Mãe vítima de sequestro em Belém conta detalhes das 17h de terror: ‘estava esgotada, com sede, mas tinha que ser forte, pois minha filha ainda estava ali’, diz

Vítima relembra às 17 horas de medo vividas com os filhos –  (Foto:ReproDução G1PA)
Mãe de três filhos, a jovem Ana Júlia de Sousa Brito, de 26 anos, conversou com o g1 Pará nesta quinta (10) sobre os momentos de terror que viveu nas mãos de Yann Carlos Barroso, o sequestrador de 27 anos.
Foram 17 horas de terror que a jovem Ana Júlia de Sousa Brito, de 26 anos, viveu dentro de um carro após ser vítima de um sequestro na noite desta última quarta-feira (8), em Belém. Mãe de três filhos, sendo uma criança de 3 anos, ela conversou com o g1 Pará nesta quinta (10).

Ana Júlia Brito contou detalhes do antes, durante e depois do que passou nas mãos de Yann Carlos Barroso, o sequestrador de 27 anos. Segundo a vítima, tudo começou após a família ter saído de um shopping, na quarta-feira (8).

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“Saí com meus filhos para o shopping porque precisava sacar um dinheiro. Comprei uma pizza para jantarmos com o pai deles, na nossa casa. Pedi um carro por aplicativo e foi na hora que o homem entrou”, diz.

A vítima conta que Yann Barroso estava na frente do carro e que ele ainda sorriu para ela.

  “Pensei que ele queria algum dinheiro ou que ele iria me ajudar a entrar junto com a neném que estava no meu colo. Só que nisso ele já anunciou assim ‘perdeu, perdeu, quero imprensa’”, conta.

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Já dentro do carro, começou uma discussão entre o motorista e o sequestrador, que estava no banco de trás, junto com a mãe e os três filhos.

    “O motorista do aplicativo puxou um facão. O carro ficou parado no mesmo lugar e os dois ficaram discutindo. Para provar que o sequestrador não estava brincando, porque ele estava muito nervoso, ele pegou a faca e apontou para a minha filha de 3 anos e quando fui segurar, me cortei”, afirma.

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Depois disso, o motorista saiu do carro e foi chamar uma viatura da Polícia Militar que estava próxima do carro. Acionada, a PM chega e começa a isolar a área para iniciar as negociações.

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Ana Júlia Brito afirma que sentiu muita angústia, porque era ameaçada a todo o momento. Ela diz que ofereceu para Yann Barroso dinheiro e o próprio celular, mas que ele não queria.

“Ele queria a imprensa. Só a imprensa porque tinha acontecido alguma coisa com ele”, diz.

Por volta das 22h40 a primeira criança foi liberada. Seria o filho mais novo da vítima, de 7 anos de idade.

“Ele falou que ia liberar um e o meu filho mais velho pediu para liberarem o irmão dele ou a irmãzinha. Só que a irmãzinha dele não queria sair. Só se fosse comigo. Ela é muito apegada a mim. Então meu filho mais velho pediu para o irmãozinho dele ir”, afirma.

A mãe, que trabalha como animadora de festas, conta que o sequestrador adiou o quanto pode a liberação das crianças, mas que os policiais foram muito bem na negociação.

O filho mais velho, de 10 anos, foi liberado às 23h20 do dia 8 de março. Mesmo em segurança, ambos os filhos ficaram preocupados e chegaram a perguntar para o sequestrador: “E a mamãe, não vai? Deixa a mamãe ir. Mas ele não deixou”.

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Segundo a vítima, a situação foi ficando mais difícil na madrugada de quinta-feira (9), quando estava só ela e a filha no carro.

    “Ele estava todo tempo me ameaçando e a neném também. Ela falava para ele “’titio, por favor, não faz isso com a mamãe’. Ela chorava”, afirma.

A animadora de festas revela que Yann Barroso disse que chegou a procurar um Centro de Referência da Assistência Social (Cras).

“Ele queria pedir ajuda. Lá no carro ele vivia todo tempo achando que estava sendo perseguido”, conta.

Durante a madrugada de quinta, mãe e filha ficaram sem comer quase nada. Ana Júlia conta que comeram apenas um pedacinho de bolo. “Ele quis botar na nossa boca. Só que é difícil ser comido porque ele tava com a mão suja”.

Com mais de 10 horas de negociação, a vítima conta que estava cansada e com vontade de vomitar.

    “Estava esgotada, com sede. Mas eu tinha que ser forte, pois minha filha ainda estava ali. Eu tinha que ser muito forte. Eu estava passando mal e queria vomitar há horas. Fazia aquela ânsia passando mal só que ele falava pra mim parar de fazer corpo mole”, revela.

Já na manhã de quinta-feira (9), ainda estava a mãe e filha de 3 anos no carro. A vítima afirma que implorou pela liberação da filha.

    “Teve muitas horas que eu pedia muito. Implorava muito para ele deixar a neném, porque o sol estava ficando forte. Ele não deixou ela ficar no meu colo. Ela ficou o tempo todo naquele sol, na cara dela. Estava aquela insolação, abafado, sem nenhum vento”.

Ana Júlia conta que a filha pediu muito por água e alimentação, mas o sequestrador não permitiu. “A minha maior dor foi mais dela, porque ela pegou muito sol e pediu várias vezes água. Ela já estava parecendo que ia desmaiar. E ele não entendia isso”, comenta.

Até que por volta das 10h30, a filha mais nova de Ana Júlia foi liberada. Segundo a mãe, naquele momento ela ficou mais tranquila.

    “Deus é tão bom que na hora eu falei ‘olha o policial aí ele tem um pirulito pra ti’. Parece que Deus pegou ela, carregou e deu uma força para ela ir caminhando nos passinho dela. Naquele momento ela deu uma reanimada mas lá no carro ela estava desmaiando. Quando o policial pegou ela e eu vi aquilo, fiquei tranquila”, destaca.

Restando apenas a vítima e o sequestrador no carro, a situação ficou mais tensa. A vítima diz que Yann Barroso chegou a botar a faca no próprio pescoço, dizendo que se mataria. Porém, ela pediu para ele não fazer isso.

    “Depois ele colocou a faca em mim e disse que agora ia ser a hora. Eu fiquei nervosa, muito, muito nervosa. Disse que meus filhos precisavam de mim, que eles estavam me esperando. Disse que ele ia deixar eles sem mãe, pois eles só tinham a mim. Eles são muito apegados a mim”, conta.

O nervosismo da vítima aumentou quando, por volta das 12h, os policiais se aproximaram do carro. De acordo com ela, os agentes tinham entendido que o sequestrador não ia sair.
“Os policiais estavam se aproximando. Então ele pegou e foi abrindo a porta do carro, devagar. Ele estava o tempo todo segurando meu braço, com a faca. Quando eu vi que ele tirou a faca do meu braço, num instante, rápido, foi muito rápido, empurrei ele, sai correndo e o policial me puxou. E caiu por cima de mim para me proteger”, relata.

Após o resgate, ela foi levada para uma unidade de saúde da Marambaia. “As enfermeiras me deram banho, eu estava muito suja de cocô e também eu estava estava nos meus dias. Estava suja de cocô no braço, nas minhas pernas e na minha roupa”, afirma.
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Já o sequestrador, que estava com o pescoço sangrando no momento do resgate da vítima, foi encaminhado para o hospital.
A mãe fala que a reação ao rever os três filhos, após retornar para a casa, foi enorme.

    “Quando minha filha me viu, ela disse ‘mamãe te amo’. O sentimento de voltar para casa, todos nós juntos, foi de alívio”, diz.

Família de Ana Júlia reunida após o sequestro que durou 17h em Belém. — Foto: Taymã Carneiro/g1 Pará
Família de Ana Júlia reunida após o sequestro que durou 17h em Belém. — Foto: Taymã Carneiro/g1 Pará

Ao refletir sobre tudo o que passou, ela diz que na hora o sentimento era de raiva, porém, atualmente ela, como mãe, entende melhor o que ocorreu.

“Na hora, senti raiva dele. Muita raiva pelo o que eu estava passando e por ele deixar meus filhos passarem por aquilo. Ainda estou com sentimento de raiva, mas eu perdoo porque eu sou mãe. Tem muitas mães por aí também que tem filhos com esse problema dele. A gente se põe no lugar delas. A gente tem que se pôr no lugar dela”, afirma.

Por:Jornal Folha do Progresso em 11/03/2023/08:42:01 com informações do G1PA

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