Pelo menos três grupos de extermínio agem no Pará

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Foto Rosana Cordovil -Elielson Modesto / arquivo O Liberal –
Denúncias contra a atuação violenta de milícias têm sido cada vez mais frequentes

Pelo menos três grupos de extermínio, as chamadas milícias, atuam na capital e no interior do Pará. A informação é da 3ª Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri. A morte do cabo Antônio Marcos da Silva Figueiredo, o Pet, em novembro de 2014, foi decisiva para chamar a atenção do poder público para a existência dessas facções criminosas, formadas por policiais e ex-policiais. Segundo a promotora Rosana Cordovil, não há estatísticas sobre o número de agentes de segurança pública envolvidos com esses grupos, mas é perceptível um aumento da quantidade de denúncias envolvendo as milícias.

Um dos principais acusados de envolvimento com essas organizações criminosas já foi identificado: Otacílio José Queiroz Gonçalves, o “Cilinho”. Ele é policial militar reformado, está preso e responde por mais de 15 processos na justiça comum. Apenas nas varas de crimes contra vida, Cilinho responde a cinco denúncias de homicídios, além dos crimes de ameaça e lesão corporal, que correm nas demais varas da justiça comum.

Das três varas da promotoria de Justiça do Tribunal do Júri, todas têm denúncias de homicídios contra “Cilinho”. Desde a década de 90 ele já era conhecido nos bairros do Guamá, Terra Firme e Canudos como “matador de bandido”. Nessa época, a fama de Cilinho era ainda maior, pois ele ainda atuava pela corporação. “O que dá para perceber é que, de início, ele agia sozinho, com frequência menor e num maior espaço de tempo”, declarou a promotora Rosana Cordovil.

Conforme a avaliação das denúncias que chegam ao Ministério Público, a promotora identifica que a prática de “pistolagem” ganhou força e mais agentes de segurança – policiais militares e civis principalmente – passaram a integrar o grupo de extermínio, nessa nova fase, com caráter comercial. “Estou há 20 anos na promotoria e nunca vi tantas denúncias envolvendo policiais como nos últimos quatro anos. Mas o nome mais citado nas denúncias é do senhor Otacílio. Ele juntamente com outros passaram a fazer serviço de pistolagem”, explicou a promotora.

CABO PET

A morte do cabo Pet, em 4 de novembro de 2014, seguida pela onda de assassinatos na Grande Belém, revelou publicamente a atuação desses grupos. Naquela noite, logo após o assassinato do cabo Pet, formou-se uma operação de caçada aos responsáveis pelo homicídio. Mas a caçada feita pela milícia chefiada por Cilinho, que até então era o segundo no comando do grupo, conforme constam nas denúncias do Ministério Público, resultou em 15 vítimas de homicídios. No total, 11 jovens morreram no local do crime e quatro em hospitais da Região Metropolitana de Belém.

Ainda conforme consta no processo, os milicianos agiram seguindo o mesmo modus operandi em todos os crimes. Entretanto, para a surpresa das autoridades competentes, das 11 pessoas assassinadas, a maioria não tinha passagem pela polícia. E nenhuma das vítimas tinha relação com a morte de Pet. Eram todos jovens pobres e moradores da periferia de Belém. Diante da situação, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social passou a confirmar a existência e atuação das milícias no Estado.

Cilinho atuou diretamente na articulação dos 15 assassinatos, conforme levantamento do Ministério Público. No dia 10 de março do ano passado, o PM reformado foi preso. Somente na 3ª Vara de Justiça do Tribunal do Júri já havia dois mandados de prisão preventiva contra o miliciano.

No Pará, apesar do aumento do número de denúncias envolvendo milícias, a promotora Rosana Cordovil disse que ainda não foi feita uma estatística específica para identificar o número de policiais militares ou civis envolvidos nesses crimes.

CILINHO

Ontem à tarde, diante dos boatos de que Cilinho teria morrido no Complexo Penitenciário de Santa Izabel, onde está preso, a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) enviou nota à Redação dizendo que a informação é improcedente. “O detento Otacílio José Gonçalves está custodiado no Centro de Recuperação Especial Coronel Anastácio das Neves (Crecan), no Complexo Penitenciário de Santa Izabel”.

O boato começou quanto o criminoso passou mal e precisou ser levado para uma unidade de saúde. Diz a nota: “Na tarde desta quarta-feira (30), ele passou mal e foi encaminhado para UPA de Castanhal, por recomendação médica para avaliar problemas cardíacos. A Susipe informa que o detento foi consultado e também medicado e liberado para retorno ao presídio”.

Por O Liberal

Publicado por Folha do Progresso fone para contato Cel. TIM: 93-981151332 / (093) WhatsApp (93) 984046835 (Claro) Fixo: 9335281839 *e-mail para contato: folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br

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