Marabá lidera redução de emissões de CO² no Pará, aponta estudo da Fapespa

(Foto: Reprodução) – O ano de 2023 teve o menor registro de emissões desde 2017, com Marabá sendo destaque em redução e Altamira na captura.

A Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa)acaba de lançar um estudo que fornece dados e contribui com informações sobre a dinâmica das emissões e capturas de CO², além das atividades econômicas e municípios paraenses que mais colaboram para emissões e capturas. A expectativa é de que as informações possam auxiliar na elaboração de estratégias para redução de impacto ambiental e integrar debates de preservação durante a 30ª edição da Conferência das Partes, a COP30, que será realizada no mês de novembro na capital paraense.

De acordo com os estudos, nas últimas duas décadas, o Pará vem apresentando declínio significativo de quase 30% nas emissões de CO²e. Todo o levantamento foi desenvolvido com base no Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg), uma das maiores bases deste segmento no mundo, e uma iniciativa do Observatório do Clima. O ano de 2023 teve o menor registro de emissões desde 2017, com Marabá sendo destaque em redução e Altamira na captura.

Nesse cenário, a Amazônia brasileira desempenha um papel fundamental no equilíbrio climático global, atuando como uma espécie de “sumidouro” de carbono capaz de capturar grandes quantidades de CO² da atmosfera. No entanto, a destruição da floresta tem comprometido sua capacidade de sequestrar carbono e, em algumas áreas, ela já se tornou emissora líquida de gases de efeito estufa (GEE). O estado do Pará, por sua vasta extensão territorial e presença significativa da Floresta Amazônica, ocupa uma posição central nesse contexto, com o desafio de equilibrar crescimento econômico e sustentabilidade.

“Lançamos a nota técnica como uma ferramenta de auxílio na busca por soluções que possam reduzir o impacto ambiental e fortalecer iniciativas de conservação e reflorestamento, proporcionando, ainda, robustez aos debates da preservação da Amazônia durante a COP 30”, explica Márcio Ponte, diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural (Diepsac) da Fapespa.

Emissões

O estudo analisou as emissões e captações de CO²e com base em dados que refletem a dinâmica do carbono na economia e no meio ambiente paraense, considerando setores estratégicos como o desmatamento, a agropecuária, a indústria e a geração de energia. Na linha do tempo de emissões de GEE no Pará, 2023 foi o ano com menor registro de emissões desde 2017.

As emissões brutas paraenses, em 2023, foram de 312,3 milhões de toneladas de CO²e, o que corresponde a 13,6% do total de gases CO²e emitidos em âmbito nacional. Quando consideramos as emissões líquidas, que são a diferença entre as emissões brutas e as capturas de CO², o ano de 2023 encerrou com 192,6 milhões de toneladas de CO²e, menor registro desde 2017, além de queda expressiva de 60,6% em relação ao ano 2000.

Os dados indicam ainda uma redução significativa nas emissões brutas de CO²e emanadas do estado do Pará entre 2000 e 2023, passando de 438,7 milhões para 312,3 milhões de toneladas de CO2e, uma queda de 28,8%. Essa redução foi impulsionada, sobretudo, pela diminuição de 49,8% nas emissões provenientes do uso agropecuário na floresta primária, o que sugere um avanço na preservação dessas áreas e, possivelmente, uma aplicação mais efetiva de políticas ambientais e mecanismos de monitoramento.

A redução significativa nas emissões da “formação florestal – pastagem”, que caiu 45,6% (de 376,1 para 204,7 milhões de toneladas de CO²e), foi o principal fator responsável pela diminuição global das emissões no estado. Esse recuo pode refletir uma menor conversão de florestas em pastagens.

Quando observados os emissores, a pecuária se mantém como maior fonte emissora de CO² no estado, representando 91,9% das emissões totais em 2023. Apesar disso, entre 2000 e 2023, a atividade foi a principal responsável pela redução das emissões brutas no Pará, com uma queda de 31,6% (de 419,2 para 286,9 milhões de toneladas de CO²e).

Essa redução pode estar associada a fatores como mudanças nas práticas de manejo, maior eficiência na produção ou até mesmo à desaceleração da conversão de novas áreas florestais em pastagens. No entanto, os altos níveis de emissão reforçam a necessidade de políticas contínuas de mitigação, como a intensificação sustentável, o incentivo a sistemas integrados de produção e a implementação de tecnologias de baixa emissão na cadeia pecuária.
Capturas

Avaliando as capturas de CO²e, que são os quantitativos de remoção desse gás da atmosfera, o Pará vem apresentando uma grande capacidade de captura, mantendo níveis acima de 119 milhões de toneladas de CO²e retiradas da atmosfera desde 2013. A captura aumentou 136%, passando de 71 milhões de toneladas de CO²e em 2000 para 167,5 milhões de toneladas em 2023.

Esse crescimento foi impulsionado pelo aumento da captura da floresta primária (+148,6%) e da floresta secundária (+125,4%), evidenciando a importância dos ecossistemas florestais para a compensação das emissões no estado. Dentre as atividades econômicas responsáveis pelo aumento da captura de CO²e no Pará, entre 2000 e 2023, destaque para “vegetação nativa” como o principal fator de crescimento no sequestro de CO²e da atmosfera, com aumento de 135,3% no período. Esse avanço consolidou a vegetação nativa como o maior sumidouro de carbono do estado, representando 99,7% da remoção total de gás carbônico da atmosfera.

A floresta primária continua sendo o principal sistema de remoção de CO²e, captando 110,4 milhões de toneladas, 65,9% do total da substância. Já a floresta secundária responde por 31,2% da captura, reforçando o papel da regeneração florestal na absorção de carbono.

Outros sistemas, como as vegetações não florestais primária (2,2%) e secundária (0,3%), além de áreas sem vegetação para uso agropecuário (0,3%), possuem contribuições menores, mas ainda relevantes dentro do contexto de captura de CO²e no estado. Outro destaque foi a floresta alagável, que também apresentou um aumento expressivo na remoção de CO²e (+101,1%), indicando que áreas úmidas e ecossistemas de várzea desempenham um papel relevante na mitigação das emissões
Por município

A análise dos principais municípios com emissões brutas de CO²e no Pará entre 2000 e 2023 revela um cenário de redução significativa em algumas localidades. Marabá, no sudeste paraense, foi o destaque na redução de emissões, com queda de 60%, o que fez com que o município passasse da segunda para a sexta posição no ranking estadual de emissores, agora respondendo por 2,7% das emissões totais do Pará.

Na mesma região, Santa Maria das Barreiras também apresentou uma queda expressiva de 44,7%, saindo da terceira para a nona posição, com 2,3% de participação estadual. Já São Félix do Xingu, também no sudeste do estado, apesar de ter reduzido suas emissões em 14,9%, continuou sendo o maior emissor de CO²e do estado, com 8,1% das emissões totais.

Na captura, um dos principais destaques é o município de Altamira, no sudoeste do Pará, que aumentou a remoção de gases em 160,4%, mantendo-se como o maior receptor de CO²e do estado, com 15,1% de participação. Esse crescimento pode estar relacionado a iniciativas ambientais e práticas sustentáveis que aumentaram a capacidade de remoção de gases na região, destacando Altamira como um dos principais contribuintes positivos para a mitigação das emissões de CO²e no estado do Pará.

Outro destaque é Oriximiná, na região oeste, que registrou um expressivo aumento de 407%, subindo para a segunda posição no ranking estadual, com 10,8% de participação. Jacareacanga, novamente no sudoeste, se destacou com um aumento impressionante de 2.727,1% na remoção de CO²e, tornando-se o sexto maior receptor do estado, com 4,5% de participação.

 

Fonte: Ingrid Sales – O Liberal e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 27/06/2025/09:45:38

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