Entenda estratégia por trás de sequência de anúncios e decretos de Donald Trump em apenas 21 dias de governo
Entenda estratégia por trás de sequência de anúncios e decretos de Donald Trump em apenas 21 dias de governo — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
A velocidade com que o presidente dos Estados Unidos faz os anúncios é proposital. Foi delineada pelo estrategista político Steve Bannon, um dos criadores do trumpismo.
Faixa de Gaza, Groenlândia, Canadá, Canal do Panamá, deportações em massa. Desde a posse de Donald Trump, essa enxurrada de anúncios e de decretos tem sido registrada diariamente pela imprensa no mundo todo. Não é a primeira vez que ele recorre a essa estratégia.
Na primeira vez que pegou em uma caneta depois de tomar posse, há 21 dias, Donald Trump assinou 26 ordens executivas. Tirou os Estados Unidos do Acordo de Paris e da Organização Mundial da Saúde, acabou com subsídios para carros elétricos e mandou militares para a fronteira, congelou contratações federais e perdoou os invasores do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Desde então, todos os dias, Trump faz anúncios sem parar. Muitos sobre assuntos que o presidente não tem poder para resolver. Como por exemplo comprar a Groenlândia, fazer um resort na Faixa de Gaza ou acabar com o direito à cidadania para filhos de imigrantes ilegais ou temporários que nascem nos Estados Unidos.
A velocidade com que o presidente americano faz esses anúncios é proposital. Foi delineada pelo estrategista político Steve Bannon, um dos criadores do trumpismo. Ele que assessorou Trump em sua primeira campanha em 2016 e depois serviu como conselheiro no primeiro mandato de Trump. Bannon responde na Justiça por desviar dinheiro de organizações de direita que ele mesmo comandava e ficou preso por quatro meses em 2024 depois de desobedecer a uma intimação do Congresso e não comparecer às audiências que investigavam a invasão do Capitólio.
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Em uma entrevista à TV americana em 2019, Bannon explica como funciona essa estratégia. Ele diz:
“O partido de oposição é a mídia. Eles são burros e preguiçosos e só conseguem focar em uma coisa de cada vez. O que precisamos fazer é inundar o terreno. Todo dia nós jogamos três coisas diferentes neles. Eles vão morder uma e a gente vai fazer as nossas coisas. Esses caras nunca vão conseguir se recuperar. Mas temos que começar com a mesma velocidade com que uma bala sai do cano de uma arma”.
A estratégia é usada diariamente. Mas a imprensa mundial estava preparada para reagir a ela e tem noticiado não apenas um ato por dia, mas todos os que o presidente americano anunciou desde que assumiu o poder.
Só nas últimas 24 horas, Trump anunciou tarifas para o aço e também um decreto para liberar de novo canudinhos de plástico. Também repetiu que será o dono da Faixa de Gaza. Trump disse que falou com o presidente russo Vladimir Putin, mas não explicou mais nada. Demitiu militares de carreira que comandavam escolas de oficiais e disse que fala sério sobre anexar o Canadá.
E no meio disso tudo, Trump assinou um decreto para acabar com a fiscalização de empresas americanas – na prática, permitindo o pagamento de propina para autoridades de governos estrangeiros.
Para o professor de Direito da instituição Jay College, Dmitriy Shakhnevich, essa estratégia de Trump vai testar os limites do Poder Executivo:
“É como se alguns decretos dissessem: eu posso driblar o Congresso, posso driblar os processos que criam leis. Esses processos não são feitos para criar uma lei por dia, segundo os caprichos do presidente”, afirma o pesquisador.
Enquanto isso, o Partido Democrata tem dificuldade de fazer oposição, de decidir onde vai concentrar os esforços. Com essa estratégia, Trump também confunde a população que não consegue acompanhar e entender o que é verdade e o que não é.
Fonte: Jornal Nacional e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 11/02/2025/15:03:31
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