Transferência de gabinete do ministro Salles ao Pará prejudica fiscalizações, dizem especialistas

Ministro Ricardo Salles transfere gabinete ao Pará para acompanhar operações da Força Nacional — Foto: Reprodução/Twitter

Ambientalistas defendem que operações deveriam ocorrer em sigilo e que transferência ocorre em momento inoportuno ao meio ambiente, com agendamento de votação da lei de licenciamento ambiental.

Ambientalistas criticam a transferência do gabinete do Ministério do Ambiente, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (MMA) e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) ao sudoeste do Pará. A mudança é temporária e deve seguir por 15 dias, acompanhando fiscalizações em Altamira, Uruará, Placas, Rurópolis e Itaituba.

Os especialistas discordam da divulgação das ações de combate ao desmatamento pelo ministro Ricardo Salles, que deveria adotar o sigilo como estratégia.

No Diário Oficial da União de segunda-feira (10), o ministro Ricardo Salles publicou o anúncio de operações conjuntas com a Força Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça. As ações estavam programadas para dois dias depois, nesta quarta (12).

“Ele (Salles) acabou fazendo um anúncio de que ia ter uma operação de fiscalização naquela região e isso acabou por obviamente alertar os criminosos, que tiveram tempo de tomarem as providências para não serem achados pelas autoridades policiais”, afirma Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.

O ministro também vem publicando fotos nas redes sociais em que aparece ao lado de agentes da Força Nacional. Em uma das publicações, ele aparece no entorno da rodovia BR-230, a Transamazônica, área que registra as mais altas taxas de desmatamento na Amazônia.

“Equipe de Força Nacional, Ibama e ICMBio já está aqui na região há mais de uma semana e deve ficar pelo período de quatro meses”, anuncia o ministro.

Os ambientalistas também acreditam que a mudança de gabinete ocorre em momento inoportuno para o meio ambiente.

“Exatamente no mesmo dia que você tem agendado para o congresso votar lei de licenciamento ambiental, que pode abrir portas para ainda mais destruição e desastres ambientais como a gente viu em Brumadinho, o ministro resolve fazer uma excursão na Amazônia”, afirma Astrini.

O porta-voz da Campanha Amazônia do Greepeace, Rômulo Batista, diz que não vê necessidade na transferência de gabinete. “O ministro não tem necessidade de transferir o gabinete dele para um local de operaçã. Vários outros ministros que foram acompanhar operações de campo não fizeram transferências de gabinete, mesmo porque essas operações devem ser feitas sob sigilo”.

A Associação Nacional de Servidores da Carreira de Especialista de Meio Ambiente (Ascema Nacional) também se manifestou em nota divulgada nesta quarta, intitulada “A Lona e o Picadeiro do Ministro do Meio Ambiente”.

Em trechos, a nota afirma que o ministro “desmonta a ação dos especialistas em meio ambiente, inviabilizando a aplicação da legislação ambiental” e classifica a transferência de gabinete como um “circo do ministro armado na mesma semana em que estava programada a etapa final da operação planejada a partir de trabalhos de inteligência dos servidores do ICMBio, iniciados em fevereiro de 2020”.

Em nota, o MMA afirmou que a operação já estava ocorrendo há uma semana, e era de conhecimento de todos os municípios. A nota afirma ainda que “a área total fiscalizada equivale a três vezes o tamanho de Portugal, sendo impossível, portanto, a qualquer infrator, prever onde e quando seriam as ações de fiscalização.

Por G1 PA — Belém

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