PMs envolvidos na morte de turista espanhola na Rocinha são presos

image_pdfimage_print

Carro em que ela estava foi alvo de disparos de PMs, que afirmam que motorista furou blitz. Italiano que dirigia disse que não viu bloqueio nenhum.

A Polícia Militar do Rio prendeu os dois PMs que atiraram na direção de um carro e mataram uma turista espanhola na favela da Rocinha. Eles afirmaram que o carro furou uma blitz. O motorista disse que nem viu os policiais.

Imagens de uma câmera de segurança divulgadas pelo jornal “O Globo” mostram o momento em que um carro cinza, onde estava a turista espanhola, passa por uma rua da Rocinha. Em seguida, aparecem três policiais correndo. Segundo o jornal, testemunhas ouviram pelo menos nove disparos.

O carro estava em uma localidade conhecida como Largo do Boiadeiro, que fica a uns 200 metros da autoestrada Lagoa-Barra – a principal ligação entre a Zona Sul e a Zona Oeste do Rio. A Polícia Militar informou que o carro não obedeceu uma ordem para parar. Um tenente atirou em direção ao carro e atingiu a turista.

O carro levava cinco pessoas. A turista estava no banco de trás, no meio, entre o irmão e a cunhada. Na frente, o motorista e uma guia de turismo.

Em um outro vídeo, gravado momentos depois, mostra o carro já na entrada da favela. É possível ver o motorista de camisa branca saindo e abrindo o porta-malas. Depois, ele coloca as mãos na cabeça. No fim, o carro sai escoltado pelos PMs.

Segundo os médicos, a turista espanhola já chegou morta ao hospital. Maria Esperanza Jimenez tinha 67 anos.

O veículo dos turistas espanhóis é um carro de passeio tipo caminhonete de porte médio. O que chama a atenção são os vidros muito escuros. No vidro traseiro está a marca do tiro de fuzil que perfurou e matou a turista espanhola Maria Esperanza.

O irmão da vítima, Jorge Luiz Jimenez, e a mulher dele estiveram na Delegacia de Atendimento ao Turista. Também foram o motorista do carro, Carlos Zanineta, italiano que mora no Brasil há quatro anos, e a guia de turismo Rosângela Cunha. Além do dono da empresa de turismo, o também italiano Geanluca Fabris, e a mulher e sócia dele, Elaine Cristina Fabris. O cônsul da Espanha no Rio, Manuel Salazar, acompanhou os turistas.

A Divisão de Homicídios da Polícia Civil começou a investigar o caso. O objetivo é, com a ajuda de testemunhas e das imagens das câmeras de segurança, confrontar as duas versões: da Polícia Militar, que diz que o carro não respeitou a ordem de parar, e a dos ocupantes do carro, que dizem que não viram nenhuma blitz.

Em um depoimento informal, o motorista negou que houvesse bloqueio da PM. “As informações preliminares indicam que ele não viu essa suposta blitz. Então, na verdade, eles estariam passando próximo ao Largo do Boiadeiro com essas turistas e ouviram esse disparo. Posteriormente, viu que a turista caiu dentro do carro já atingida”, disse o delegado Fábio Cardoso.

A Polícia Militar divulgou uma nota em que diz que determinou a prisão em flagrante dos dois policiais diretamente envolvidos no fato: um oficial e um soldado. E que eles foram encaminhados para a unidade prisional da PM. Os nomes deles não foram divulgados.

Ainda, segundo a nota, o Ministério Público Militar vai decidir os rumos da investigação. A PM informou que segue os procedimentos estabelecidos no Manual de Abordagem e que em casos como o desta segunda-feira (23), os policiais não devem efetuar disparos, mas, sim, perseguir o veículo. A Polícia Militar vai investigar porque esse procedimento não foi cumprido.

A morte da turista ganhou repercussão internacional e foi destaque em um dos principais jornais da Espanha, o “El País”. A violência do Rio preocupa as autoridades espanholas. No site do Ministério de Assuntos Exteriores da Espanha, o governo diz que nenhum bairro do Rio de Janeiro oferece plenas condições de segurança.

A Polícia Militar quer saber, também, em que condições a empresa de turismo vendia pacotes no momento em que a Rocinha está em guerra. Um pouco antes da turista ser baleada, houve confrontos entre policiais e criminosos em duas outras localidades da favela. Dois policiais e um suspeito ficaram feridos.

Em depoimento, o motorista disse que, de manhã, levou os três turistas espanhóis e a guia, deixou essas pessoas no alto da favela e eles ficaram lá passeando a pé, caminhando pela Rocinha. Ele, então, desceu para esperar esses turistas na parte baixa. Mais tarde, ainda segundo o motorista, a guia telefonou e disse que ele poderia busca-los pois já tinham terminado o passeio. O motorista disse que quando estava subindo a favela, foi parado por uma blitz da Polícia Militar, que ele foi revistado, o carro também foi revistado, mas que logo depois ele foi liberado e subiu, então, para buscar esses turistas no alto do morro.

Segundo fontes da polícia, a partir desse momento, o carro passou a ser monitorado pelos policiais porque eles desconfiaram que o motorista poderia descer com bandidos. O motorista começou a descer e disse que não viu nenhuma blitz, que não recebeu nenhuma ordem para parar e que só percebeu que algo de errado estava acontecendo quando ouviu três disparos e que o último foi o mais forte e que balançou o carro.

Os turistas espanhóis, o irmão da vítima e a cunhada dela, confirmaram essa história e disseram que cada um pagou R$ 140 pelo passeio que acabou em tragédia.

Fonte: G1.
“Informação publicada é informação pública. Porém, para chegar até você, um grupo de pessoas trabalhou para isso. Seja ético. Copiou? Informe a fonte.”
Publicado por Jornal Folha do Progresso, Fone para contato 93 981177649 (Tim) WhatsApp:-93- 984046835 (Claro)   E-mail:folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br

%d blogueiros gostam disto: