Terras indígenas com povos isolados são as mais ameaçadas da Amazônia, aponta estudo do Ipam

Garimpo ilegal na Terra Indígena Kayapó, no estado do Pará, em 2017. — Foto: Felipe Werneck/Ibama

Levantamento feito em parceria com a Coiab também revela que seis entre as 10 TIs que tiveram o maior aumento de desmatamento são territórios com presença de povos isolados.

As Terras Indígenas (TIs) da Amazônia com a presença de povos isolados (que têm pouca ou nenhuma interação com grupos de fora) são as mais ameaçadas do bioma.

A constatação é de um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) em conjunto com a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) ao qual o g1 teve acesso e que será publicado nesta quarta-feira (11).

Foram consideradas como critérios de risco cinco categorias: de cunho jurídico-institucional, desmatamento ilegal, queimadas, grilagem de terras públicas e mineração ilegal.

Entre outros pontos, o estudo mostra que:

Somadas, as TIs com presença de isolados representam 653 km², ou 62% da área de todas as Terras Indígenas do bioma;
6 entre as 10 TIs que tiveram o maior aumento de desmatamento são territórios com presença de povos isolados;
A TI Ituna/Itatá, no Pará, registrou alta de 441% nos focos de calor nos últimos três anos. Essa foi a segunda terra indígena com maior aumento de focos de calor, passando de 74 (2016-2018) para 400 focos (2019-2021);
34% das 44 TIs com presença de povos indígenas isolados não tiveram seus processos de regularização fundiária concluídos;
Doze territórios com povos indígenas isolados estão sob risco “alto” ou “muito alto” (de garimpo, grilagem, desmatamento e queimada), sendo quatro em situação crítica: TI Ituna/Itatá, no Pará; TI Jacareúba/Katawixi, no Amazonas; TI Piripkura, em Mato Grosso; e TI Pirititi, em Roraima.

Grupo da etnia korubo contatado em 2014: Terra Indígena Vale do Javari está entre as que tiveram aumento nos focos de calor — Foto: Funai
Grupo da etnia korubo contatado em 2014: Terra Indígena Vale do Javari está entre as que tiveram aumento nos focos de calor — Foto: Funai

A Amazônia brasileira é o lugar do mundo com a maior concentração de populações indígenas em situação de isolamento. Exigimos que o novo governo federal reverta o legado de destruição deixado pelo anterior, que desmantelou as políticas indigenistas e os nossos direitos
— Élcio Severino da Silva Manchineri, coordenador-executivo da Coiab

O coordenador da Coiab acrescenta ainda que “o movimento indígena está organizado para enfrentar as ameaças aos nossos territórios e à autodeterminação dos povos indígenas, e para defender a vida dos povos isolados”.

Desmatamento

Embora as TIs sejam as terras públicas menos desmatadas historicamente, entre 2019 e 2021, justamente nos primeiros três anos do governo Bolsonaro, as ameaças se consolidaram de maneira expressiva nesses territórios, de acordo com o levantamento.

Nesse período, seis das dez terras com maior aumento no desmatamento no bioma eram de povos isolados: as terras indígenas Ituna/Itatá, Kayapó e Munduruku, no Pará, Yanomami, em Roraima e Amazonas, Piripkura e Parque do Xingu, em Mato Grosso.

No estudo, o Ipam analisou todas as 332 TIs do bioma amazônico, sendo 44 delas com isolados.

Queimadas e grilagem

Tamandua e Baita, sobreviventes do povo Piripkura, em cena do documentário "Piripkura" — Foto: Bruno Jorge/Instituto Socioambiental (ISA)
Tamandua e Baita, sobreviventes do povo Piripkura, em cena do documentário “Piripkura” — Foto: Bruno Jorge/Instituto Socioambiental (ISA)

Ainda de acordo com os dados do estudo, entre as dez mais afetadas por incêndios, a TI Piripkura teve aumento de 54% nos focos de calor entre 2019 e 2021 em relação ao período entre 2016 e 2018.

No mesmo período, o desmatamento foi cerca de 20 vezes maior, colocando o território entre os dez mais desmatados nos últimos três anos.

Além disso, um quinto (22%) da área da TI tem sobreposição com registros de CAR (Cadastro Ambiental Rural), um indicador da invasão e da grilagem de terras.

Criado para combater o desmatamento e regularizar áreas ambientais, esse é um instrumento público de cadastro obrigatório para todas as propriedades rurais. Contudo, como seu preenchimento é autodeclaratório, ele vem sendo utilizado por grileiros, ilegalmente, para emular uma posse.

O avanço do CAR no interior das terras indígenas é o mais preocupante, pois é um atestado de que o crime tem compensado. É uma forma de os criminosos ‘formalizarem’ as invasões. Mas, por lei, essas terras são dos povos indígenas.
— Rafaella Silvestrini, pesquisadora no Ipam

Segundo o Ipam, terras indígenas com isolados no geral têm maior área (10,9%) com sobreposição de cadastros ilegais do que as sem isolados (7,8%), e são a metade dos territórios atingidos pelo garimpo.

As TIs Kayapó e Munduruku, no Pará, Yanomami, em Roraima e Amazonas, e Sawré Muybu, também no Pará, com presença de isolados, são, nessa ordem, as que possuem maior área invadida por garimpeiros.

Cobrança

Diante do cenário, as entidades cobram ações do governo federal. “Hoje, com a tecnologia, temos tudo mapeado. Sabemos exatamente onde os crimes ambientais vem acontecendo. Agora, é o poder público agir, restabelecendo instrumentos de fiscalização já existentes nas políticas ambientais, com responsabilização de infratores”, afirma Silvestrini.

Na sua conclusão, a Nota Técnica do estudo pede a garantia dos direitos fundamentais dos povos indígenas, a proteção dos territórios e a demarcação imediata das terras reivindicadas pelos povos originários.

“É preciso promover incentivos econômicos, fiscais e legais que estimulem a sociobioeconomia no entorno indígena ou não indígena dos territórios com a presença de isolados e, como pilar fundamental para assegurar o controle do desmatamento ilegal, a incidência de fogo e as violações dos direitos humanos dos povos originários e de seus territórios”, diz o texto. (Com informações do Roberto Peixoto, g1).

Jornal Folha do Progresso em 11/01/2023/11:20:15

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Desmatamento na Amazônia cresce quase 57% no governo Bolsonaro, diz Ipam

Desmatamento na Amazônia Legal — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Terras Indígenas tiveram aumento de 150% nas áreas destruídas no último triênio, o que equivale a 1.255 km², aponta estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.

A destruição de áreas de floresta na Amazônia continua apresentando índices alarmantes. No período de agosto de 2018 a julho de 2021, o desmatamento no bioma aumentou 56,6% em relação ao mesmo período em anos anteriores. O Pará segue como o estado que possui as áreas mais críticas de desmatamento desde 2017. O levantamento foi feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), publicado na última quarta-feira (2). (As informações são do g1 PA — Belém)

Para o Ipam, o avanço do desmatamento na Amazônia ficou mais evidente a partir da gestão do presidente Jair Bolsonaro, eleito em 2018, por meio do enfraquecimento de órgãos de fiscalização, falta de punição a crimes ambientais e redução significativa de ações imediatas de combate e controle de atividades ilegais na região.

De acordo com a pesquisa, mais da metade (51%) do desmatamento dos últimos três anos ocorreu em terras públicas. 83% foi em áreas de domínio federal. Parte da devastação se concentra no entorno de duas rodovias federais que atravessam o norte de Mato Grosso e o oeste do Pará.

Dos territórios afetados, as chamadas Florestas Públicas Não Destinadas foram as mais atingidas, considerando a proporção territorial, com alta de 85% na área desmatada, passando de 1.743 km² derrubados anualmente para mais de 3.228 km².

No último ano, essa categoria de floresta pública concentrou um terço de todo o desmatamento no bioma, explicam os pesquisadores.

Em Terras Indígenas (TIs), houve alta de 153%, em média, no desmatamento, o que equivale a uma área de 1.255 km². No mesmo período em anos anteriores, a área era de 496 km². Já o desmatamento em unidades de conservação (UCs) teve aumento proporcional de 63,7%, com 3.595 km² derrubados no último triênio contra 2.195 km² nos três anos anteriores.

“Estamos subindo degraus rápido demais quanto à destruição da Amazônia. Quando olhamos para os números dos últimos três anos, fica claro o retrocesso daquilo que o Brasil foi um dia. Seguimos um caminho totalmente oposto às atitudes que o planeta precisa, com urgência, neste momento”, declara Ane Alencar, diretora de ciência no IPAM e principal autora do estudo.

O estudo alerta que a tendência é que o desmatamento cresça ainda mais caso sejam aprovados projetos de lei que estão em discussão no Congresso e que defendem a regularização de áreas desmatadas e atividade de exploração mineral em Terras Indígenas.

O Ipam recomenda que sejam elaboradas estratégias regionais robustas integradas aos planos estaduais de prevenção e controle do desmatamento. Além disso, os pesquisadores reforçam que é preciso priorizar as investigações sobre crimes ambientais.

Sobre a situação do Pará, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), informa que 70% das áreas estado são de responsabilidade do governo federal e que, em territórios de competência estadual, foram realizadas operações de combate ao avanço do desmatamento.

O g1 procurou o Ministério do Meio Ambiente(MMA), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Secretaria Especial de Comunicação Social do Planalto, mas não obteve retorno.

Leia abaixo a nota na íntegra.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informa que 70% das áreas do Pará são de responsabilidade do Governo Federal. O governo do Pará realizou em 2021 quase 50 operações ambientais em apoio ao Ibama e ICMBio.

Em áreas de sua responsabilidade, foram 19 ações da Operação Amazônia Viva, que reúne Polícias Civil, Militar e Científica, além do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade. Resultados da ação: redução nos índices de desmatamento nas áreas estaduais em 7 dos 12 meses de 2021. Foram 273.488,23 hectares de áreas embargadas; apreensão de 10.079,70 m³ de madeira em tora, 1.935,76m³ de madeira serrada; 6.521 unidades de estaca; 355 motosserras; 130 tratores/carregadeiras/escavadeiras; além da inutilização de 50 tratores/carregadeiras/escavadeiras, 141 Armas de fogo e 660 munições; 229 acampamentos destruídos e 62 garimpos ilegais interditados.

Jornal Folha do Progresso em 04/02/2022/16:35:11

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https://www.folhadoprogresso.com.br/capes-realiza-a-segunda-edicao-do-premio-talento-universitario/