‘Não sabemos o que a matou’, diz mãe de Millena Brandão ao criticar atendimento de UPA e 2 hospitais

“Os médicos ainda não disseram o que realmente minha filha teve e o que a matou”, disse Thays Brandão, mãe da atriz, em entrevista ao g1. “Ficou um ponto de interrogação”, lamentou. Ela e o marido, Luiz Brandão, de 35 anos, também são pais de uma menina de 2 anos.

Por meio de notas, as Secretarias da Saúde municipal e estadual informaram que vão apurar se houve alguma irregularidade por parte dos funcionários que atenderam Millena. As pastas não responderam ao g1 qual era o problema de saúde da paciente nem qual foi a causa de sua morte (saiba mais abaixo).

A atriz morreu nove dias depois de começar a sentir fortes dores na cabeça e na perna, ter sonolência, falta de apetite e desmaiar. Desde a última quinta-feira (24), ela passou por uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) municipal e dois hospitais estaduais. Uma das suspeitas dos médicos era a de um tumor cerebral.

Segundo a família, o velório e o sepultamento de Millena serão neste domingo (4), no Cemitério Campo Grande, na Zona Sul.

Carreira artística

Millena Brandão posa na frente do SBT — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Ela fazia parte da Cia Artística En’cena e participou de novelas como “A infância de Romeu e Julieta” e “A Caverna Encantada”, do SBT, além da produção da Netflix, “Sintonia”.

Em outubro de 2023, Millena celebrou o início da sua carreira na emissora de Silvio Santos. “E o sonho se tornou realidade… Quem acredita sempre alcança”, escreveu na legenda de uma foto em frente ao logo da emissora.

Veja abaixo a cronologia de idas e vindas de Millena em unidades de saúde até a confirmação de morte encefálica, segundo relato dos pais:

Hospital Geral de Pedreira

A atriz mirim Millena Brandão — Foto: Reprodução/Redes sociais

A atriz mirim Millena Brandão — Foto: Reprodução/Redes sociais
A atriz mirim Millena Brandão — Foto: Reprodução/Redes sociais

Millena estava com dor de cabeça quando foi pela primeira vez ao Hospital Geral de Pedreira, na Zona Sul, que é estadual. “Ela estava com dor de cabeça, mas andava e falava. O médico disse que era dengue, mas não fez exame. Disse para irmos com ela de volta para casa e darmos dipirona”, lembrou Thays.

No sábado (26), Milena deixou de desfilar num evento por continuar a sentir dores. “Começou a se queixar de dor na perna, que não conseguia andar. Ela não desfilou. A gente foi embora de novo para o Hospital Pedreira”, afirmou a mãe. De acordo com Thays, os exames de sangue não apresentaram alterações e Millena foi orientada pela equipe médica a retornar para a residência e repousar.

No domingo (27), a família tentou levá-la à igreja, mas a menina se queixava de dores de cabeça mais fortes, sonolência e falta de apetite. Voltaram para casa.

UPA Maria Antonieta

Thays, a filha caçula no colo, Luiz e Millena Brandão — Foto: Divulgação
Thays, a filha caçula no colo, Luiz e Millena Brandão — Foto: Divulgação

Na noite de segunda-feira (28), Millena conseguiu se alimentar, mas desmaiou no banheiro de casa. “Corremos para a UPA Maria Antonieta [também no Grajaú e subordinada à Secretaria Municipal da Saúde]. Chegamos com ela desacordada nos braços do meu marido. Depois, abriu os olhos e recobrou a consciência”, disse Thays.

Exames descartaram dengue, Covid e H1N1, segundo os pais. “Mas disseram que ela estava com infecção urinária”, disse Thays. Ela recebeu antibióticos, dipirona e, diante da dor persistente, tramal.

“Ela colocava a mão na cabeça e gritava de dor”, contou Thays, emocionada. Devido à gravidade do estado de saúde da criança, a equipe médica decidiu pedir uma vaga para ela na internação de algum hospital na capital.

Ainda segundo a mãe, uma enfermeira teria zombado da filha: “Falou para ela não gritar que não ia passar”.

Na manhã do dia seguinte, Millena teve a primeira parada cardiorrespiratória. “O lábio ficou roxo. Depois a reanimaram e entubaram. A partir desse dia, ela não acordou mais.”

Hospital Geral do Grajaú

Millena Brandão tinha 11 anos; ao lado foto do exame onde seta do mouse circundada em vermelho mostra mancha suspeita de ser um tumor no cérebro da atriz, segundo a família — Foto: Reprodução/Divulgação

Millena Brandão tinha 11 anos; ao lado foto do exame onde seta do mouse circundada em vermelho mostra mancha suspeita de ser um tumor no cérebro da atriz, segundo a família — Foto: Reprodução/Divulgação
Millena Brandão tinha 11 anos; ao lado foto do exame onde seta do mouse circundada em vermelho mostra mancha suspeita de ser um tumor no cérebro da atriz, segundo a família — Foto: Reprodução/Divulgação

Millena só conseguiu uma transferência de ambulância da UPA para o Hospital Geral do Grajaú na manhã de terça-feira (29).

“Lá não tinha neurologista. Só foi feita uma tomografia, e os médicos disseram que viram uma massa de 5 centímetros no cérebro dela”, disse Thays (veja foto acima). “Só que não se sabe se essa massa era um tumor, um cisto, um edema, um coágulo… porque não conseguiram abrir a cabeça dela para ver. E agora, que veio o óbito, vão fazer uma biópsia para saber o que tinha no cérebro dela.”

Thays lamenta que essa descoberta não tenha ocorrido antes, quando ela levou a filha a outras unidades de saúde, que poderiam ter transferido a menina para o Hospital das Clínicas (HC), onde há especialistas em neurologia. “Se a UPA tivesse transferido ela para o HC, teriam especialistas em neurologia lá. Tanto que o Hospital do Grajaú quis transferi-la para o HC”, afirmou.

Os dias em que Millena ficou internada foram de martírio e tensão. “Ela teve piora, com duas a três paradas cardíacas por dia. Ela teve 13 paradas no total. Nunca teve isso antes. Teve um dia em que ela teve sete paradas respiratórias. Algumas vezes faziam massagens e em outras davam choque [com o aparelho chamado desfibrilador]”, contou a mãe.

De acordo com Thays, quando uma vaga foi aberta no HC para transferi-la para um especialista em neurologia, os médicos do Hospital Geral do Grajaú avaliaram que seria um risco para a vida dela. “Preferiram deixar para ver se ela estabilizava, pois o simples manuseio no corpo dela a fazia ter paradas cardíacas”, contou a mãe.

Morte encefálica

Milena Brandão, atriz mirim, morre aos 11 anos

Ainda segundo a mãe, como Millena não acordava e seu estado não apresentava melhora, os médicos decidiram dar início ao protocolo para confirmar morte encefálica.

“Desde terça, quando ela foi entubada, não abriu mais os olhos, não teve mais reflexos e não ficou acordada”, disse Thays, com a voz embargada.

“Ontem os médicos fizeram três exames nela, o encefalograma, que constatou a morte cerebral. Eles ainda disseram que iriam esperar o coração dela parar de bater para desligarem os aparelhos”, falou a mãe.

Ela e o marido tomaram uma decisão difícil, mas necessária diante do quadro irreversível da filha. “Eu falei que se fosse para deixar o coraçãozinho dela parar de bater sozinho, a gente sofreria mais, e ela também. E pedimos para desligarem os aparelhos.”

O que dizem as secretarias da Saúde

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Secretaria Municipal da Saúde:

“A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Coordenadoria Regional da Saúde (CRS) Sul, lamenta profundamente a perda da paciente M.M.B. e informa que será aberta sindicância para apuração e esclarecimento detalhado no atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dona Maria Antonieta.

O atendimento à paciente foi realizado na unidade, às 21h do dia 28 de abril. Conforme protocolo de Manchester, foi classificada com prioridade urgente, sendo encaminhada para observação, realizando exames (como o teste de dengue, que deu negativo) e medicação. Sem apresentar melhora clínica, foi solicitada às 07h59, do dia 29 de abril, a transferência via Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo (SIRESP).

Após sinalização da equipe para a regulação sobre gravidade do caso, às 10h54, a vaga foi concedida pelo Hospital Geral do Grajaú e a paciente foi transferida. A direção da Unidade permanece à disposição para o que for necessário.”

A atriz mirim Millena Brandão — Foto: Reprodução
A atriz mirim Millena Brandão — Foto: Reprodução

Secretaria de Estado da Saúde:

“O Hospital Geral de Pedreira lamenta o ocorrido, se solidariza com a família da paciente M.B. e está à disposição para prestar informações sobre o caso. A unidade apurará a conduta médica adotada durante o atendimento.

O hospital informa que, durante a permanência da paciente na unidade, o atendimento, que ocorreu em 26 de abril, foi realizado conforme sua condição clínica. Ela foi avaliada pela pediatra de plantão e medicada de acordo com os sintomas relatados.”

E, a respeito do Hospital Geral do Grajaú, a pasta estadual da Saúde informou o seguinte:

“O Hospital Geral do Grajaú informa, com profundo pesar, que foi confirmada, às 16h55 de hoje (02), a morte encefálica da paciente Millena Brandão, que deu entrada nesta unidade em estado gravíssimo no dia 29/04/2025, transferida da Unidade de Pronto Atendimento Maria Antonieta (UPA).

Desde a sua chegada, a paciente recebeu cuidados intensivos e todo o empenho da equipe médica e assistencial, que não mediu esforços para preservar sua vida.

A confirmação do diagnóstico ocorreu após rigoroso cumprimento do protocolo estabelecido para esses casos.

A família esteve acompanhando cada etapa do cuidado, sendo mantida informada com respeito, acolhimento e todo o apoio necessário neste momento de profunda dor.

Nos solidarizamos com os familiares e reafirmamos nosso compromisso com um cuidado digno e humano.”

Fonte:G1/Jornal Folha do Progresso  e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 04/05/2025/07:48:55

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