Plano de Mourão prevê militares no combate a desmatamento até 2022 e ‘mudança doutrinária’ no Ibama

Vice-presidente Hamilton Mourão (Foto: Romério Cunha/Vice-Presidência/19-08-2020) – Vice-presidente comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL). Proposta com as metas para o órgão foi encaminhada ao Ministério da Economia

BRASÍLIA – O plano de metas enviado pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), ao Ministério da Economia, prevê a permanência dos militares em ações de combate a desmatamento na Amazônia até 2022. E também a articulação do governo para aprovação de uma lei que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), pode aumentar a grilagem de terras, e uma “mudança doutrinária” em órgãos como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O plano de metas do CNAL, a que O GLOBO teve acesso, foi enviado por Mourão ao Ministério da Economia no fim de agosto. No documento de oito páginas, não há pedidos de recursos para a execução das ações, apenas uma descrição das atividades que estão em curso e de outras que estão em andamento ou planejadas.

No item que trata da missão da Operação Verde Brasil 2, decretada pelo presidente Jair Bolsonaro neste ano e que autorizou o emprego das Forças Armadas no combate ao desmatamento e a queimadas, o conselho prevê a permanência dos militares nesse tipo de ação até dezembro de 2022.

O documento destaca um “planejamento de emprego para o prosseguimento das ações até dez/2022 (sic), incluindo uma linha de ação com custo reduzido”.

O plano de metas do CNAL, no entanto, não descreve que mecanismos o governo iria dispor para manter os militares no combate a crimes ambientais na Amazônia até lá.

O GLOBO enviou questionamentos sobre o plano de metas à Vice-presidência da República e aos ministérios da Agricultura e Pecuária, Meio Ambiente e Justiça e Segurança Pública. Até o momento, nenhum deles enviou respostas.

Renovação doutrinária de órgãos
Outro ponto previsto no plano de metas de Mourão é uma possível “renovação doutrinária” do Ibama, do ICMBio, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Fundação Nacional do Índio (Funai). Essa ação faz parte das “entregas” da ação que prevê o “fortalecimento os órgãos de combate aos ilícitos ambientais”. O documento não detalha a tal “renovação doutrinária” nos órgãos mencionados. Procurada, a Vice-presidência não explicou como se daria essa “mudança doutrinária”.

A possível mudança é apresentada como meta em meio a críticas de servidores dos órgãos, sobretudo em relação ao Ibama, ICMBio e Funai, que se posicionaram publicamente contra a nomeação de militares com pouca ou nenhuma experiência nessas áreas para cargos de comando. No ICMBio, por exemplo, dos três últimos presidentes, dois são oficiais da PM de São Paulo.

No Ibama, diversos órgãos de comando estão agora sob o comando de militares. A situação se repete, em menor escala, na Funai e no Incra.

Também está prevista no plano de Mourão a articulação do governo para aprovação do projeto de lei nº 2.633/2020, que prevê novos parâmetros para a regularização fundiária na Amazônia. Porém, segundo o MPF, a aprovação apressada do projeto pode incentivar crimes ambientais e a grilagem na Amazônia.

O CNAL foi reativado pelo governo Bolsonaro em janeiro deste ano em meio às crescentes críticas internas e externas em relação à atual política ambiental do país. Desde então, ele é presidido pelo vice-presidente Hamilton Mourão.

Apesar disso, o desmatamento na região continua avançando. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na região aumentou 34% entre agosto de 2019 e julho de 2020 em comparação com o mesmo período dos anos 2018 e 2019.

Na avaliação do secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, as metas apresentadas pelo CNAL são preocupantes. Segundo ele, considerando o avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia, a permanência dos militares na região até 2022 não se justifica.

— Teríamos que saber o motivo pelo qual o governo quer manter os militares lá. Porque, se for para diminuir o desmatamento, não está funcionando. O desmatamento continua em alta no país apesar da ação dos militares. — afirmou Astrini.

Em relação à mudança “doutrinária” prevista em órgãos como o Ibama e ICMBio, Astrini disse que isso precisa ser melhor explicado pelo governo.

— Precisamos saber que doutrina é essa que o governo quer implantar nesses órgãos. Hoje, o que vemos é que a doutrina aplicada ao Ibama e ao ICMBio é a da perda de autonomia, de recursos e de potencial para o combate aos crimes ambientais — afirmou.”

Custo mais alto
Desde maio, os militares estão atuando no combate a ilícitos ambientais na Amazônia como resultado da Operação Verde Brasil 2, uma missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) decretada naquele mês pelo presidente Jair Bolsonaro.

Diferentemente da que foi realizada no ano passado, a operação deste ano colocou o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) sob a coordenação dos militares. A GLO foi prorrogada e tem duração prevista até novembro. Com o fim da missão, as ações de combate a ilícitos ambientais deverão naturalmente voltar ao comando desses dois órgãos.

Na semana passada, a Associação Nacional de Servidores de Meio Ambiente (Ascema) divulgou um dossiê sobre a atual política ambiental do governo Bolsonaro com críticas à chamada “militarização” da Amazônia.

— Vale destacar uma estratégia totalmente equivocada de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que significa submeter os órgãos ambientais de controle às Forças Armadas a um custo altíssimo. Um mês de Garantia da Lei e da Ordem com (a presença) militares equivale a um ano da fiscalização ambiental do Ibama em termos de orçamento — disse o vice-presidente da associação de funcionários do ICMBio, Denis Helena Rivas.

Compra de Satélite
No fim de agosto, O GLOBO revelou que o Ministério da Defesa empenhou pouco mais de R$ 145,3 milhões para a compra de um microssatélite para realizar o monitoramento da devastação da floresta amazônica. A função, no entanto, já é exercida por outro órgão do governo federal, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com especialistas, com tecnologia tão ou mais desenvolvida do que a do novo equipamento.

O ex-diretor do Inpe Ricardo Galvão, exonerado no ano passado, alertou que a aquisição de um microssatélite pela Defesa pode enfraquecer o instituto. Para Alessandra Cardoso, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a compra de um satélite pelo Ministério da Defesa demonstra o avanço da militarização da gestão ambiental do país.

Por:O Globo/
Leandro Prazeres
/ Atualizado em 08/09/2020 – 16:08

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Mourão forma Conselho da Amazônia com 19 militares e sem Ibama e Funai

Bolsonaro assina decreto que cria Conselho Nacional da Amazônia Legal na presença de Mourão e ministros – Reprodução/TV Brasil

O Conselho Nacional da Amazônia passará a funcionar na Vice-Presidência da República do governo Bolsonaro sem a participação de representantes do Ibama e da Funai (Fundação Nacional do Índio), dois órgãos com atuação direta na proteção do meio ambiente e das populações tradicionais da Amazônia.

Terão assento no conselho 15 coronéis, sendo 12 do Exército e três da Aeronáutica, um general, dois majores-brigadeiros e um brigadeiro, além do próprio presidente do órgão, o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), vice-presidente da República.

O Conselho tem por objetivo, segundo o decreto de fevereiro assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, que o transferiu do MMA (Ministério do Meio Ambiente) para a Vice-Presidência, “coordenar e acompanhar a implementação das políticas públicas relacionadas à Amazônia Legal”. Suas competências são amplas e genéricas, como “coordenar e integrar as ações governamentais relacionadas à Amazônia Legal” e “coordenar ações de prevenção, fiscalização e repressão a ilícitos”, hoje uma atribuição do Ibama.

O decreto não estabeleceu nenhum representante de povos indígenas, quilombolas, pescadores ou outras comunidades tradicionais da região.

Os nomes que vão compor as quatro comissões temáticas do órgão foram listados em portaria assinada por Mourão e publicada no “Diário Oficial” desta sexta-feira (17). Além dos 19 militares, há quatro delegados da Polícia Federal, indicados pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública (Sergio Moro). A Funai (Fundação Nacional do Índio) também é órgão vinculado ao ministério de Moro, mas não há nomes de indigenistas especializados no conselho.

Em fevereiro, o decreto de Bolsonaro que retirou o Conselho Nacional da Amazônia do guarda-chuva do MMA, onde estava desde 1995, veio na esteira dos grandes incêndios que atingiram a Amazônia no ano passado e que atraíram a atenção e a reprovação internacionais.

No decreto, Bolsonaro já havia excluído todos os governadores da região amazônica, o que gerou críticas. Ele estabelecia a formação do Conselho, mas não os nomes que comporiam duas quatro comissões, o que só definido agora em portaria assinada por Mourão.

O Ibama é vinculado ao MMA, hoje chefiado pelo ministro Ricardo Salles. Os nomes oriundos do ministério para o Conselho, contudo, são todos de cargos de confiança do próprio MMA. Inclui dois assessores especiais de Salles, Joaquim Álvaro Pereira Leite e Lúcia Helena Amorim de Oliveira, dois secretários, André Pitaguari Germanos e André Luiz Felisberto França, e a diretora de comunicação da secretaria de ecoturismo do ministério, Maria Beatriz Palatinus Milliet, que está no ministério há apenas três meses – foi nomeada para o cargo no MMA em 9 de janeiro último.

A Funai (Fundação Nacional do Índio) é vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Contudo, os nomes que representam o ministério no Conselho são todos da Polícia Federal, os delegados Luiz Carlos Ramos Porto, Joziel Brito de Barros, Thiago Marcantonio Ferreira e Paulo Teixeira de Souza Oliveira.

O ex-presidente da Funai Márcio Santilli, sócio-fundador da organização não governamental ISA (Instituto Socioambiental) disse que a grande participação de militares no Conselho representa “uma concepção tutelar militar de desenvolvimento regional, que já se mostrou insuficiente e ineficaz no passado”.

“Tanto o Conselho quanto as suas comissões são instâncias de articulação interministerial, que excluem órgãos executivos federais, estados, municípios, academia, setor privado, sociedade civil ou movimentos sociais. Parecem destinadas a fazer muitas reuniões e poucas ações efetivas”, disse Santilli.

Ex-presidente do Ibama, Suely Araújo disse que a ausência de representantes do Ibama no Conselho Nacional da Amazônia “é muito preocupante”. “O Ministério do Meio Ambiente optou por designar pessoas que desconhecem os problemas na prática e as dificuldades de operacionalizar políticas públicas na região. Ao que parece, a linha do MMA continua a ser pela inação em termos de política ambiental. É o esperado num governo cuja narrativa desde o início vem estimulando desmatamento e grilagem”, disse a ex-presidente do Ibama.

Rubens Valente
Colunista do UOL
18/04/2020 13h53

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