Polícia vai ouvir ex-médico sobre manipulação genética

Delegada quer explicações de Abdelmassih sobre práticas ilegais

O ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, deve voltar a ser interrogado pela Polícia Civil de São Paulo nas próximas semanas. Depois de relatar o inquérito que levou a Justiça a condená-lo a 278 anos de prisão por ter abusado sexualmente de 39 pacientes, quatro anos atrás, a delegada Celi Paulino Carlota quer, agora, ouvir explicações de Abdelmassih sobre denúncias de manipulação genética ilegal.

Abdelmassih, que foi levado anteontem para a Penitenciária de Tremembé, é acusado de ter usado práticas antiéticas e proibidas para aumentar o sucesso dos seus tratamentos. Ao menos três casais que passaram pela clínica do ex-médico relataram à polícia e ao Ministério Público ter descoberto, após exames de DNA, que os bebês não têm o mesmo material genético que os pais.

Uma das hipóteses é que o ex-médico utilizava material genético de outras pessoas para gerar os bebês das pacientes.

A investigação tenta descobrir, também, se ele oferecia a possibilidade de escolher o sexo da criança, o que é proibido, e se fazia turbinamento de óvulos — prática que envolve a mistura de parte do citoplasma de um óvulo mais saudável no óvulo da paciente.

— Há dezenas de relatos de que havia venda de óvulos na clínica e de que o material genético retirado das pacientes não era descartado corretamente e era reaproveitado — disse a delegada Celi, da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher.

TESTEMUNHA-CHAVE

Uma testemunha considerada chave é o engenheiro químico Paulo Henrique Ferraz Bastos, de 42 anos. Ele trabalhou para uma empresa que fazia pesquisas de células-tronco para Abdelmassih e denunciou à imprensa procedimentos irregulares que ocorriam na clínica, em 2011. Até hoje, porém, não prestou depoimento à Polícia Civil.

As práticas atribuídas a Abdelmassih teriam provocado problemas de má-formação em crianças, o que foi relatado por pelo menos quatro mulheres. A artista plástica Maria Sílvia de Oliveira Franco, de 43 anos, fez um tratamento com o ex-médico em 1997, mas, com dois meses de gravidez descobriu que seu bebê morreu:

— Na terceira tentativa, ele implantou seis embriões, me disse que isso era ilegal, que o permitido eram três embriões, mas fez mesmo assim. No segundo mês, descobri que meu bebê estava morto, não tinha batimentos no coração.

O Ministério Público do Paraguai informou que pretende investigar políticos, policiais e funcionários públicos locais que possam ter ajudado Abdelmassih a viver ilegalmente no país. A identidade usada pelo ex-médico no país vizinho mostra uma foto original sua, mas está registrada com o nome de Ricardo Galeano, que teria nascido em 6 de fevereiro de 1949, na cidade de Presidente Hayes.

Fonte: ORMNews.

Publicado por Folha do Progresso fone para contato  Tel. 3528-1839 Cel. TIM: 93-81171217 e-mail para contato:folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br