Pesquisadores confirmam que zika causa microcefalia.

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Rio – Cientistas conseguiram a mais forte evidência de que, ao infectar uma mulher grávida, o vírus zika pode causa microcefalia em seus bebês. Segundo informações do jornal americano The Washington Post, pesquisadores brasileiros e britânicos divulgaram, na última quinta-feira, na revista científica britânica The Lancet Infectious Diseases, um estudo que fizeram com crianças nascidas este ano, no auge da epidemia, no nordeste do Brasil.
Eles compararam 32 bebês que nasceram com microcefalia a 62 que vieram ao mundo na mesma época e na mesma cidade: todos nascidos entre janeiro e maio de 2016, em oito maternidades de Recife.Comparados a nenéns sem microcefalia, os que possuíam a anomalia tinham 55 vezes mais chances de terem contraído zika no útero.
– Foi tirado sangue do cordão umbilical de todos eles. Das 32 crianças com microcefalia, 13 tiveram infecção por zika comprovada laboratorialmente. E nenhum dos bebês sem microcefalia teve resultado positivo para o virus, o que permite a associação da infecção pelo zika na gravidez à contração da doença – explica Thália Velho Barreto, professora da Universidade Federal de Pernambuco e membro do Grupo de Pesquisa da Epidemia da Microcefalia, responsável pelo estudo, que é coordenado pela Fiocruz.
Após pesquisar por quatro meses (de janeiro a maio deste ano), os cientistas, aliados ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças e à Organização Mundial de Saúde (OMS), concluíram que o vírus causa microcefalia e várias outras complicações. Eles citam fortes evidências: a profusão da microcefalia em lugares, de diversos países, onde o zika se alastrou, a incidência de bebês nascidos com microcefalia seis meses após as infecções pelo vírus e evidências de zika no sangue e no fluido espinhal de bebês com a doença.
A última informação vem de um estudo de caso, no qual cientistas comparam um bebê com anormalidade com um outro com características similares, mas sem anormalidade, para entender as diferenças.
“Embora houvesse um forte consenso científico de que o virús zika causa microcefalia, os achados mais recentes desse estudo de caso são as peças que estavam faltando no quebra-cabeças para provar essa ligação”, afirma Laura Rodrigues, especialista em doenças infecciosas da London School of Hygiene & Tropical Medicine e outra autora da pesquisa.
O estudo divulgado é preliminar. A pesquisa completa, que inclui 200 bebês com microcefalia e 400 sem a doença, vai ajudar a quantificar is riscos com mais precisão e dar mais informações sobre outros fatores em potencial, dizem os pesquisadores.
– Precisamos continuar esse estudo para identificar outros fatores que possam estar reduzindo ou potencializando o risco de microcefalia associada ao zika. E também para identificar os danos de acordo com a época da gravidez em que as mães foram infectadas. Ainda há muitas perguntas a se reponder – afirma Thália.
“Mas as descobertas iniciais já são impressionantes”, diz Andrew Pavia, especeialista em doenças infecciosas pediátricas da Universidade de Utah, que não participou da pesquisa.
Ele comparou a busca por uma ligação entre zika e microcefalia com a procura por um suspeito de um assassinato:
“A evidência era muito forte antes do estudo, suficiente para conquistar uma condenação na maioria dos juris. Agora, eles acharam a prova do crime. É uma evidência arrebatadora, não há mais espaço para dúvidas”.
O estudo foi requisitado pelo Ministério da Saúde do Brasil, após a confirmação de mais de 1.800 casos de zika relacionados à microcefalia.
Pesquisadores não sabem que proporção de mulheres infectadas durante a gravidez passa o vírus para o feto e, desses, quantos contraem microcefalia. Mães que tiveram evidências de infecção pelo zika, mas deram à luz bebês saudáveis podem ter sido contaminadas antes de ficarem grávidas. E se elas contraíram o vírus durante a gravidez, ele, aparentemente, não atravessou a placenta.
Segundo dados da OMS, 2.004 bebês nasceram com microcefalia ou outras doenças relacionadas ao zika em todo o mundo.
Programa de assistência
No Rio, o Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Centro, possui, desde março, um projeto de acolhimento das crianças com microcefalia. Segundo sua coordenadora, a pediatra Fernanda Fialho, 115 crianças – e suas mães – de vários municípios do estado foram atendidas até o fim de agosto.
– Primeiro, a criança é constultada por um neuropediatra, um fisioterapeuta, um psicólogo e um assistente social. Se, de fato, for constatada que ela tem microcefalia, ela é encaminhada para fazer exames, como ressonância magnética e eletroencefalograma. – explica Fernanda. – Numa terceira visita, a família volta para pegar os resultados, receber as orientações e, então, retornam para suas cidades de origem.
De acordo com a pediatra, os pacientes têm, em média, 3 meses.
– É uma idade boa. Se eles vêm muito pequenos, não conseguimos fazer uma avaliação adequada. E não pode ser muito tarde, para não perder um diagnóstico – comenta a pediatra.

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Rodrigo Méxas / Raquel PortugalRodrigo Méxas / Raquel Portugal

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