Provas apontam esquema de corrupção envolvendo Daniel Santos

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Daniel foi afastado do cargo, mas retornou por decisão liminar | Foto: Pedro Guerreiro / Agência Pará

Segundo o processo, recheado de documentos, o prefeito de Ananindeua liderou teia de corrupção e lavagem de dinheiro com empresas que têm contratos no município. Valor ultrapassa os R$ 30 milhões

Éum processo recheado de documentos. Nele, o Gaeco, o grupo de combate a organizações criminosas do Ministério Público do Pará (MPPA), descreve em detalhes a suposta teia de corrupção e lavagem de dinheiro, que seria comandada pelo prefeito de Ananindeua, Daniel Santos. Segundo o Gaeco, entre 2023 e 2024, empresas que possuem ou possuíram contratos milionários com a Prefeitura pagaram propina ao prefeito: elas ajudaram a quitar os mais de R$ 30 milhões em bens que Daniel comprou.

A lista inclui um avião, que custou R$ 10, 9 milhões, e 3 fazendas, no município de Tomé-Açu, que somam 3.800 hectares (o equivalente a mais de 5.300 campos de futebol), adquiridas por R$ 16 milhões. Mas ainda há uma fazenda de 300 hectares, no município de Aurora do Pará, que custou R$ 1,4 milhão. Além de R$ 870 mil de uma retroescavadeira e quase R$ 1,2 milhão em óleo diesel (ou 220 mil litros a preços de hoje). Os bens foram comprados para a Agropecuária JD, em Tomé-Açu, cujo único dono é Daniel.

As investigações já chegaram a 7 empresas que teriam pagado propina ao prefeito: Edifikka Construtora, DSL Construtora e Incorporadora, R. Souza&Cia, Martins Engenharia, Everest Empreendimentos Imobiliários, Altamed Distribuidora de Medicamentos e JR Participações e Investimentos. Mas na lista de quem ajudou a comprar o avião para ele há outras 13 empresas e pessoas físicas, que também possuiriam contratos com a Prefeitura e que ainda não aparecem nas investigações. Além disso, é preciso apurar a legalidade desses contratos.

Afinal, duas das empresas que teriam pagado propina ganharam R$ 115 milhões em licitações fraudadas: a Edifikka e a DSL, que pertencem ao empresário Danillo da Silva Linhares, vizinho de Daniel em um condomínio de luxo. A suposta quadrilha responsável pelas fraudes foi desbaratada, no ano passado, pelo Gaeco. Dela fariam parte outras duas pessoas próximas ao prefeito: o então secretário de Saneamento, Paulo Roberto Cavalleiro de Macedo, e o ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação (CPL), Manoel Palheta Fernandes.

Além disso, ainda não se sabe o porquê de o Hospital Santa Maria de Ananindeua também ter ajudado a pagar esses bens. Embora o MPPA suspeite que Daniel é sócio oculto do Santa Maria, nos registros da Junta Comercial do Pará (Jucepa) ele deixou o hospital em maio de 2022. Mesmo assim, o Santa Maria pagou mais de R$ 3 milhões, entre 14/12/2022 e 13/02/2023, para ajudar a quitar o avião que Daniel comprou. E ainda pagou R$ 345.230,00, em 29/03/2024, para ajudar na compra da fazenda de Aurora do Pará.

No último dia 5, durante a operação Hades, do Gaeco, Daniel chegou a ser afastado do cargo. Mas obteve uma liminar (uma decisão provisória) do ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e reassumiu a prefeitura. Apesar de reconhecer a “gravidade dos fatos mencionados, o que não se discute, devendo ser objeto de investigação e apuração, como já vem ocorrendo”, o ministro entendeu que não há motivos para o afastamento do prefeito, que não estaria, neste momento, tentando atrapalhar as investigações. Mas o MPPA vai recorrer da decisão.

As empresas, os bens e as propinas

As propinas

Veja quanto as 7 empresas teriam pagado em propinas ao prefeito.

Para a compra do avião:

  • DSL – R$ 1,604 milhão.
  • Everest Empreendimentos – R$ 971 mil
  • Martins Engenharia – R$ 284 mil

Para ajudar na compra das fazendas de Tomé-Açu:

Edifikka – R$ 170 mil

Para ajudar na compra da fazenda de Aurora do Pará:

JR Participações e Investimentos e Altamed Distribuidora de Medicamentos: R$ 300 mil

Diversos bens:

R. Souza&Cia – mais de R$ 2,351 milhões (R$ 300 mil para a compra do avião; quase R$ 1,2 milhão de óleo diesel e R$ 870 mil de uma retroescavadeira, para a Agropecuária JD).

As Fazendas de Tomé-Açu:

Daniel Santos comprou as fazendas, em Tomé-Açu, dos pecuaristas Francisco Eudes Rodrigues e Eliene Almeida. Mas quem negociou as terras foi a filha deles, Bruna Francisco.

As negociações começaram no final de 2019. Mas os dois “contratos de gaveta” só foram assinados em fevereiro de 2020, quando também foram pagos os R$ 8 milhões de entrada (R$ 1,8 milhão em espécie).

Na época, Daniel presidia a Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). O advogado dele na transação foi Hugo Atayde, hoje vice-prefeito de Ananindeua. Parte dos pagamentos foi creditada em contas de empresas indicadas por Bruna.

Alguns desses pagamentos (R$ 170 mil) foram realizados pela empresa Edifikka, do empresário Danillo Linhares, em nome do prefeito. Há prints de conversas entre Bruna, Daniel, Hugo e Danillo.

O Avião

O avião é um Cessna Aircraft, ano 1999, modelo Citation Jet, matrícula PS-FGK. Ele foi comprado em nome da Agropecuária JD, que pertence a Daniel. A venda foi realizada pela Maia Aviation Importação e Exportação, em 15 de dezembro de 2022, por R$ 10,9 milhões.

O sinal foi de R$ 1 milhão. O restante deveria ser quitado em dois dias, mas acabou se estendendo por meses. Os donos da aeronave estranharam que o dinheiro não vinha de Daniel ou da Agropecuária JD, mas das contas de outras pessoas e empresas.

No entanto, o prefeito assinou um documento declarando que aqueles recursos, apesar de transferidos por terceiros, pertenciam à Agropecuária JD. Na relação de 17 nomes estão a R. Souza&Cia, DSL, Martins Engenharia e Everest Empreendimentos.

Fonte: Diário do Pará e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 09/08/2025/11:34:32

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