Líderes religiosos são denunciados por abusar sexualmente de fiéis no RJ

Um deles teria abusado de uma adolescente de 15 anos, em sua própria casa, alegando estar sendo possuído por ‘Exu’
( Foto:   Divulgação/Arquivo) – Três líderes de um centro religioso na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, foram indiciados pela Polícia Civil e denunciados pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) por abusarem sexualmente de seguidores em rituais de “iniciação tântrica”. De acordo com a denúncia, Marcelo Antonio Marques Prazeres, Leonardo Campello Ribeiro e Jayson Garrido de Oliveira – respectivamente presidente, vice-presidente e médium ativo do Centro Espiritualista Semeadores da Luz (CESL) – simulavam incorporar entidades e usavam de sua posição para manter relações sexuais com homens e mulheres que frequentavam o local. Um deles teria abusado de uma adolescente de 15 anos, em sua própria casa, alegando estar sendo possuído por “Exu Caveira” em um ritual chamado por ele de “magia vermelha”.

A denúncia do MP trata Marcelo e Leonardo como “pessoas inteligentes, com profundos conhecimentos religiosos e alto poder de persuasão”. No centro, que alega pregar o universalismo como filosofia, reunindo vertentes religiosas de umbanda, candomblé, Igreja Gnóstica Cristã e correntes orientais, os três, de acordo com a denúncia do MP, diziam estar possuídos por entidades como “Caboclo Pena Branca”, “Preta-Velha Maria Conga”, “Vovô-Rei Congo de Aruanda” e “Boiadeiro Urubizara” para coagir os fiéis a ter relações com eles.

O documento conta que o presidente do centro, Marcelo, na condição de líder espiritual, conduzia práticas de “iniciação religiosa”, além de rituais tântricos, em que praticava os atos libidinosos. A denúncia diz que foram mais de 100 abusos praticados por ele no período de 2009 a 2016, sempre de modo parecido: as supostas vítimas eram informadas que estavam “prontas” para serem iniciadas pela autoridade máxima: o próprio Marcelo. Em uma das várias denúncias feitas à polícia, um homem, que diz ter tido relações sexuais com Marcelo contou que o suposto religioso afirmava que eles foram um casal em outra vida e que por isso “possuíam forte afinidade”. Um outro revelou ao MP que ele afirmava que a vítima precisava deixar que o penetrasse para que alcançasse “maior evolução espiritual”.Ele acrescentou que nas práticas usavam vestimentas brancas, repetiam mantras, utilizavam ervas e mel, que muitas vezes eram passados nos lábios de ambos, e realizou semelhantes práticas até descobrir que estava sendo manipulado.
ACUSADO FINGIA SER PSICÓLOGO

A Promotoria denuncia ainda que Leonardo, vice-presidente, sabia dos abusos e não os impediu, inclusive incentivando as vítimas a obedecerem à vontade de Marcelo. Ele também é denunciado por praticar atos sexuais com fiéis, afirmando que uma entidade havia determinado. Leonardo foi denunciado ainda por fingir ser psicólogo e exercer irregularmente a profissão ao menos 67 vezes com diferentes vítimas, cobrando pelas sessões realizadas em um consultório dentro do próprio centro – ele chegou a ter um filho com uma das vítimas, segundo o documento. Em um dos depoimentos à polícia, uma suposta vítima, que trabalhava como secretária no centro, afirma que Leonardo uma vez afirmou que seu problema de insônia era causado por abstinência sexual.

O terceiro denunciado, Jayson, médium antigo do CESL, teria abusado pelo menos de duas vítimas – uma delas com 15 anos. De acordo com a investigação do Ministério Público, ele convencia as supostas vítimas a praticar de maneira sigilosa a chamada “magia vermelha”, que resolveria os problemas emocionais e materiais delas. Durante esses rituais, teria beijado à força a boca e passado a mão nas partes íntimas de uma suposta vítima, na época menor de idade. Ela conta no documento que ele foi à sua casa, dizendo estar possuído por “Exu Caveira”

O trio foi denunciado no artigo 215 (violação sexual mediante fraude), com pena prevista de reclusão de 2 a 6 anos, e no artigo 171 (estelionato), com pena de 1 a 5 anos, ambos do código penal.

A Polícia Civil afirmou que “a 37ª DP (Ilha do Governador) concluiu o inquérito policial e indiciou os envolvidos no crime, após a oitiva de cerca de 25 pessoas”.

A reportagem tentou entrar em contato diversas vezes com o Centro Espiritualista Semeadores da Luz (CESL), sem sucesso.

Por: Extra 22 de Agosto de 2018 às 21:47 Atualizado em 22 de Agosto de 2018 às 21:47

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