Jovem indígena teve 85% do couro cabeludo arrancado por eixo de motor, diz hospital

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Vítima sendo levada para o hospital de Santarém, no Pará (Foto: Geovane Brito/G1) – Adriana Fernandes do Santos, de 17 anos, chegou a Santarém na manhã desta segunda (10) e está internada no HMS. Acidente aconteceu na região do Rio Arapiuns e é o primeiro caso em cinco anos no oeste do Pará.
Adriana Fernandes do Santos, primeira vítima de escalpelamento na região oeste do Pará em cinco anos, teve 85% do couro cabeludo arrancado por eixo de motor, segundo o Hospital Municipal de Santarém (HMS). O acidente aconteceu no fim da tarde de domingo (9) e a vítima chegou ao município na manhã desta segunda-feira (10).

De acordo com a assessoria da unidade hospitalar, a paciente está na sala de reanimação do Hospital e já recebeu atendimento da equipe de neurologia. Apesar de o quadro de saúde ser estável, a adolescente precisa realizar procedimentos clínicos de alta complexidade. O setor de regulação já solicitou transferência para o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) e aguarda retorno.

A jovem tem 17 anos e mora na comunidade Mariazinha, na região do Rio Arapiuns, próxima a comunidade Cachoeira do Aruã a 100 km do centro de Santarém.

Segundo a mãe da jovem, Marcilene Fernandes, o acidente foi muito rápido. Ela seguia com a filha em uma “bajara” – pequena embarcação parecida com uma canoa e motorizada. Ainda muito abalada com a tragédia, Marcilene falou como aconteceu o acidente.

 Adriana Fernandes do Santos foi levada pelo Samu ao HMS (Foto: Geovane Brito/G1)

Adriana Fernandes do Santos foi levada pelo Samu ao HMS (Foto: Geovane Brito/G1)

“A gente ia viajando de um sítio que a gente tem para chegar a escola dela e quando ela foi pentear o cabelo tropeçou numa tábua da bajara e caiu. Tava no meio do rio. Eu tentei e consegui parar a rabeta, já era tarde demais”, disse.

Para soltar o cabelo da filha do eixo, a mãe usou uma faca e contou com a ajuda de outra pessoa que estava na embarcação para desligar o motor e desprender a jovem. Devido a gravidade dos ferimentos e a forte dor, a Adriana acabou desmaiando.

Depois do acidente a mãe buscou ajuda na comunidade onde a família mora. Em seguida, se deslocaram de carro até o posto de saúde da comunidade Cachoeira do Aruã.

Marcilene contou ainda que a busca por ajuda demorou porque a distância entre a comunidade Mariazinha e Cachoeira do Aruã é de cerca de 3 horas de carro. No momento não havia veículo para transporte. O acidente aconteceu por volta das 18h e a família só conseguiu chegar ao posto 8 horas depois da tragédia.

O enfermeiro que estava de plantão realizou os primeiros atendimentos e acionou o helicóptero para fazer a transferência de Adriana até Santarém.

O escalpelamento é um acidente mais comum no Norte, sendo provocado pelo eixo do motor das pequenas embarcações. Por conta da falta de proteção, as vítimas, em sua maioria mulheres, ao se aproximarem do motor, têm os cabelos puxados.

 Cobertura do eixo do motor de uma embarcação previne novos casos de escalpelamento (Foto: Capitania Fluvial de Santarém/Divulgação)

Cobertura do eixo do motor de uma embarcação previne novos casos de escalpelamento (Foto: Capitania Fluvial de Santarém/Divulgação)

A forte rotação enrola os cabelos em torno do eixo e chega a arrancar parte ou totalmente o coro cabeludo. Em alguns casos, as vítimas sofrem danos graves e chegam a perder as orelhas e a pele do rosto, causando deformações e até a morte.

Segundo a Capitania Fluvial, o último caso de escalpelamento registrado no oeste do estado foi em 2012, em Oriximiná. O maior desafio é mudar o hábito de muitos ribeirinhos da Amazônia, que ainda vivem a chamada “cultura do risco”. A Capitania de Santarém vai apurar acidente.
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Por Geovane Brito, G1 Santarém, Pará
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