Ímã vira anzol e resgata até fuzil do fundo de rios de São Paulo

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Acompanhado do sogro e da mulher, Moisés Pozzolini exibe facão pescado no Rio Mogi-Guaçu: hobby é exibido em perfil do YouTube Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Popular nos Estados Unidos, pescaria magnética ganha adeptos pelo Brasil e as redes sociais: entre achados estão armas e pedaços de carros

Numa segunda-feira de julho, o ambulante Moisés Pozzolini, de 33 anos, posicionou-se sobre uma ponte de uma rodovia e lançou em direção ao rio uma corda com um ímã na ponta. Depois de meia hora de espera, fisgou algo pesado e com um formato estranho. Puxou o objeto e só tomou ciência do que se tratava quando ele ficou a cerca de dois metros de suas mãos. “Caramba! Acho que sei o que é isso”, disse ao colega que o acompanhava, mas principalmente aos seguidores do seu canal no YouTube que assistiriam à cena, gravada em vídeo. “É a base de uma metralhadora! Esse ímã é top demais”.
Pozzolini é adepto da pesca magnética, uma prática popular nos Estados Unidos e em alguns países europeus, mas relativamente nova no Brasil. A técnica usa um ímã para capturar objetos de ferro em rios, córregos, lagos e represas.

Entusiastas exaltam a prática como aliada do meio ambiente, por retirar lixo da água, e justificam o apreço ao hobby pelo mistério dos achados e por nunca voltarem para a casa com as mãos vazias. Em contrapartida, críticos ressaltam os riscos da atividade, como o possível afogamento dos praticantes ou ainda a chance de pescar itens potencialmente perigosos, como facas, armas e até mesmo explosivos.

Pozzolini descobriu ter pescado naquele dia parte da estrutura de um fuzil — e não era mentira de pescador, ele tem tudo registrado. Arremessou mais algumas vezes e pegou outros pedaços da arma que, embora bastante deteriorada, conservava parte da numeração. Para se proteger de possíveis complicações legais, ele filmou a pescaria sem cortes e chamou a Guarda Municipal. Enquanto os agentes observavam curiosos o achado, um amigo retirou da água um revólver calibre 32.

— Todo rio tem arma. Principalmente na minha região, palco da revolução de 32 (levante paulista contra Getulio Vargas). Além disso, é no rio que os bandidos arremessam a arma para não dar flagrante. Mas fuzil? Nunca imaginei achar.

A pescaria magnética é popular em redes sociais como o YouTube. Brasileiros de várias regiões do país exibem a captura de armas, bicicletas, pedaços de motos e até de carros. O Detectorismo Mogi, de Pozzolini, é um dos perfis mais visitados: reunia 76 mil seguidores na última semana, com postagens com mais de dois milhões de visualizações.

‘Deu polícia’

Pozzolini já ganha dinheiro com o canal e usa os recursos para comprar equipamentos, como ímãs importados da China e uma pequena lancha para exploração em represas. Seguidores do canal passaram a pescar com ele em cidades como Lindóia, Jaguariúna, Pedreira, Porto Ferreira, Socorro e Cosmópolis.

No YouTube, é comum encontrar na descrição ou título dos vídeos frases como “Desta vez, deu polícia” ou “Fui parar na delegacia” quando armas são pescadas.

Pozzolini já chamou a polícia várias vezes. Numa delas, tomou, segundo ele, “um esculacho” de um PM, que se incomodou com a burocracia que teria para encaminhar a arma. Em outra, o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da PM se deslocou da capital até Mogi para manusear a granada pescada por ele.

— Alguns praticantes colocam as armas em quadros, como troféu, mas devolvo todas. Uma dessas pode ajudar a solucionar um crime—diz.

Algumas das que ele encontrou foram registradas em Boletins de Ocorrência, mas a Polícia Civil de Mogi Mirim, segundo um escrivão da cidade ouvido pelo GLOBO, não abriu inquérito para investigar a origem delas. O delegado chefe foi procurado por duas semanas e não retornou aos pedidos de entrevista.

As partes do fuzil entregues à Guarda Civil Municipal de Mogi Guaçu seguem sob a posse da corporação. Segundo Elzio Romualdo, comandante da guarda, representantes do Exército foram verificar o material, mas não julgaram necessário levá-lo. O Exército é o responsável por dar o destino correto aos produtos controlados.

— Como está corroído e não dá para puxar as numerações (completas), não tem muito material para pesquisa. Eles (Exército) falaram que não há o que ser feito, é só um pedaço de ferro — contou Romualdo.

fONTE:o globo pOR:Aline Ribeiro
26/09/2021 – 07:33
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