Campanha arrecada cabelo para vítimas de escalpelamento no Pará
(Foto:Reprodução) – Iniciou neste sábado (21) a Campanha de Arrecadação de Cabelos destinados às vítimas de escalpelamento no Pará.
A ONG Amigos Voluntários do Pará em parceria com o Projeto Compaixão pretende coletar cabelos para confeccionar 100 cachos destinados ao Espaço Acolher da Santa Casa.
A meta da ação é alcançar a quantidade de cabelos necessária em apenas três meses. Os interessados podem entrar em contato com os seguintes números:
(91) 99143-3243 – Picanço Di Araújo
(91) 98038-7812 – Olinda Guedes
Ou irem diretamente no local de arrecadação
Local: ONG Amigos Voluntários do Pará
Endereço: Tv. Barão do triunfo, 553 – Alto – Sacramenta
Senador Lemos e Canal da Pirajá.
Escalpelamento
Muito comum em áreas ribeirinhas e principalmente no interior da região paraense, os acidentes de escalpelamento ocorrem quando o cabelo fica preso ao motor e partes móveis desprotegidas da embarcação, sendo o couro cabeludo arrancado violentamente. A vítima pode perder também partes do rosto e há risco de morte devido à hemorragia que pode ocorrer.
Qual a importância da doação de cabelo?
A doação de cabelos é um dos atos que recuperam a autoestima das vítimas de escalpelamento. (Com informações do O Impacto).
Jornal Folha do Progresso em 23/01/2023/11:53:56
Envie vídeos, fotos e sugestões de pauta para a redação do JFP (JORNAL FOLHA DO PROGRESSO) Telefones: WhatsApp (93) 98404 6835- (93) 98117 7649.
“Informação publicada é informação pública. Porém, para chegar até você, um grupo de pessoas trabalhou para isso. Seja ético. Copiou? Informe a fonte.”
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Pará registra aumento de casos de escalpelamento em 2021
Casos atingem principalmente mulheres no Pará — Foto: TV Liberal/Reprodução
Foram dois casos a mais este ano que em 2020, segundo a Secretaria de Saúde. Marinha lançou campanha que vai até o fim do mês para prevenir registros do acidente.
O Pará registrou aumento de casos de escalpelamento neste ano em comparação a 2020. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), foram 10 casos em 2021 e oito no ano passado.
Para prevenir esses acidentes, a Marinha lançou uma campanha com focos em Belém, Breves e Curralinho, na Ilha do Marajó. Só a corporação atendeu oito das ocorrências deste ano, como mostrou a TV Liberal – veja no vídeo acima.
Correção: O G1 errou ao informar na publicação desta reportagem que foram oito casos de escalpelamento em 2021. O número correto é de 10 casos entre janeiro e 18 de agosto deste ano, conforme a Sespa. A informação foi corrigida às 14h20.
O caso mais recente de escalpelamento no estado foi de uma menina de 7 anos. Segundo a Marinha, a criança se feriu em 8 de agosto na cidade de Juriti, na região do Baixo Amazonas. Ela foi encaminhada para Belém, onde segue internada na Santa Casa. O estado de saúde é estável, mas não há previsão de alta.
O escalpelamento ocorre quando o couro cabeludo é arrancado bruscamente. No Pará, os acidentes afetam mais mulheres de cabelos longos e ocorrem, geralmente, em pequenas embarcações com o eixo descoberto.
Regina Formigosa foi uma das vítimas quando tinha 26 anos. Foi durante um passeio na Ilha do Marajó que os cabelos enroscaram no motor do barco.A dor do acidente seguiu junto com a recuperação, que durou meses.
“Fiquei cinco meses no internada, fiquei debilitada, precisei fazer várias cirurgias. Hoje em dia estou bem. Mas desde então continuo fazendo tratamento”, conta.
Ela atualmente participa da Orvam, um organização não governamental que ajuda as vítimas, inclusive com a confecção de perucas. “A gente tem que servir essas pessoas, pois os acidentes continuam acontecendo”, afirma.
Campanha
Três cidades paraenses são foto de campanha da Marinha contra escalpelamento — Foto: TV Liberal/Reprodução
A Capitania dos Portos deve realizar palestras e ajudar na instalação de proteção nos motores. A intenção, segundo o Almirante Garnier Santos, Comandante da Marinha, é que não haja mais nenhum registro. No ano passado, de janeiro a agosto foram contabilizados cinco casos e oito o ano todo. Um dos anos com mais registros foi 2019, com 12 casos contabilizados.
“Não aceitamos que um único caso aconteça. Então, um caso é muito “, afirmou o comandante.
O Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento é em 28 de agosto e a campanha da Marinha vai até 29 deste mês.
Por G1 PA e TV Liberal
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Escalpelamento ainda é ameaça a meninas e mulheres ribeirinhas
Regina Formigosa de Lima produz perucas para vítimas de escalpamento (Fotos: Thiago Gomes / O Liberal)
De 2018 até o dia 19 de janeiro deste ano, 31 acidentes foram registrados no Estado
Nos rios amazônicos, onde pequenas embarcações são o principal meio de transporte e sobrevivência, acontece um acidente, o escalpelamento.
Suas principais vítimas são crianças e mulheres que têm o couro cabeludo arrancado bruscamente de forma parcial ou total pelo eixo do motor que atravessa o barco.
Além de arrancar violentamente o couro cabeludo e algumas áreas do rosto, o escalpelamento pode deixar cicatrizes e deformações físicas e psicológicas para o resto da vida das vítimas.
Desde 2018 até 19 de janeiro de 2021, já ocorreram 31 casos de escalpelamentos no Pará, com pessoas do sexo feminino, de 3 a 35 anos. Deles, em 2021, ocorreu somente um caso em Breves, com uma adolescente de 15 anos, em meados de janeiro.
Os dados são da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, da Marinha do Brasil, que atua também em Santarém, Oeste paraense. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), a maioria das acidentadas possuem renda familiar menor que um salário mínimo, que hoje vale R$ 1,1 mil.Grande parte das vítimas é de ribeirinhas, que têm no barco seu principal meio de transporte, e oriundas de municípios localizados entre o Arquipélago do Marajó, norte do Estado, e o Oeste do Pará.
Quando tinha 22 anos de idade, Regina Formigosa de Lima foi vítima na terra natal, no rio Atatá, no município de Muaná, na ilha do Marajó, quando voltava para casa.
“Saí para ir em outro lugar próximo da casa dos meus pais. Na volta para casa, por volta das 13h, eu deitei na parte de trás do pequeno barco, joguei meu cabelo e me apoiei. O motor estava em movimento e acho que devido ao tremor do motor meu cabelo varou em uma brecha da tábua e puxou de uma só vez.
Tive meu cabelo e couro cabeludo todo arrancado e perdi as sobrancelhas. Vim pra Belém e fiquei internada cinco meses. Até hoje já fiz duas cirurgias para reparo das sobrancelhas e sete cirurgias de enxerto na cabeça”, conta a vítima, 48 anos.
Ela lembra ainda que o mais difícil foi aceitar a perda dos cabelos, que eram longos, ondulados e castanhos.
“Naquela época a sociedade não falava no assunto. No rio em que eu morava havia uma senhora idosa que foi vítima e usava lenço na cabeça, mas nunca me interessei em saber como aquilo ocorreu.
Se eu tivesse ido atrás saber, talvez não seria mais uma vítima. Aí, aos 25 anos, passei a morar em Belém, onde me envolvi na ONG, participei de cursos e atividades que me ajudaram a superar mais o problema. Acho que superei 90%, porque sempre fica marcado”, afirma Regina Lima.
Municípios com registros de casos no EstadoDo total de 31 casos, somente em 2018 ocorreram sete. As vítimas eram crianças e adolescentes, de 7 a 16 anos. Dois casos foram em Curralinho. Além de Cametá, Melgaço, Muaná, São Sebastião da Boa Vista e Santarém, sendo uma ocorrência em cada.Em 2019, houve 13 vítimas, de 7 a 35 anos.
Em Porto de Moz e São Sebastião da Boa Vista ocorreram dois casos em cada. E também em Anajás, Bagre, Barcarena, Breves, Melgaço, Muaná, Portel, Santa Izabel do Pará, Cachoeira do Arari e Oriximiná, sendo um em cada município.Já em 2020, foram nove pessoas que sofreram escalpelamento no Estado, de 7 a 32 anos. Duas em Portel e um caso em cada município do Afuá, Breves, Chaves, Melgaço, Muaná, Oriximiná e Porto de Moz.
Ainda em 2020, dados da Sespa apontam um caso a mais, ocorrido com uma criança de três anos, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém.
Regina Formigosa sofreu escalpelamento e hoje produz perucas para ela e às outras vítimas (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)
Rede de apoio ajuda a superar traumaHá uma década, muitas dessas vítimas já se organizaram e contam com ajuda de especialistas e umas das outras, para superar o trauma, melhorar a autoestima e vencer ainda outros problemas, como o preconceito social, que dificulta também a inserção no mercado de trabalho.
“A dificuldade maior é o preconceito que ainda existe acompanhado da dificuldade de conseguir trabalho. Pelo fato de sofrerem o acidente, elas ficam com sequelas.
A maioria delas que vão em busca de trabalho, são barradas pela desculpa da empresa de que sempre elas vão ter que estar todo tempo de licença, que não poderão trabalhar por conta das sequelas, enfim. Infelizmente, isso ainda acontece muito”, afirma Darci Lima, presidente da Organização dos Ribeirinhos Vítimas de Acidentes de Motor (Orvam).
A presidente da Organização afirma ainda que muitas delas vão em busca do Benefício de Prestação Continuada (BPC), mas nem todas recebem. “Porque o INSS não tem o escalpelamento como uma deficiência.
Mas só como um acidente. Porém, existe a problemática social de sofrerem preconceitos e de conseguirem emprego. A maioria delas fazem parte do grupo de risco pelas sequelas e são hipertensas”, enfatiza Lima.
A Orvam é uma Organização Não-Governamental (ONG), que existe há dez anos e trabalha com as mulheres vítimas no desenvolvimento de ações que ajudam na autoestima, no empoderamento e combate ao preconceito. A Organização conta hoje com 160 pessoas cadastradas, de 8 a 56 anos, de vários municípios do Pará.
A ONG realiza também campanha para doações de cabelos para confeccionar perucas às vítimas tendo alguns apoiadores. As perucas são confeccionadas por Regina Formigosa de Lima, que produz cerca de oito ao mês com cabelos naturais ou não e de diversas cores e comprimentos.“Eu faço e uso perucas. O cabelo é essencial e faz toda a diferença até para a saúde. Como não posso ter mais, a peruca é algo que me faz sentir melhor, mais bonita.
Minha filha tem o cabelo parecido como o que eu tinha. Estou guardando o cabelo dela para montar uma peruca pra mim, para me sentir um pouco mais como antes”, relata Regina.
Donos de barcos devem se conscientizarNa visão de Darci Lima, os casos ainda ocorrem no Pará, principalmente, pela falta de conscientização dos responsáveis pelas embarcações. “A Marinha do Brasil tem projeto de cobertura de embarcação, a carenagem, e ajuda na prevenção ao doar o produto, mas tem que ter a conscientização dos proprietários das embarcações, dos barcos pequenos.
Sabemos que as embarcações deles servem não somente para o trabalho, mas também para as esposas e filhas irem à igreja, à escola e outros lugares”.Nessas circunstâncias, ela explica como o escalpelamento ocorre. “Sabemos que os barcos são curtos e entra água, e a cultura da maioria das mulheres ribeirinhas é ter cabelo longo.
Devido entrar água no barco, elas acabam se abaixando para retirá-la, e, como o vento é forte, o cabelo amarrado acaba soltando e acontece o acidente. É uma agressão interna e externa à mulher, porque não vai mais crescer cabelo e elas ficam sequeladas para o resto da vida”, lamenta a presidente.
Na outra ponta, a presidente da ONG explica que existe também a falta de segurança às embarcações, que sofrem ataques de “piratas” nos rios – o que leva alguns barqueiros a não instalarem a carenagem, mesmo colocando em risco a vida das mulheres da família.“Já os barqueiros falam que a problemática que eles vivem envolve os piratas dos rios.
Quando eles terminam de utilizar a embarcação, eles retiram o eixo e o motor e guardam, porque à noite, quando os piratas passam eles levam. Se tiver o motor e o eixo, eles roubam e deixam só o barco. Se tiver com a carenagem, eles levam o barco com tudo e eles ficam no prejuízo.
Eles não têm lugar seguro para colocar as embarcações com segurança. Era importante o município ou o estado dar um suporte para eles terem onde guardar a embarcação com segurança”, pontua Lima.
Dessa forma, “alguns barqueiros acabam achando que é melhor não colocar a cobertura e pensam que o escalpelamento nunca vai acontecer. Mas só se conscientizam quando ocorre o acidente com a mãe, esposa e filha.
Contudo, o mais importante é mesmo a conscientização dos barqueiros e, infelizmente, não temos suporte para isso”, reitera a presidente da Orvam.Segup afirma que investe em ações de prevenção e ostensividade para diminuir o número de crimes nos rios do Pará
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) informa que “vem investindo fortemente na aquisição de viaturas aquáticas, a fim de fortalecer, ainda mais, as ações de prevenção e ostensividade nos rios do Pará”.
A Segup ressalta que dobrará a sua capacidade operacional com 60 embarcações que estarão aptas para combater os crimes nas mais diversas regiões do Estado, sendo 15 lanchas novas e 43 revitalizadas com novos motores, após processo de renovação total.
Além de duas novas lanchas blindadas com capacidade de navegação na zona 2 (baía e costa). A primeira lancha blindada do Pará foi entregue no final do ano passado.
Ainda segundo a Segup, operações integradas como a Netuno I e II, realizadas na região do Marajó e Baixo Tocantins, em 2020 e 2021, respectivamente, desarticularam organizações criminosas, já demonstrando redução das ocorrências. Ministra diz que quer erradicar o problemaRecentemente, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) assinaram acordo para desenvolver, em parceria com outras instituições, projetos para protótipos de equipamentos de proteção do motor de embarcações fluviais.
O objetivo é ter dispositivos mais seguros que mitiguem um problema sério na região Norte do país: o escalpelamento de meninas e mulheres das comunidades ribeirinhas.O Inmetro trabalhará junto a instituições como Marinha do Brasil e Universidade Federal do Pará para buscar uma solução para o problema.
“O Inmetro é uma caixa de ferramentas para ajudar o setor produtivo, o governo, a sociedade, as pessoas. Nosso papel é pegar toda a capacidade tecnológica que temos e colocar à disposição para resolver um problema”, afirma o presidente do Instituto, Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior.
A ministra Damares Alves reforçou a importância da união de forças para erradicar o problema. “Eu quero erradicar o escalpelamento no Brasil. Essa é uma meta ousada, mas possível. Não posso admitir uma situação dessa continua dizimando mulheres e meninas o tempo todo no Brasil”, afirma.A parceria prevê estudos e ações para mapeamento das embarcações sem proteção e para o desenvolvimento de protótipos que sejam atrativos à população ribeirinha.
Também serão desenvolvidas campanhas de conscientização para prevenção do escalpelamento por embarcações.ServiçosPara ter acesso gratuito ao projeto de cobertura do motor da embarcação, a carenagem, da Marinha do Brasil, basta ir à Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, na rua Gaspar Viana, 575, no bairro do Reduto, em Belém.
A Orvam está localizada na avenida João Paulo II, 134, entre as ruas Mariana e Coração de Jesus, no bairro Castanheira, em Belém. Na pandemia funciona segunda, quarta e sexta-feira, das 8h às 17h, e sábado, das 8h às 12h.
Por:Cleide Magalhães
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No Dia de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, Pará já registra cinco acidentes em 2020
ONG Orvam ajuda na recuperação da autoestima de ribeirinhos vítimas de escalpelamento no Pará — Foto: Reprodução/Orvam
Acidente comum nos rios da Amazônia, o escalpelamento deixa marcas, físicas e emocionais em centenas de pessoas no estado.
Acidente comum nos rios da Amazônia, o escalpelamento deixa marcas, físicas e emocionais, em centenas de pessoas no Pará. Como forma de conscientizar sobre esse tipo de acidente, a data 28 de agosto foi instituída como o Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Pará (Sespa), já são cinco acidentes este ano, ocorridos nas cidades de Muaná, Afuá, Portel, Ananindeua e Oriximiná. O número aponta diminuição de 61% em relação ao ano anterior.
O escalpelamento ocorre quando o eixo desprotegido do motor de embarcações arranca bruscamente o couro cabelo, o escalpo, de onde origina-se o termo escalpelamento.
No Pará, a capital Belém e as cidades de Breves, Cametá, Muaná, Curralinho e São João da Boa Vista são as que possuem o maior índice de acidentes do tipo, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT).
Segundo dados da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR), 93% dos casos de escalpelamento da região amazônicas têm mulheres como vítimas. Destas, 65% são crianças, 30% adultos e 5% idosos. O índice sinaliza sobre questões culturais que precisam ser repensadas.
No Pará, não há lei que obriga os eixos de motores a terem proteção.
Um pequeno descuido associado à negligência de condutores fez de Ane Almeida uma das vítimas do acidente, quando tinha apenas 15 anos.
“Fui secar a água do barco e na hora que eu me abaixei, meu cabelo estava preso com rabo de cavalo e enrolou no eixo. Tive a perda total do couro cabeludo, parte do rosto e fratura em um dos braços”, relembra.
As marcas deixadas nas vítimas de escalpelamento não são apenas físicos. Segundo a psicóloga Jereuda Guerra, “muitas vítimas desenvolvem síndrome do pânico, de ansiedade, transtorno de angústia em relação ao acidente. O próprio desenvolvimento cognitivo das crianças, a aprendizagem, a memória recente, são afetadas”.
O escalpelamento também perpassa por questões de política pública e de gênero. “Durante décadas só se falou do escalpelamento como uma questão estética e não é. Precisamos olhá-lo como uma questão de política pública, como um acidente de trabalho, e como um acidente de gênero, porque ele atinge mulheres de qualquer idade”, afirma.
No contexto paraense, em que o território é tomado por rios, os cuidados devem ser redobrados. “Os nossos rios são nossas ruas e, como tal, a gente tem que ter cuidado. Da mesma forma que tenho que olhar para os lados para saber se eu posso atravessar uma avenida, tenho que ter cuidados ao entrar numa embarcação, mesmo nas pequenas”, disse a promotora de Justiça Suely Catete.
Orvam e doação de cabelos
A Organização dos Ribeirinhos Vítimas de Acidente de Motor (Orvam) ajuda, desde 2011, a promover a autoestima e identidade de vítimas de escalpelamento, por meio da inserção no mercado de trabalho, cuidados psicológicos, atividades de reintegração social e consultas médicas.
A instituição, sem fins lucrativos, produz e desenvolve perucas, um item único no processo de recuperação da autoestima. As perucas são confeccionadas com cabelos doados, que podem ser tanto naturais, quanto com química ou tingidos.
Para doar, é necessário que o cabelo esteja totalmente seco e limpo, para não correr risco de mofar, e preso a um elástico, para assegurar que os fios não soltem. O corte, de no mínimo 30 cm de comprimento, deve ser feito um dedo acima do elástico.
As doações, tanto de cabelo, quanto de dinheiro e de itens como roupas, sapatos, materiais de higiene pessoal e materiais de limpeza, podem ser feitas na sede da instituição, localizada na avenida João Paulo II, no bairro Castanheira, em Belém.
Medidas Preventivas
O escalpelamento pode ser evitado com uma medida preventiva simples: a proteção adequada de eixos de motores de embarcações. O item, assim como a instalação, é disponibilizado gratuitamente pela Marinha.
Na pele de quem já viveu essa tragédia, Ane Almeida avisa que todo o cuidado é pouco para uma prevenção efetiva. “É prender o cabelo, colocar touca, boné e não se aproximar do motor, porque por qualquer descuido, acaba acontecendo”, ressalta.
Conscientização
Como forma de conscientizar e evitar ocorrências do acidente, o MPT realiza nesta sexta-feira (28) uma série de ações do Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento.
Além de materiais informativos veiculados nas redes sociais do MPT, foi produzido uma edição especial do podcast Prosa do Trabalho sobre o tema.
Em caso de emergência, é possível entrar em contato com o Disque 185.
Violações relacionadas às medidas preventivas ou situações de discriminação no trabalho sofridas pelas vítimas de escalpelamento também podem ser denunciadas pelo aplicativo MPT Pardal ou pelo site
Por G1 PA — Belém
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