Análise: Brasil aproxima peças para golear, mas vacila na defesa

Em goleada sobre o Haiti, meias atuam mais juntos e fazem companhia a atacante. Zagueiros ficam desguarnecidos após mexidas e chegam a ser envolvidos por rivais

Saída de bola. Jonas recua, Coutinho fecha pelo meio, Elias e Renato Augusto se aproximam. O atacante lança o meia do Liverpool, que é derrubado na entrada da área. Este foi o primeiro lance do Brasil na goleada por 7 a 1 sobre o Haiti. Ali, ficava clara a estratégia que se repetiria ao longo da partida para que a Seleção conseguisse realizar aquilo que Dunga mais cobrou ao longo dos treinos: conclusões de maior qualidade.

A solução encontrada para gerar mais situações de perigo foi aproximar as peças ofensivas. Willian e Coutinho, abertos pelos lados, repetiram a toda hora o movimento em direção ao meio – embora o jogador do Chelsea também tenha aparecido em jogadas de linha de fundo. Assim, ficavam mais perto de Jonas e podiam tabelar com Elias e Renato Augusto. Tudo bem que o frágil Haiti ajudou, com espaços generosos, mas os jogadores brasileiros souberam aproveitar.

Desde antes do jogo contra o Equador, Dunga tem insistido em uma jogada nos treinos. Quer que o atacante recue para fazer o pivô para os jogadores de meio-campo. Ou eles tabelam por ali – o ideal do técnico é que seja com rapidez para superar a defesa – ou abrem o jogo para os lados, onde os laterais vão ocupar a posição deixada pelos pontas.

Falta combinar com os adversários, claro, mas a expectativa é de que o Brasil possa atacar da forma que mostra o campinho ao lado.

– Acho que é importante que as jogadas que nos propomos a fazer no treinamento aconteceram durante o jogo. Quando o jogador faz gol, dá maior confiança para arriscar jogada, chute de meia distância, o que a gente cobrou bastante nos treinamentos – disse Dunga na entrevista coletiva após a partida.

A aproximação dos jogadores funcionou. Jonas, ativo na armação, cumpriu bem este papel – faltou fazer gol. Coutinho, mais solto, marcou seus gols assim: no primeior e no terceiro gols, cortou da esquerda para o meio; no outro, apareceu na área para completar passe de Jonas. O terceiro foi com Renato Augusto aparecendo na área em cruzamento de Daniel Alves. E assim por diante.

Defesa tem dificuldade com menos proteção

O que gerou preocupação foi o posicionamento defensivo da equipe. Contra o Equador, o sistema esteve muito bem ao cortar praticamente todas as tentativas de contra-ataque do rival. Desta vez, as coisas não funcionaram tanto. Os atacantes do Haiti conseguiram envolver os zagueiros em alguns lances individuais, embora tenham finalizado pouco dentro da área.

O que pode explicar isso é a mudança de Dunga no segundo tempo. Com a suspensão de Casemiro para o jogo contra o Peru, o treinador decidiu testar alternativas.

Primeiro, saiu do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1, ao tirar o volante do Real Madrid e colocar Lucas Lima. Sem o homem à frente da defesa, a zaga ficou mais vulnerável às corridas dos atacantes rivais.

Esta é uma questão que Dunga terá para resolver até domingo, quando a Seleção enfrenta o Peru. Ele pode optar por manter o sistema, mas provavelmente terá de usar algum jovem no lugar de Casemiro – Walace e Rodrigo Caio são as alternativas. Se mudar para os já testados 4-4-2 e 4-2-3-1, perderá esta proteção extra à zaga.

Por Alexandre Lozetti e Felipe Schmidt

Orlando, EUA

Publicado por Jornal Folha do Progresso, Fone para contato 93 981151332 (Tim) WhatsApp:-93- 984046835 (Claro)  (093) 35281839  E-mail:folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br




Dunga defende trabalho na CBF e critica mais jogos com a Primeira Liga

Por Alexandre Lozetti e Martín FernandezRio de Janeiro-“Técnicos e táticas: treinando clubes e seleções para o novo futebol mundial”. Esse era o tema das apresentações de Dunga, Antonio Conte, treinador e coordenador da seleção da Itália, e de Levir Culpi, do Fluminense, no primeiro dia da Semana de Evolução do Futebol Brasileiro, organizada pela CBF, nesta segunda-feira O técnico da seleção brasileira deixou de lado a parte tática. Falou de melhorias que a CBF implantou nos últimos meses, como um banco de dados de jogadores do país e a padronização dos gramados, e, desde o início, frisou:

– Não queremos ter razão, queremos ganhar.

Dunga defendeu convicções (pensar como equipe, criatividade individual e coletiva, e competitividade) e valores (profissionalismo, comprometimento e hierarquia com diálogo) que norteiam seu trabalho à frente da Seleção.

Dunga dá palestra no primeiro dia de evento sobre futebol na CBF (Foto: Alexandre Lozetti / GloboEsporte.com)
Dunga dá palestra no primeiro dia de evento sobre futebol na CBF (Foto: Alexandre Lozetti / GloboEsporte.com)

Entre as fraquezas citadas no futebol do país, ele ressaltou o exagero de mudanças de técnicos no Campeonato Brasileiro e usou um exemplo próprio para defender a continuidade dos colegas. Ele comparou a situação da Seleção nas eliminatórias para as Copas de 2010 e agora, em que está na sexta colocação, fora da zona de classificação para o Mundial de 2018.

– Tínhamos o mesmo número de pontos depois das mesmas seis rodadas. Mas aí é que vem a diferença entre saber e conhecer. Muitos sabem, poucos conhecem. Dos 35 jogadores que já levei para disputar essas eliminatórias, só três já tinham jogado: Daniel Alves uns dois ou três jogos, Miranda e Filipe Luís um jogo cada. A gente acha que é tudo a mesma coisa, mas é outra competição – afirmou o treinador.

Dunga também destacou diferenças de distâncias entre o Brasil e países europeus, além do número de estrangeiros e de partidas que se disputa em cada campeonato. Isso para defender que é preciso aceitar ideias do exterior, porém dentro de determinados contextos.

Críticas ao paternalismo na relação com os jogadores também fizeram parte de sua apresentação.

– Tenho que ser pai em casa com meus filhos, aqui tenho de ser profissional, cobrar atitude e respeito. Isso não exclui o contato humano. Tenho que respeitar, tratar bem, entender que o jogador tem problema, mas tratá-los como homens. Eles são homens, têm que tomar decisões, ter atitude e comportamento – definiu.

Por fim, Dunga criticou a inclusão da Primeira Liga, vencida pelo Fluminense na final contra o Atlético-PR, no calendário do futebol brasileiro.

– Nós reclamamos de tudo, eu me incluo nisso. Pedimos férias, pré-temporada, menos partidas. E aí, para minha surpresa, botamos outro campeonato em cima? Onde estão nossas convicções? Não sou contra a liga, mas se debatemos para ter menos partidas, não posso colocar em cima, senão estou dando um tiro no pé. Briguei até hoje para enxugar, agora vou aumentar?

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

Publicado por Folha do Progresso fone para contato Cel. TIM: 93-981151332 / (093) WhatsApp (93) 984046835 (Claro) Fixo: 9335281839 *e-mail para contato: folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br