Premiação de Nelson Motta na 17ª edição do Grammy Latino é justa

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A Academia Latina de Gravação anunciou hoje que Nelson Motta vai ser laureado na 17ª edição do Grammy Latino com o Prêmio Especial da Junta Diretiva pela contribuição do compositor e produtor musical carioca no campo das gravações fonográficas. O prêmio vai ser entregue ao colunista musical do Jornal da Globo em 18 de novembro, em cerimônia para convidados no Four Seasons Hotel Las Vegas, nos Estados Unidos.
A premiação é justa. Com livre trânsito nos bastidores da música brasileira, Motta soube conciliar, ao longo dos últimos 50 anos, as funções aparentemente incompatíveis de jornalista, compositor e produtor musical, atuando nos dois lados sem perda da credibilidade. Em vez de assumir o papel de implacável crítico musical, Motta preferiu contribuir para a evolução musical dos artistas com os quais trabalhou.
Projetado em escala nacional como compositor há exatos 50 anos quando Saveiros, música que compôs com o tradicionalista Dori Caymmi, venceu sob vaias um festival de 1966, Motta emplacou vários sucessos na carreira de letrista. Com Lulu Santos, compôs nada menos do que canções imortais como o bolero havaiano Como uma onda (Zen-surfismo) (1982) e a balada Certas coisas (1984), entre outros hits dos verões dos anos 1980 como De repente, Califórnia (1981).
Motta é cria da Bossa Nova e da MPB, mas, ao contrário do parceiro inicial Dori, nunca fechou os ouvidos para a música de fora, enriquecendo os sons do Brasil com informações rítmicas do exterior. Na segunda metade da década de 1970, por exemplo, Motta aumentou no Brasil o grau da febre mundial da disco music com a criação das Frenéticas, sendo coautor dos dois maiores sucessos do irreverente grupo feminino – o rock Perigosa (Roberto de Carvalho, Nelson Motta e Rita Lee, 1977) e Dancin’ days (Ruban e Nelson Motta, 1978) – de vida curta.
Antes, no início da década de 1970, já tinha ajudado Elis Regina (1945 – 1982) a atualizar o som, absorvendo influências do soul, nos álbuns …Em pleno verão (1970) e Ela (1971), ambos produzidos por Motta. Mais tarde, na segunda metade da década de 1980, teve participação decisiva no marketing estratégico que transformou Marisa Monte em estrela instantânea da música pop brasileira a partir de janeiro de 1989. Em 1990, tirou a aura brega que já envolvia a discografia de Sandra de Sá na gravadora BMG ao produzir um dos álbuns mais refinados, Sandra!, da carreira da cantora carioca de funk.
Como letrista, verteu com elegância para o português músicas estrangeiras gravadas por cantores exigentes como Djavan, Marina Lima e a própria Marisa Monte. Motta também atuou como executivo da indústria fonográfica. Quando comandou a Warner Music, no início dos anos 1990, contratou o então “incontratável” Tim Maia (1942 – 1998) e lançou pela companhia um disco ao vivo do cantor e compositor carioca que biografou em livro de sucesso que inspirou musical que arrebatou plateias pelo Brasil.
A caminho dos 72 anos, a serem festejados em outubro, Nelson Motta fez muito mais pela música brasileira, geralmente com êxito, embora também não tenha sido imune ao fracasso que aniquilou em 1975 o hoje cultuado disco-show Feiticeira, da imortal atriz-cantora Marília Pêra (1943 – 2015).
Acima de tudo, Nelson Motta foi um jornalista, compositor e produtor musical que soube ser amigo dos cantores com quem trabalhou. Somente por isso já merece a homenagem que lhe vai ser prestada na 17ª edição do Grammy Latino.

Mauro Ferreira

(Crédito da imagem: Nelson Motta e Marisa Monte em foto de divulgação do Canal Brasil)

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