Lixo tóxico é abandonado em área florestal do Pará há 15 anos

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Crime ambiental já provocou contaminação e morte.
Dono do lugar diz que usina tinha condições de incinerar lixo.

Mais de 30 mil toneladas de resíduos industrias estão abandonados em uma área de floreste no sudeste do Pará há 15 anos. O lixo tóxico pertence a 75 empresas, e veio de várias regiões do país para uma usina que operava ilegalmente na Amazônia. O crime ambiental foi descoberto após a morte de um funcionário por intoxicação, e o dono da usina só foi preso quinze anos após a tragédia.

Segundo o Ministgério Público, empresas brasileiras e multinacionais das áreas de petróleo, eletrônicos e da indústria química mandaram os residuos para Ulianópolis, onde a usina operou ilegalmente entre 1999 e 2002.

Os promotores denunciaram à justiça 17 empresas, que decidiram não colaborar. De acordo com o MP, elas também são responsáveis pela contaminação porque não se preocuparam em verificar se o depósito tratava do lixo de forma correta.

“Ela (a empresa) recebeu aqui no estado do Pará, a mais 3000 quilômetros, rejeitos de empresas sediadas em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Paraná. Foi uma solucao mais barata, irresponsável e em alguns casos criminosa”, disse o promotor de justiça José Godofredo Santos.

Com outras 58 empresas a negociação está avançando. 55 delas assinaram um acordo para contratar uma empresa que vai avaliar, a partir de abril, os danos ambientais provocados pelo descarte do materiial tóxico em uma área do tamanho de mil campos de futebol.

Investigações
A apuração do caso ganhou fôlego há um ano, quando foi preso o dono da usina, Pedro Paulo Pereira da Silva. Ele foi condenado em 2014 a sete anos e meio de prisão por crime ambiental e estelionato.

“Começamos a trazer de 23 estados. Não havia nada com toxidade que pudesse trazer ou transmitir alguma coisa, transmitir uma doença”, disse o empresário em gravação cedida pelo Ministério Público do Pará.

A empresa começou a funcionar como depósito de lixo com uma autorização que violava uma lei estadual de 1995, que proíbe a entrada de resíduos tóxicos no Pará. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente disse que agiu dentro da lei, e que o alvará do depósito permitia apenas a incineração de resíduos produzidos no estado.

A usina não dava conta de queimar todo o resíduo industrial, então acabava despejando o excedente na mata. “São resíduos de agrotóxicos, óxido de chumbo… esse material está se espalhando pela floresta e deve estar contaminando o solo, pode estar contaminando os lençóis freáticos”, explica o pesquisador Marcelo Lima, do Instituto Evandro Chagas.

Risco à saúde
Até hoje mais de vinte ex-funcionários da empresa sofrem os efeitos da contaminação. “O forno rodava quente. Derretia terra e ficava só o chumbo”, disse Gleidson Pereira de Oliveira, que trabalhava na indústria.

Os ex-funcionários fizeram exames que indicaram concentrçaões de chumbo no sangue muito acima do normal. “É tontura e bastante dor nos ossos. Tem semana que é obrigado ficar internado”, disse Iranildo Brito, detalhando os sintomas que sente.

“Chumbo inorgânico tem vários efeitos. Efeitos de anemia, problemas de rim, dores abdominais, fraqueza e alterações neurológicas”, explica o toxicologista da Santa Casa de São Paulo Tarcísio Penteado Buschinelli.

Em 2002 a usina foi fechada após a morte do funcionário Manoel Benedito dos Santos. Ele teve contato com a Dicloroanilina, um produto altamente tóxico. “Ele me chamou no forno. Tava vazando um cano e começou a arder”, relembra Éber dos Santos

“Em algumas pessoas mais sensíveis a dicloroanilina pode ter uma hemólise, ou seja, uma anemia por destruição dos glóbulos vermelhos imediata e isso é potencialmente fatal”, detalha Buschinelli.

Apesar da fatalidade, o dono da usina diz que o lugar tinha estrutura necessária para queimar lixo industria. “Tinha engenheiro químico, engenheiro de mina, dois médicos ocupacionais, três técnicos em segurança”, relata Pedro Paulo.

Os funcionários questionam a versão do ex patrão. “É uma grande mentira dele. Nunca foi médico lá dentro para fazer exame de ninguém., Nunca foi nada”, aponta Éber dos Santos. Outros funcionários dizem que trabalhavam sem equipamentos de proteção.

Justiça
Quinze anos após a morte de Manoel, os trabalhadores ainda brigam na justiça por indenizações. Em volta dos tonéis, manchas negras no meio da vegetação indicam que a natureza também pede socorro.

Fonte: G1 PA.
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