Na ONU, Lula manda recados a Trump, diz que ataque ao Judiciário do Brasil é ‘inaceitável’ e condena anistia: ‘Democracia é inegociável’

Lula discursa na ONU — Foto: Mike Seggar/Reuters 

Presidente também criticou guerras e afirmou que ‘nada justifica o genocídio em Gaza’. Petista defendeu ainda a regulação das redes sociais e citou condenação de Jair Bolsonaro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso durante a abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) com recados a Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

O petista afirmou que agressão ao Judiciário brasileiro é “inaceitável”. E condenou “falsos patriotas” e a possibilidade de anistia a quem ataca a democracia.

Ele disse ainda que a democracia e a soberania brasileiras são “inegociáveis”. E que o Brasil passou uma mensagem ao mundo com a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.

No discurso, Lula também defendeu a regulação das redes sociais. E, ao criticar ações de Israel contra o grupo terrorista Hamas, afirmou que “nada justifica o genocídio em curso em Gaza”.

O petista também chamou atenção para as mudanças climáticas e convidou os líderes presentes na assembleia para comparecerem à COP30, em Belém (PA).

A Assembleia Geral da ONU é o principal evento das Nações Unidas e acontece anualmente em Nova York. Durante a assembleia, líderes dos 193 países membros da ONU discursam.

O Brasil é tradicionalmente o responsável pelo discurso de abertura do debate de líderes na ONU, que está em sua 80ª edição. Cada país tem o direito de fazer um discurso para apresentar seu ponto de vista sobre o tema do encontro e a situação global. O tema deste ano é “Melhor juntos: 80 anos e mais em prol da paz, do desenvolvimento e dos direitos humanos”.

A fala de Lula em defesa da soberania brasileira ocorreu no dia seguinte à nova rodada de sanções do governo americano a cidadãos brasileiros como reação ao julgamento e condenação do ex-presidente Bolsonaro.

Bolsonaro foi condenado, no início de setembro, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Os ministros concluíram que ele liderou uma organização criminosa que tentou impedir a posse de Lula, entre 2022 e 2023.

Lula e Trump trocaram críticas frequentes nos últimos meses, em especial desde que os Estados Unidos sobretaxaram em 50% produtos brasileiros, com o argumento de tentar encerrar uma “caça às bruxas” a Bolsonaro. Com o tarifaço, este é o pior momento das relações entre Brasil e EUA nas últimas décadas.

“Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há 40 anos pelo seu povo depois de duas décadas de governos ditatoriais”, disse Lula.

“Não há justificativas para as medidas unilaterais e arbitrárias contra as nossas instituições e nossa economia. Agressão contra a independência do poder Judiciário é inaceitável. Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema-direita subserviente e saudosa das antigas hegemonias”, completou o petista.

O petista afirmou ainda que “falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil”. “Não há pacificação com impunidade”, emendou.

“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”, acrescentou Lula.

Recados a Trump

Sem citar os EUA, Lula abriu o discurso com uma crítica à política externa e tarifária adotada por Trump.

“Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder. Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando a regra”, disse.

“Existe um evidente paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia”, acrescentou.

Em seus posicionamentos internos, Lula tem criticado o americano pelo ataque à soberania nacional e, após o julgamento, tem destacado a independência do STF.

Menção à condenação de Bolsonaro

Lula também comentou, durante o discurso, a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam. Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela”, afirmou Lula.

“Há poucos dias, e pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito”, disse ainda o presidente.

‘Nada justifica o genocídio em curso em Gaza’, diz Lula na ONU

No seu discurso, Lula também lamentou a ausência do presidente da Autoridade Palestina presencialmente na reunião e afirmou que “nada justifica o genocídio em curso” na Faixa de Gaza.

“Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo, mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza”, afirmou Lula.

O presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, não participa presencialmente da reunião deste ano, após o governo de Donald Trump, dos Estados Unidos, revogar todos os vistos de membros do governo palestino.

Reforma da ONU e defesa do multilateralismo

O presidente brasileiro defendeu a reforma da ONU, além de mencionar a importância do multilateralismo — pauta recorrente em seus discursos durante viagens internacionais e em outras edições da assembleia.

“A voz do Sul Global deve ser respeitada e ouvida. A ONU tem hoje quase quatro vezes mais membros do que os 51 que estiveram na sua fundação. Nossa missão histórica é a de torná-la novamente portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância”, afirmou.

Pauta ambiental e ‘COP da verdade’

No pronunciamento, o presidente brasileiro chamou a atenção para as questões climáticas e destacou a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA).

“Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado. A COP30, em Belém, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta”, disse Lula.

Nesse contexto, ele reforçou o convite aos países para a conferência. “Sem ter o quadro completo das Contribuições Nacionalmente Determinadas (as NDCs), caminharemos de olhos vendados para o abismo”.

Regulação das redes sociais

Na Assembleia Geral da ONU, o petista voltou a defender a regulação das redes sociais.

“Regular não é restringir a liberdade de expressão, é garantir que o que já é ilegal no mundo real seja tratado assim também no mundo virtual”, afirmou o presidente.

Segundo Lula, ataques à regulação servem para “encobrir interesses escusos”. Nesse contexto, Lula defendeu a atuação do parlamento brasileiro na discussão sobre o tema e falou sanção da lei sobre a “adultização”.

“Ataques à regulação servem para encobrir interesses escusos e dar guarida a crimes, como fraudes, tráfico de pessoas, pedofilia e investidas contra a democracia”, afirmou Lula.

Venezuela e Ucrânia

Lula defendeu ainda manter aberta a “via do diálogo” na Venezuela e a busca de uma “solução realista” para a guerra entre Rússia e Ucrânia.

O presidente mencionou Venezuela, Haiti e Cuba ao falar de instabilidades no Caribe e na América Latina.

Lula não citou os EUA, que deslocaram navios militares para o Caribe sob pretexto de combater o narcotráfico, mas disse que a região vive “momento de crescente polarização e instabilidade”.

“A via do diálogo não deve estar fechada na Venezuela. O Haiti tem direito a um futuro livre de violência. E é inadmissível que Cuba seja listada como país que patrocina o terrorismo”, acrescentou o petista.

“No conflito na Ucrânia, todos já sabemos que não haverá solução militar. O recente encontro no Alaska despertou a esperança de uma saída negociada. É preciso pavimentar caminhos para uma solução realista. Isso implica levar em conta as legítimas preocupações de segurança de todas as partes”, concluiu o petista.

 

Fonte: G1 — Brasília e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 23/09/2025/15:42:07

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