Quatorze pessoas resgatadas no Caribe chegam ao Brasil

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No grupo que desembarcou em Brasília oito brasileiros, um americano, dois venezuelanos e três holandeses

Quatorze pessoas resgatadas no Caribe após a passagem do furacão Irma, sendo oito brasileiros, desembarcaram por volta das 1h35 desta quarta-feira na Base Aérea de Brasília. Elas vieram a bordo de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) que decolou da ilha de St Martin no início da noite, parou em Trinidad e Tobago para abastecer e seguiu rumo a capital federal.São oito brasileiros, dos quais uma criança; um americano, casado com uma brasileira que não estava a bordo; dois venezuelanos, sendo uma criança; e três holandesas, uma casada com brasileiro e as duas filhas (uma criança e uma adolescente) do casal. Os venezuelanos foram resgatados dentro do acordo de assistência consular do Mercosul. Os 11 passageiros que falaram com a imprensa moravam em St Martin. Sobre os outros, o Itamaraty não deu informações.

Em nota no domingo, o Itamaraty informou que 60 brasileiros estavam em ilhas do Caribe na condição de afetados pelo furacão. Destes, 32 estariam em St. Martin, somando-se os lados holandês e francês. No entanto, a comitiva resgatada foi de apenas 14 pessoas. O Itamaraty não sabe quantos brasileiros ainda estão na região caribenha afetada pelo Irma, mas destacou que muitos conseguiram sair por outros meios e dois decidiram ficar no local, apesar de ter espaço no voo da FAB. A Aeronáutica não informou quanto custou a operação de resgate.Nenhum resgatado trazido ao Brasil está ferido. O Irma deixou pelo menos 38 mortos no Caribe e atingiu diretamente vários pontos da região na categoria cinco, a mais alta. Segundo o Itamaraty, a ilha Tortola ainda está sem acesso para pousos de aeronaves. Nas ilhas Turcas e Caicos, o problema foi resolvido. O cenário de destruição foi lembrado com pesar pelos resgatados nesta quarta-feira.

Marido trouxe os dois cachorros

Moradora há quatro anos do lado holandês de St Martin, a brasileira Patrícia Phebo Albuquerque, que é fisioterapeuta, estava ansiosa pela chegada do marido, que é americano, e dos dois cachorros: “eles são o que importa”. Ela, que havia saído da ilha antes do furacão, conta que o apartamento onde moravam ficou completamente destruído, exceto um banheiro, onde o marido passou 18 horas sob escombros.

O local de trabalho, um spa dentro de um hotel, também não resistiu ao Irma. A mudança dos Estados Unidos para a ilha caribenha era uma tentativa de busca por qualidade de vida, diz Patrícia. Os olhos marejam ao dizer que perdeu “tudo”, mas o semblante muda ao avistar a van que trazia o marido.

— Quero agradecer ao Itamaraty por ter colocado meu marido nesse voo, apesar de ele ser americano. Mas isso é diplomacia — elogiou Patrícia.

“Se escutavam um vento, ficavam com medo”

Jennifer da Silva Carvalho é holandesa nascida em Saint Martin, casada há 20 anos com o gaúcho Alexandre da Silva Carvalho, com quem retornou ao Brasil, ao lado das filhas Nikiva, de oito anos, e Ikimari, de 14 anos. Depois de ver casas e prédios ruindo, mortos e desaparecidos, a sensação é de alívio, diz Jennifer. Ela conta que as filhas, bem como o resto da população, continuaram muito assustadas mesmo após o furacão.

— Era uma gritaria à noite inteira até depois do furacão. Se escutavam um vento, ficavam com medo. Nunca aconteceu isso na história da ilha — lamenta.

A holandesa de 40 anos conta que deixou uma das “ilhas mais bonitas do Caribe” numa situação caótica: sem água nem eletricidade. Há pessoas pedindo comida nas ruas, segundo Jennifer. Todo o clima paradisíaco de Saint Martin foi varrido pelo furacão. Agora, a família só pensar em chegar a Porto Alegre, cidade da família de Alexandre, onde se casaram: — Estou muito feliz de estar aqui em Brasil agora.

“Preferi ficar com água no meio da perna a ficar lá em cima”

O mineiro Ricardo Passarelli, chef de cozinha que se mudou há um ano para St. Martin, conta que estava num hotel quando o furacão Irma passou. Ele desceu para um quarto subterrâneo, no nível da areia da praia, para se alojar melhor. Quando percebeu, com o mar revolto, a água começou a entrar pela janela. Teve que optar entre se manter no local ou sair do risco de inundação mas se expondo às intempéries do lado de fora.

— Preferi ficar com água no meio da perna a ficar lá em cima, mas só escutava barulho. Só estando lá para saber o que é.

Passarelli contou que alguns quartos do hotel onde ele estava simplesmente sumiram após serem destruídos. Não há carros na cidade sem ao menos os vidros estarem quebrados. Muitas casas estão no chão, conta. Apesar dos estragos, ele diz ter visto na terça, antes de pegar o voo da FAB rumo ao Brasil, o início da limpeza das ruas. Ao contrário de outros moradores, Passarelli quer estar de volta em breve:

— Onde estava não está faltando água, as coisas estão menos problemáticas. Quero, daqui a 20 dias a um mês, voltar para a ilha.

Depois de oito anos no Caribe, brasileira quer ir embora

Valéria Williams, com a filha de seis anos a tiracolo, desembarcou em Brasília decidida a mudar seus planos. Ela mora há oito anos em Saint Martin, onde foi trabalhar com turismo para brasileiros e hoje é recepcionista em um spa. Sem perspectivas após o furacão, que apesar de não ter arrasado a moradia de Valéria destruiu boa parte da cidade, ela quer sair da ilha. O mais importante, segundo a brasileira de São Paulo, é poder dormir em paz.

— A sensação é de segurança. O pai dela está na Holanda e talvez a gente vá para lá. Mas quero descansar, esperar alguns meses para ver o que fazer — diz Valéria.

Fonte: ORMNews.
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