz parte desse processo de sustentabilidade e sociodiversidade, garantindo saúde, infraestrutura e políticas públicas de qualidade para os nossos povos”, disse.

Avanços concretos e próximos passos

O projeto foi elaborado por um Grupo de Trabalho interinstitucional, com participação da Sepi, Procuradoria-Geral do Estado (PGE), Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Universidade do Estado do Pará (Uepa) e da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa).

Segundo o secretário adjunto de Educação, professor Diego Maia, o projeto abre caminho para avanços concretos no sistema educacional indígena. “Nós vamos ter um avanço grandioso, como, por exemplo, o concurso para professores indígenas, a criação do Conselho Estadual de Educação Indígena, essencialmente indígena, e a valorização da identidade, da cultura e dos valores tradicionais. Atender essas especificidades culturais do nosso território amazônida é um avanço significativo”, afirmou.

O próximo passo será o envio do Projeto de Lei à Alepa, onde passará pelo processo legislativo. A expectativa é que a aprovação consolide a Política Estadual de Educação Escolar Indígena como um instrumento fundamental para garantir o direito à educação com respeito à identidade, cultura e autonomia dos povos originários.

 

Fonte:Agência Pará e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 20/09/2025/08:00:00

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