Indígenas Munduruku que vivem em região sem UTIs para Covid-19 cobram Hospital do Tapajós, no PA

image_pdfimage_print

Obras no Hospital Público do Tapajós, em dezembro de 2019. — Foto: Reprodução / Agência Pará

Sem hospital, população da região Tapajós, incluindo indígenas, precisa ser transferida para outras cidades. Inauguração foi adiada para primeira quinzena de julho.

Indígenas da etnia Munduruku cobram a entrega do Hospital Regional do Tapajós, em Itaituba, no sudoeste do Pará. A entrega atrasou e parte da estrutura já está pronta para atender pacientes de Covid-19, mas a unidade aguarda instalação da central de oxigênio, segundo a Secretaria de Saúde do Pará (Sespa). Sem o hospital, a região do Tapajós fica sem leitos para tratar a doença e a população, incluindo indígenas, precisa ser transferida para outras cidades.

As obras começaram em 2013 e, até então, o hospital nunca foi inaugurado, motivando protestos há anos na cidade. De acordo com a Sespa, a abertura estava prevista para a última sexta (26), mas foi adiada para a primeira quinzena de julho, com 54 leitos clínicos e 20 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“Até quando vai continuar essa novela da inauguração?”, diz o indígena Karo Munduruku.

Ele afirma, ainda, “enquanto isso, a população fica vendo seus entes queridos em estado grave sendo encaminhados para Santarém, até mesmo para Belém, sabendo que existe um hospital aqui que já poderia ser inaugurado, antes mesmo da pandemia”.

Karo vive em uma aldeia na Reserva Indígena Praia do Mangue, em Itaituba, onde segundo ele já morreram duas pessoas por complicações da Covid-19. O indígena relata que um infectado teve que ser transferido para uma UTI em Belém e outro morreu no município, sem atendimento.

“O oeste também é Pará e o governo tem governado para Belém e região metropolitana. Isso está errado! Se for falar de economia, a região tem ajudado há bastante tempo no desenvolvimento econômico do estado”, cobra.

Segundo Karo, o hospital “poderia ter evitado mais de 50 mortes que ocorreram na região e que ainda podem acontecer”, incluindo indígenas mortos na região.

“Todos aqui da região querem saber qual motivo (do atraso na entrega do hospital), será que é mais importante os números de mortes do que a vida?”, conclui.

Dados da Covid-19 entre indígenas da região Tapajós

De acordo com dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a região do rio Tapajós soma 525 casos confirmados de Covid-19 e 10 óbitos entre índigenas. São 66 casos suspeitos, 270 descartados, 467 com o vírus ativo e 47 com cura clínica.

Sem leitos de UTI, os indígenas são primeiramente atendidos no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Tapajós, em Itaituba, estendendo atendimento pelo rio Tapajós, destinado a uma população de 12.722 indígenas, de quatro etnias, compostas por 141 aldeias. A unidade atende quatro municípios, segundo os dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena.

‘Outro lado’

Em nota, a Sespa informou que já disponibilizou alas específicas para comunidade indígena nos hospitais de campanha em Belém, Marabá, Santarém e Breves.

De acordo com a nota, a regulação para a comunidade também está em conformidade e o Estado, junto com a Sesai, Ministério da Saúde e Exército, vem realizando ações de saúde dentro das aldeias, com equipes médicas da Polícia Militar realizando consultas, visitas domiciliares aos indígenas idosos, testes rápidos da Covid-19 e medicamentos para tratamento de sintomas leves e moderados.

A Sespa afirmou, ainda, que enviou a todos os DSEIs máscaras de proteção e álcool 70% e que, na sexta (26), entregou equipamentos de proteção individual (EPIs) para a Fundação Nacional do Índio (Funai), em Belém, que serão usados pelos servidores da instituição durante distribuição de cestas básicas aos indígenas, para proteger tanto os servidores quanto os indígenas da contaminação pelo novo coronavírus. Disse também que está programado para os próximos dias um novo fornecimento de álcool 70%.

Sobre o atraso do Hospital do Tapajós, a direção disse que ele funcionar, sem a capacidade total, somente para casos de Covid-19 e que “só poderá entrar em funcionamento depois que a empresa fornecedora do sistema de abastecimento de oxigênio do Hospital, a White Martins, resolver os problemas técnicos que até aqui impediram o fornecimento de oxigênio”.

Em nota, a White Martins informou que concluirá a instalação do sistema de suprimento de gases medicinais até o dia 7 de julho, antes do prazo estabelecido em contrato e de acordo com todas as medidas de segurança para fornecimento deste tipo de produto.

 
hospital regionalMoradores de Itaituba, no PA, protestam devido ao atraso da entrega do Hospital Regional do Tapajós. — Foto: Reprodução

hospital regional itaitubaObras no Hospital Público do Tapajós, em dezembro de 2019. — Foto: Reprodução / Agência Pará

Por Taymã Carneiro, G1 PA — Belém

Envie vídeos, fotos e sugestões de pauta para a redação do JFP (JORNAL FOLHA DO PROGRESSO) Telefones: WhatsApp (93) 98404 6835- (93) 98117 7649.

“Informação publicada é informação pública. Porém, para chegar até você, um grupo de pessoas trabalhou para isso. Seja ético. Copiou? Informe a fonte.”
Publicado por Jornal Folha do Progresso, Fone para contato 93 981177649 (Tim) WhatsApp:-93- 984046835 (Claro) -Site: www.folhadoprogresso.com.br   e-mail:folhadoprogresso.jornal@gmail.com/ou e-mail: adeciopiran.blog@gmail.com

 

 

 

%d blogueiros gostam disto: