População jovem do Pará começa a reduzir em ritmo acelerado.

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Aumento do número de idosos no Estado será irreversível em menos de 2 décadas, de acordo com o IBGE
A última estimativa populacional do Pará, divulgada no início do mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra redução da população jovem e aumento do número de idosos em ritmo acelerado. A projeção do IBGE é de que em menos de duas décadas, o Pará entrará em uma fase de queda irreversível no número de habitantes.
Pela estimativa, o Estado conta atualmente com 8.272.724 habitantes, 29,05% dos quais crianças e jovens entre 0 e 14 anos (2.403.226 pessoas). Em 2000, a proporção de paraenses nessa faixa-etária era bem superior, 37,69% – o que aponta uma redução de 22,92% nesse grupo de habitantes. Em compensação, no mesmo período, o número de pessoas acima de 60 anos passou de 5,45% para 7,66% do total de habitantes, correspondente a 633.690 pessoas – elevação percentual de 40,55%.
O Estado ainda tem muitos jovens, graças ao aumento populacional do passado. Assim, há muita gente tendo filhos. Estima-se que a cada 12 minutos, nasce um novo bebê no território paraense. Parece muito, mas não é. O crescimento da população neste ano foi de 1,19%. É quase metade do ritmo que se via em 2001, de 2,03%. No início da década de 1960, quando o Pará atingiu o auge, o aumento anual era em torno de 4%. O crescimento do número de habitantes tende a zero e, depois, à queda.
Pelas Projeções da População do IBGE, por grupos de idade, em 2025, a parcela de habitantes com 60 anos ou mais no Estado alcançará os dois dígitos (10,31%), enquanto o total de crianças e jovens estará em torno de 23%. Em 2030, essas porcentagens serão de 12,11% e 21,40%, respectivamente. “As projeções do IBGE para os Estados vão até 2030 e não foi possível constatar ainda a queda da população do Pará nesse período. Em todo o País, esse decrescimento está previsto para acontecer em 2044. Então, prevemos que a taxa de crescimento negativa do Pará deva ocorrer um pouco depois”, avalia a pesquisadora do IBGE, Izabel Marri.
Mesmo não apontando redução da população paraense em 2030, as projeções do IBGE estimam crescimento do número de habitantes praticamente nulo nesse ano: 0,62%. Teme-se que diante desse cenário a economia empaque. “A população é importante para fazer a bicicleta andar”, resume a demógrafa Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para ela, a inflexão em todo o País virá mais cedo, por volta de 2035. Mas o momento de se preocupar com o problema é já. O maior número de idosos representa desafios para o pagamento de aposentadorias, para a assistência médica e até mesmo para o urbanismo.
O demógrafo do IBGE Marden Barbosa de Campos atribui o aumento do índice de idosos no Pará, como em todo o Brasil (passou de 8,21% em 2000 para 12,10% em 2016), à redução do número de nascimentos. Segundo os números do último Censo Demográfico de 2010, o número médio de filhos por mulher no País caiiu de 6,16, em 1940, para 1,90, em 2010. A região Norte foi a que mais contribuiu para esse decréscimo, passando da média de 7,17 filhos para 2,47 no mesmo intervalo de tempo. No Pará, essa taxa chegou a 2,5 filhos, sendo que em 25 municípios, a proporção foi inferior a essa média estadual, com quatro deles, abaixo de um filho.
“O envelhecimento da população acima dos 60 anos tem relação direta com a diminuição da fecundidade. Você diminui o número de crianças e jovens e tem o aumento relativo dos idosos. Em termos absolutos, também estamos observando a redução desses grupos etários de crianças e jovens. Por exemplo, até 2008 a população de 0 a 14 anos do Pará, estava aumentando, e atingiu o seu ponto máximo de 2,5 milhões de habitantes. A partir de então, esse grupo começou a diminuir de tamanho. Hoje, a gente projetou que está em menos de 2,4 milhões e vai chegar em 2030 com 1,99 milhão. Então, ela vai diminuir cada vez mais o tamanho”, analisa o demógrafo.
“Como contraponto, a população de 60 anos ou mais, em 2000, era de 347 mil idosos no Pará. Em 2016, são mais de 633 mil e, em 2030, será de 1,13 milhão. Enquanto o outro grupo estabilizou no início do século e começa a cair de tamanho absoluto a partir de 2008, o grupo composto por idosos só aumenta de tamanho. Por volta de 2030, os idosos, em termos absolutos, triplicarão de tamanho em relação aos anos 2000. Por outro lado, o grupo de jovens diminui de tamanho gradativamente. A mudança é suave, mas ela é rápida. Em 30 anos você muda completamente a cara da população paraense”.
Segundo o pesquisador do IBGE, esse processo de redução das altas taxas de mortalidade e nascimentos é chamado de transição demográfica. Ele começou lentamente nos países mais desenvolvidos, principalmente da Europa, durante o século XIX. No Brasil, essa transição começou entre as décadas de 1960 e 1970, de forma mais acentuada em razão da queda das taxas de nascimento. “Aqui o processo começou bem depois, mas está sendo de uma forma muito mais acelerada. Então, você muda a estrutura etária, a cara da sociedade, em um período curto de tempo. Hoje a conversa é: ‘minha avó tinha dez irmãos, minha mãe teve quatro, eu tenho um e não tenho filhos’”, avalia.
Outro fator que contribui para o envelhecimento da população paraense é a maior expectativa e qualidade de vida dos idosos. Aquela imagem curvada, apoiada em uma bengala, representada nas placas de trânsito, não mais simboliza os idosos, que têm viajado mais, estudado, comprado e ocupado espaços públicos e virtuais. Pelas projeções do instituto, a esperança de vida em 2000 no Estado era de 68,4 anos, saltou para 70,9 dez anos depois e a estimativa para as próximas duas décadas é de 72,8 e 74,4 anos, respectivamente. A idade média da população paraense também deu um salto. Era de 23,98 anos em 2000. Atualmente é de 28,30 anos e será de 33,39 anos em 2030.
“A esperança de vida aumentou muito devido à redução da mortalidade infantil. Mesmo sem o avanço da expectativa de vida, os idosos aumentariam. É lógico que a expectativa de vida, quando vai aumentando, acaba mantendo aquele idoso mais tempo vivendo na sociedade. Só que, na verdade, quando a expectativa de vida aumenta, principalmente em um primeiro momento, é fruto da queda da mortalidade infantil, que era alta no passado. Então, você acaba rejuvenescendo a população no primeiro momento, pois, mais crianças sobrevivem. Agora, é claro, em uma perspectiva individual, quanto mais aumentar a expectativa de vida, mais se envelhece”.

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